Blog do Flavio Gomes
F-1

TONS DE SILVER (5)

SÃO PAULO (uma coisa por vez) – “Lovely race”, foi a frase que usei no Tuíter assim que acabou o GP da Inglaterra. Muito gay, obviamente, a coisa mais frufru que escrevi na vida, mas tudo bem. Gostei, mesmo. E não tem importância alguma a delicadeza do que escrevi no Tuíter. Foi uma prova deliciosa, […]

tonsdesilver6SÃO PAULO (uma coisa por vez) – “Lovely race”, foi a frase que usei no Tuíter assim que acabou o GP da Inglaterra. Muito gay, obviamente, a coisa mais frufru que escrevi na vida, mas tudo bem. Gostei, mesmo. E não tem importância alguma a delicadeza do que escrevi no Tuíter. Foi uma prova deliciosa, sim, mas é preciso colocar nos pingos nos is.

A situação dos pneus é inaceitável, insustentável, intragável, intolerável e insuportável. (Sou um dicionário ambulante. Palavras que começam com “i” e terminam com “ável”, sem Google: inolvidável, impagável, improvável, inigualável, até o fim do post lembro de mais alguma.) Especialmente para quem está dentro de um carro de corrida que anda bem rápido. E não dá para ficar se jactando de uma F-1 divertida se o preço para isso pode ser alguém se arrebentando de forma insolúvel (essa não vale, tem de terminar em “ável”).

Falemos dos pneus, então.

Depois do famoso teste de Barcelona com a Mercedes, me parece claro que a intenção da Pirelli não era exatamente ajudar alguma equipe. E, sim, propor alguma solução para algo que já estava ficando perigoso. Que foi proposta. No caso, usar kevlar na construção dos pneus, cuja estreia estava prevista justamente para Silverstone. Mas algumas equipes não toparam. E, aí, foi o que vimos hoje.

Logo depois da corrida, alguns pilotos dispararam críticas muito fortes. Hamilton foi o primeiro. “É uma situação inaceitável. Fizemos o teste para desenvolver os pneus e melhorar essa situação, para essas coisas não acontecerem mais. Mas não fizeram nada. Isso pode levar a acidentes graves. Quando eu estava atrás do safety-car, pensei: só vão fazer alguma coisa quando alguém se machucar.” Pérez foi outro: “Estamos arriscando nossas vidas”. “O que aconteceu é inaceitável”, concordou Massa.

Os três tiveram o mesmo pneu, traseiro esquerdo, dechapado sem aviso prévio. Vergne foi o quarto a sofrer com o mesmo problema. Hülkenberg e Gutierrez tiveram furos, assim como Alonso, que estava na última curva na volta em que faria seu primeiro pit stop quando notou a perda de pressão.

Quando o safety-car foi acionado pela primeira vez para limpar a imensa quantidade de detritos na pista, na volta 16, notei que a FOM colocou no ar várias comunicações de rádio de equipes pedindo aos pilotos para tomarem cuidado com as zebras, que elas estavam causando os furos. Ficou com cara de “vamos livrar a cara da Pirelli”. Pirelli que, insisto, não tem tanta culpa assim. Fez pneus que se desmancham no ar por orientação da FIA e de Bernie, e propôs uma mudança ao perceber que a coisa poderia sair de controle. “A Pirelli ofereceu uma solução para isso, mas ela foi vetada por duas ou três equipes”, falou Adrian Newey agora há pouco. Parece que a Ferrari foi uma delas. A Lotus, outra. Talvez a Force India tenha sido a terceira, não tenho certeza. Só sei que zebra não foi problema. “Corro aqui há 12 anos e as zebras sempre foram adequadas”, disse Alonso, absolvendo o pobre equino listrado.

Agora, quem sabe façam alguma coisa.

Volto daqui a instantes para falar da corrida em si. Vou tomar um café antes.