Blog do Flavio Gomes
F-1

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SÃO PAULO (grande temporada) – Hoje, 7 de novembro, faz 20 anos da última vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1. Foi no GP da Austrália, em Adelaide, a quinta dele naquele campeonato. Foi, também, sua despedida da McLaren. No pódio, Ayrton puxou o campeão Prost para o degrau mais alto. Ali fizeram as pazes. […]

SÃO PAULO (grande temporada) – Hoje, 7 de novembro, faz 20 anos da última vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1. Foi no GP da Austrália, em Adelaide, a quinta dele naquele campeonato. Foi, também, sua despedida da McLaren.

No pódio, Ayrton puxou o campeão Prost para o degrau mais alto. Ali fizeram as pazes. O francês estava deixando as pistas, decisão que havia anunciado antes do GP de Portugal, no Estoril, onde conquistou o tetra por antecipação.

20 anos da última vitória de Senna, 20 anos da última corrida de um tetracampeão. Quando a gente fala de corridas históricas, é disso que se trata. Embora, na época, ninguém tivesse a real noção de que estava testemunhando a história sendo escrita. Afinal, Senna tinha a Williams pela frente, uma possível trajetória vencedora. E Alain ainda não sabia exatamente o que iria fazer da vida, poderia até voltar a correr, tirar outro ano sabático, algo assim — no fim, virou dono de equipe.

Depois dessa vitória, um brasileiro só voltaria a ganhar um GP de novo na metade de 2000, quando Barrichello venceu em Hockenheim. Um jejum e tanto.

Lendo a cobertura que escrevi na “Folha” na edição de 8 de novembro, pincei algumas coisinhas legais, a saber:

– Com a vitória, a McLaren passou a ser a equipe com mais triunfos na história da F-1: 104. Ultrapassou a Ferrari, que vivia um jejum de 50 GPs, desde Jerez/1990.

– A prova teve duas largadas abortadas. Na primeira, Katayama deixou sua Tyrrell morrer. Na segunda, Irvine parou seu Jordan no lugar errado. Com isso, as 81 voltas previstas originalmente caíram para 79.

– No texto de abertura com o relato da prova, escrevi que foi um campeonato “rico em fofocas, mas pobre em competição”, porque Prost já tinha fechado a disputa dois meses antes.

– O pit stop mais rápido daquela prova foi de Schumacher, na Benetton: 4s81. Os de Senna foram feitos pela McLaren em 5s32 e 5s02. Hoje as equipes gastam metade do tempo. Ou menos.

– Ao se defender de Damon Hill e impedir que ele ganhasse a segunda posição, Prost impediu que o companheiro de Williams lutasse pelo vice-campeonato. Senna terminou o Mundial em segundo.

– “Vai haver um vazio no ano que vem”, disse Senna sobre a aposentadoria de Prost, que ele definiu como “o fim de uma era”.

– Com a saída de cena de Prost, pelo segundo ano seguido a F-1 não teria, na temporada seguinte, o campeão vigente correndo e, portanto, um carro levando o número 1. No final de 1992, quem saiu foi Mansell, para a Indy. Assim, a Williams disputou a temporada de 1993 com os números 0 (para Hill) e 2 (para Prost). Em 1994, Hill seria o #0 de novo e Senna, o #2.

– Senna contou que seu momento de maior emoção na despedida da McLaren aconteceu quando Jo Ramirez falou com ele pelo rádio antes da largada. O mexicano lhe passou uma mensagem de adeus. “Eu não consegui me controlar”, disse o piloto, que chorou bastante dentro do carro.

– Só os três primeiros terminaram o GP da Austrália na mesma volta: Senna, Prost e Hill. Alesi, o quarto colocado com a Ferrari, chegou uma volta atrás.

– “Acho que as ações significam mais que palavras”, disse Senna sobre o gesto de puxar Prost para o degrau mais alto do pódio. “Foi uma maneira de desejar a ele tudo de bom no futuro.” Prost sorriu timidamente e agradeceu. “Nós vivemos bons momentos juntos”, disse.

Algum jornal impresso de hoje lembrou a efeméride? Se não, deveria. É uma data importante. O jejum atual do Brasil sem vitórias é longo, já, mais de quatro anos — desde Barrichello em Monza/2009 pela Brawn, se não me falha a memória. Bom momento para se refletir sobre o atual momento do país na F-1.