Blog do Flavio Gomes
F-1

PODE E NÃO PODE

SÃO PAULO (vai ser uma zona…) – O GP de Cingapura, neste fim de semana, corre o (bom) risco de ser uma deliciosa bagunça. A determinação da FIA para que apenas amenidades sejam tratadas pelo rádio (como “o que você vai querer jantar hoje, Nico?”, ou “Felipe, o Felipinho pediu para você não esquecer de […]

operadordaferrari
Aparentemente, a Ferrari já contratou especialista em mensagens codificadas para a nova “era do rádio” da F-1

SÃO PAULO (vai ser uma zona…) – O GP de Cingapura, neste fim de semana, corre o (bom) risco de ser uma deliciosa bagunça. A determinação da FIA para que apenas amenidades sejam tratadas pelo rádio (como “o que você vai querer jantar hoje, Nico?”, ou “Felipe, o Felipinho pediu para você não esquecer de comprar o PS4”) pode levar alguns pilotos à loucura. Como eles farão para dirigir sozinhos essas trapizongas tão complicadas?

Eu acho ótimo que a comunicação de rádio seja limitada, como já escrevi outras vezes. Por mim, seriam proibidas. Placas, apenas. E pronto. Isso simplificaria as corridas e os carros (que são excessivamente sofisticados) e deixaria para a sensibilidade do piloto, e não para a capacidade de interpretação de dados de um engenheiro, a tarefa de extrair deles o melhor possível em quase duas horas de prova.

Não sei, porém, se a FIA vai conseguir monitorar tudo. Ainda é meio nebuloso o que pode e o que não pode. Segundo a BBC, a FIA mandou às equipes hoje uma lista do que pode e do que não pode ser dito pelo rádio. A princípio, é o seguinte:

PODE

…informar ao piloto seu tempo de volta e detalhes de tempo em cada setor.
…informar qual o tempo de volta que outro piloto está virando.
…informar a diferença de tempo para um adversário.
…falar “acelera!” e informar com quem o cara está disputando posição.
…avisar sobre furo no pneu.
…informar qual pneu será usado no próximo pit stop.
…informar o número de voltas que um adversário já fez com determinado jogo de pneus e qual composto está usando.
…passar informação sobre algum problema com o carro de um adversário.
…passar informações sobre o safety-car.
…comentar irregularidades cometidas por um adversário.
…combinar regulagens de asa para o próximo pit stop.
…passar informações sobre as condições climáticas e de pista.
…passar informações sobre danos ao carro ou necessidade de abandonar a corrida.
…informar as voltas que faltam para o fim da corrida e dar ordens de equipe.

NÃO PODE

…dizer ao piloto onde ele está ganhando ou perdendo tempo em cada setor.
…orientar sobre ajustes na unidade motriz ou de câmbio.
…passar informações sobre consumo de combustível.
…orientar o piloto sobre ajustes de embreagem, inclusive no procedimento de largada.
…orientar o piloto sobre ajustes de balanço de freio.
…responder a perguntas diretas dos pilotos.
…passar informações sobre pressão de pneus.
…orientar o piloto sobre o uso dos sistemas de acumulação de energia dos motores auxiliares.
…qualquer mensagem que pareça codificada.

Confuso, não? Os responsáveis pelo monitoramento das conversas de rádio vão enlouquecer. Terão todos eles os mesmos critérios? Haverá um tribunal de penas rápidas para casos de desrespeito às determinações? E se o engenheiro de Rosberguinho sugerir para o jantar “a truta, em vez da tilápia”, será que não estará mandando o rapaz jogar mais freio na frente do que atrás?

Olha, vai ser divertido…