Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

ELÉTRICAS

SÃO PAULO (curioso) – Lucas di Grassi esteve semana passada lá na FOX para dar uma entrevista. Fizemos um programa inteiro sobre a Fórmula E, que deve ir ao ar nos próximos dias. Eu aviso. A gente vai transmitir as corridas, mas não sei ainda se será ao vivo, ou em VT. Estão estudando lá. […]

mahindrabruno

SÃO PAULO (curioso) – Lucas di Grassi esteve semana passada lá na FOX para dar uma entrevista. Fizemos um programa inteiro sobre a Fórmula E, que deve ir ao ar nos próximos dias. Eu aviso. A gente vai transmitir as corridas, mas não sei ainda se será ao vivo, ou em VT. Estão estudando lá.

Foi muito interessante entender como esses carros funcionam e qual o espírito do campeonato. Tudo vai acontecer num dia só (treinos, classificação e corrida), sempre aos sábados, e apenas em circuitos de rua. O calendário é bem atraente. Tem Mônaco, Londres, Berlim, Miami, Punta del Este, Long Beach, Buenos Aires… O Rio, segundo Lucas, não entrou porque não quis. A organização pagava praticamente tudo, mas parece que houve restrições da Prefeitura. Pena. Não é algo que atrapalhe muito a vida de uma cidade porque acontece, como disse, num único dia.

Os carros são bem complexos. Os pilotos terão de administrar a energia disponível das baterias e não adianta torrar tudo logo de cara, porque quando a bagaça começa a perder força os tempos despencam dramaticamente. Não é coisa de um ou dois segundos, mas cinco ou seis. E o pit stop será sui-generis: troca-se de carro, porque a autonomia deles é essa, meia corrida.

São dez equipes, 20 pilotos, 40 carros. Todos iguais nesta temporada de estreia. Brasileiros confirmados são Lucas e Bruno Senna. Nelsinho está tentando patrocínio para uma das vagas abertas numa equipe chinesa. Tem gente interessante confirmada, como Alguersuari, Heidfeld, Sarrazin, Trulli, Buemi… Andaram treinando hoje em Donington, também, Sato, Pic, Servia e mais algumas figurinhas que perderam espaço na F-1 e na Indy.

O campeonato começa dia 13 de setembro em Pequim. A pré-temporada está encerrada.

Lucas contou que um dos desafios será acertar carro para classificação, com potência plena, e corrida, com a necessidade de gestão da potência para poupar eletricidade. Claro que estou falando de forma genérica. Mas basicamente é isso. Da mesma forma que se trabalha consumo de gasolina hoje na F-1, na F-E o negócio vai ser consumo de energia.

O motor é minúsculo, mas as baterias são enormes. 16 kg para o primeiro, 200 kg para a segunda. O motor é feito pela McLaren, as baterias ficam por conta da Williams, o câmbio é Hewland e a Renault ficou encarregada de integrar todos os sistemas. É uma salada tecnológica, mas só tem gente grande envolvida. Os pneus Michelin têm ranhuras e se parecem com radiais de rua de perfil baixo. Os carros são rápidos e silenciosos. Os pilotos são qualificados. Os traçados, exceto Mônaco, ainda são um mistério.

A coisa cresceu, e em dois anos criou-se uma categoria que aponta caminhos para o futuro, não só das corridas, como da indústria automobilística. A F-1, hoje, não serve muito de laboratório. Aliás, nem deveria mais se preocupar com isso. Poderia se dedicar a ser a mais rápida e sofisticada com a aplicação do que melhor existe em tecnologia disponível para gerar performance, e não inventar coisas muito complicadas que no limite não vão servir para a indústria — reprimindo a pilotagem com essas bobagens atuais de poupar combustível, economizar borracha e outras exigências que só servem para atormentar pilotos de verdade. A missão laboratorial pode ficar para categorias como Endurance, Mundial de Turismo e a própria F-E.

Estou muitíssimo curioso para ver essas corridas. Sem preconceito algum, até porque não adianta ficar se queixando. Mais cedo ou mais tarde, a eletricidade chegaria às pistas. Melhor que seja assim, com algo sólido e ambicioso.