SÃO PAULO (nada de novo no front) – Ontem à noite li o blog da minha querida amiga Betise Assumpção um relato muito forte e detalhado sobre os momentos pós-acidente de Senna ainda em Imola — o famoso encontro entre Bernie e Leonardo Senna, a discussão em torno de “head” e “dead” e tudo mais. Salvo engano, foi a primeira vez que a Betise publicou algo sobre o assunto. Claro que tem peso e valor. Muito, muito mesmo.
Na hora entrei em contato com a redação do Grande Prêmio e publicamos um relato.
Como diz nosso texto, Betise confirmou o que, há 20 anos, eu escrevi na “Folha”. Eu e sei lá mais quem. Não sei se só eu sabia dessa história, porque depois que voltei ao Brasil não fiz o que normalmente fazia naqueles tempos: ler os quatro “grandes” (“Folha”, “Estado”, “JB” e “O Globo”) para comparar as coberturas. As edições ficaram empilhadas num canto da sala por meses e um dia joguei tudo fora. Só guardei a “Folha”.
Portanto, longe de mim achar que tenha sido o primeiro e/ou único a fazer o relato do encontro entre Bernie e Leonardo no motorhome da FOCA. O relato da Betise apenas confirma o que eu sabia e escrevi na época, na minha última matéria para a “Folha”. Qe rendeu a seguinte manchete do jornal: “Senna morreu na pista, diz laudo”.
Hoje abro a “Folha” e vejo a manchete das páginas de Esporte: “Senna morreu na pista, diz ex-assessora”.
Se o jornal consultasse seu próprio acervo, mudaria o verbo, certamente. Que Senna morreu na pista, foi a própria “Folha” que disse 20 anos atrás.
A assessora confirmou, 20 anos depois.
“Ah, Gomes, que importância tem isso?”, dirá alguém.
Nenhuma, sei lá. Só que tive a impressão de ter lido notícia velha hoje no jornal. E a certeza de que fiz um trabalho decente para quem pagava meu salário na época.