Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

VAI PEGAR

SÃO PAULO (e rápido) – Gosto de ouvir a voz das ruas sobre certos assuntos, e em geral ela vale mais para mim que qualquer pesquisa feita com métodos científicos e princípios estatísticos. Por isso, arrisco dizer que essa Fórmula E vai pegar. E não vai demorar muito. Fizemos na Fox a etapa de Buenos […]

FIA Formula E, 4th race, Buenos Aires

SÃO PAULO (e rápido) – Gosto de ouvir a voz das ruas sobre certos assuntos, e em geral ela vale mais para mim que qualquer pesquisa feita com métodos científicos e princípios estatísticos. Por isso, arrisco dizer que essa Fórmula E vai pegar. E não vai demorar muito.

Fizemos na Fox a etapa de Buenos Aires sábado passado, eu Felippe Motta e Thiago Alves. A Fox tem os direitos sobre a categoria, é parceira mundial.

Foi a quarta corrida do ano e a segunda transmissão que fiz (nas provas da China e do Uruguai, estava viajando). A repercussão nas redes sociais foi muito grande. E só elogios, especialmente pelo final eletrizante, com o perdão da palavra.

Nas últimas voltas dessas corridas, os pilotos ligam o “foda-se” e vão para o tudo ou nada. Como é uma categoria jovem, sem pressão por resultados ou por somar pontinhos que podem resultar em milhões de dólares de verba no ano seguinte, como na F-1, a disposição por assumir riscos é bem maior.

Foi assim nas últimas três voltas da corrida de Buenos Aires, num cenário lindíssimo — que é um dos atrativos da E. Neguinho partiu para o tudo ou nada e ninguém sabia o que iria acontecer nas primeiras posições. Batidas, ultrapassagens forçadas, toques, freadas retardadas, aconteceu de tudo. E do nada emergiu António Félix da Costa, português que foi preterido pela Red Bull para a F-1, para se tornar o quarto vencedor diferente no ano.

Nicolas Prost foi o segundo e Nelsinho Piquet, o terceiro. Notaram? Um Prost e um Piquet no pódio. A última vez que isso aconteceu foi no GP dos EUA de 1991 (que, na transmissão, eu disse que foi aquele do Alesi brigando com o Senna; errei, aquilo foi em 1990). Na ocasião, Alain foi o segundo e Nelsão, o terceiro. Com Ayrton em primeiro…

Senna, Prost e Piquet são sobrenomes que estão na Fórmula E, o que tem algum significado: outra geração, outra era. Claro que os filhos e sobrinho nem de longe se assemelham aos seus pais, gênios da raça. Mas fazem seu papel sem maiores dramas, com entusiasmo e dedicação. Bruno, que largou na última fila na Argentina, terminou em quinto.

Lucas di Grassi (foto) bateu, mas continua líder. O piloto teve uma quebra de suspensão parecida com a de Chandhok,companheiro do primeiro-sobrinho na Mahindra. Buemi também quebrou uma suspensão. É algo que a categoria precisa rever, especialmente porque as zebras aparafusadas no asfalto, muito usadas em circuitos de rua, são altas demais.

O Grande Prêmio abraçou a Fórmula E também, abrindo uma área só para ela na homepage do site. O noticiário da corrida de sábado está todo lá. O fato de 11 ex-pilotos de F-1 terem largado em Buenos Aires mostra que a categoria está seduzindo gente muito boa — outro atrativo, ao lado das pistas de rua em cidades lindas e da tecnologia, que é o maior barato.

A corrida de abertura, em Pequim, não foi boa. Putrajaya já foi divertida, e Punta del Este, mais ainda. Buenos Aires chamou a atenção das pessoas. Ouvi muita gente elogiando a F-E, as disputas, os toques, a bagunça do final. “Isso é corrida, não aquela chatice da F-1!”, escutei de pessoas aqui e ali, na padaria e no botequim.

Quem diria… Mas é ótimo. Ótimo para a F-1 começar a repensar seu formato urgente.