Blog do Flavio Gomes
F-1

INTERNADAS (29)

SÃO PAULO (já foi melhor, mas poderia ser pior) – Ali no cantinho esquerdo da foto, ao fundo, onde se vê algo que parece uma mochila preta, é uma pia com uma bancada de granito. Ali eu costumo deixar minha bolsa do capacete, a do macacão e a mochila do computador, bem encostada no canto […]

O Box 20, da LF: emprestado paa a Caterham, última colocada de 2013.
O Box 20, da LF: emprestado para a Caterham, última colocada de 2013.

SÃO PAULO (já foi melhor, mas poderia ser pior) – Ali no cantinho esquerdo da foto, ao fundo, onde se vê algo que parece uma mochila preta, é uma pia com uma bancada de granito. Ali eu costumo deixar minha bolsa do capacete, a do macacão e a mochila do computador, bem encostada no canto da parede, para não molhar quando alguém precisa abrir a torneira por algum motivo. Debaixo da bancada ficam outras bolsas e mochilas, depende de quem chega na pista primeiro.

Numa daquelas quatro tomadas espeto o carregador do celular. É nesse cantinho, protegido por uma divisória coberta com um “canvas” azul onde se lê LF Competições e os nomes dos pilotos da nossa equipe, é que me troco, e numa mesa de lata, dessas de bar, às vezes ligo o laptop para escrever umas coisas, postar umas fotos, atualizar o blog quando coincide uma corrida das nossas com a F-1. Acontece, às vezes.

O Box 20, neste fim de semana, foi da Caterham. Todos sabem que é nosso, e emprestamos para a F-1 uma vez por ano. A Caterham terminou a temporada na última posição e por isso merece toda nossa solidariedade. Meianov sabe bem o que é isso.

Dei o passeio de sempre pelos boxes no fim da feira, como sempre faço. É inacreditável que essa zona toda volte para a Europa sem que percam alguma caixa, um pneu, quem sabe até um motor ou um carro inteiro. Não invejo os mecânicos da F-1. O trabalho é muito pesado, não o trampo de mexer nos carros e deixá-los prontos para correr. Duro mesmo é montar e desmontar tudo, 19 vezes por ano, na correria, na pressa para voltar para casa.

Eles têm casa, mas dormem nas suas camas cada vez menos. O aumento do calendário fez com que as equipes tivessem de contratar mais gente, porque nem todos vão a todas as etapas do ano. Ninguém aguenta.

É o lado bom dessa F-1 inchada, afinal. Dá mais emprego, pelo menos. Amanhã cedo não vai ter mais quase nada aqui. Só os restos mortais de mais uma temporada de Fórmula 1, o máximo que o automobilismo consegue produzir. Depois, o Box 20 volta para a gente, para o Meianov, o Karmann-Ghia do Mauro, o Bianco do Peixoto, o Puma do Gulla, o outro Puma do Paulo, nosso carrinhos que, no fundo, no fundo, são os astros da festa.

Já escrevi coisa parecida anos atrás, o box que emprestamos à F-1, na época era o 21, e tinha ficado com a Bridgestone, ou com a Michelin. É tema recorrente, afinal, porque de fato, sempre que termina um GP em Interlagos, dou um pulo no meu box para saber se está tudo no lugar.

A pia continua lá, as tomadas também. É o que temos.

Até a próxima.