Blog do Flavio Gomes
F-1

SCHUMACHER E A GOPRO

SÃO PAULO (devagar, bem devagar) – Tem bem uns três meses que ouvi falar pela primeira vez da possibilidade de as lesões de Schumacher em seu acidente de esqui terem sido provocadas por uma GoPro instalada em seu capacete. Quando essa pessoa, importante, tocou no assunto, havia testemunhas, inclusive. Éramos seis na sala, três homens e […]

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SÃO PAULO (devagar, bem devagar) – Tem bem uns três meses que ouvi falar pela primeira vez da possibilidade de as lesões de Schumacher em seu acidente de esqui terem sido provocadas por uma GoPro instalada em seu capacete. Quando essa pessoa, importante, tocou no assunto, havia testemunhas, inclusive. Éramos seis na sala, três homens e três mulheres.

Não escrevi nada sobre isso por razões muito simples. Primeiro, não tinha como provar — embora, repito, a fonte fosse alguém muito confiável e importante. Certas informações a gente precisa cruzar com várias outras fontes, pela dimensão que podem assumir, e não encontrei mais nenhuma evidência que me desse alguma segurança.

Depois, era apenas uma possibilidade em meio a tantas, num cenário até hoje muito mal descrito e explicado — a saber, as reais circunstâncias e a dinâmica do acidente no final do ano passado nos Alpes Franceses.

Por fim, se isso de fato tivesse acontecido, seria de bom tom que as autoridades que investigaram o tombo de Schumacher tivessem ao menos mencionado a possibilidade de uma câmera num capacete causar ferimentos em caso de queda. Seria um serviço muito útil não só para quem usa, como para quem fabrica esse tipo de equipamento.

Capacetes de esqui não são tão resistentes quanto os de corrida, como se sabe. Assim como os de bicicleta são dimensionados para quedas que nada têm a ver com uma batida de F-1 ou um tombo de motocicleta. O que se especula é que a base da GoPro poderia ter rachado o capacete e ferido a cabeça de Schumacher.

E quem especula? Do quê você está falando, Gomes?

Estou falando da primeira versão tornadas pública, ainda que no campo especulativo, sobre a possibilidade de Michael ter sido atingido pela minicâmera que virou coqueluche no mundo há alguns anos. E como ela motivou uma resposta da GoPro, achei que era hora de trazer o assunto à tona — uma vez que a própria empresa teve de se manifestar.

Quem falou sobre isso abertamente pela primeira vez foi meu amigo Jean-Louis Moncet, do Canal + e da “Auto Plus”. Ele disse à rádio Europe 1 no último fim de semana que a problema de Schumacher não foi a pancada numa pedra, mas sim a montagem da GoPro, que teria atingido sua cabeça violentamente.

Aqui se faz necessário um adendo: ao contrário do que tem sido divulgado por aí, Moncet NÃO DISSE que quem contou a ele sobre essa história da GoPro foi Mick, o filho kartista de Schumacher. Ele apenas relatou que viu o menino numa prova de kart, mas nem conversaram.

O fato é que por conta das notícias veiculadas desde o fim de semana as ações da GoPro na Nasdaq caíram 9,8%. Outras empresas que fabricam minicâmeras do gênero também despencaram na bolsa. A ponto de um porta-voz da GoPro, Jeff Brown, enviar um e-mail à “Reuters” para explicar que a companhia está “buscando mais informações sobre as declarações originais de Jean-Louis Moncet”.

É bom ir com calma nesse tema, antes de sair afirmando que uma GoPro é capaz de rachar a cabeça de alguém e que foi ela que arrebentou Schumacher. Se você, por exemplo, estiver andando de bicicleta com seus óculos escuros pendurados na camiseta e tomar um tombo esquisito, a haste dos óculos pode furar sua jugular — sempre penso nisso. Dia desses um rapaz colocou uma taça de champanhe no bolso da calça num casamento, tropeçou, caiu e a taça furou sua veia femoral. O rapaz, que era o noivo, inclusive, morreu. Isso não quer dizer que ninguém mais deve tomar champanhe em casamentos. Nem que não se deve colocar os óculos pendurados na camiseta quando andar de bicicleta. Nem que a GoPro deve ser proibida em todo o planeta até o fim dos tempos.

Se aconteceu, mesmo, quer dizer apenas que a vida é muito perigosa e você pode se estrepar por qualquer motivo. Seja ele um par de óculos, uma taça de champanhe ou uma câmera no capacete.