SÃO PAULO (que frio é esse?) – Bom, gosto das irrelevâncias. Assim, para mim, o mais importante do dia na Áustria foi Massa quase atropelando Arrivabene no pit-lane. O chefe da Ferrari estava voltando da mureta para os boxes, não olhou para o lado e Felipe, que vinha saindo de sua garagem, teve de dar uma freada forte. Virou zoeira na internet e o vídeo está no link. Foi divertido. Os dois se encontraram depois e deram boas risadas. A Williams, no Twitter, brincou dizendo que o teste dos freios foi bem-sucedido.
Dois pilotos já começaram o fim de semana no preju, Alonso e Ricciardo, por trocas de motores e componentes satélites. No caso de Fernandinho, a McLaren trocou tudo um monte de vezes, estourou o limite e ele perderá 20 posições no grid. Por isso, precisa fazer a pole para largar depois do último. Como não é possível — nem fazer a pole, nem largar depois do último –, El Fodón de la Punición deverá largar para a corrida meia hora depois de seu início. Ou, então, partir a pé do hotel quando as luzes vermelhas se apagarem para pegar o carro no box. Ou, ainda, cumprir um drive-through nas primeiras voltas da prova, que é o mais provável.
Alonso, já recuperado daquele acidente de Barcelona no início do ano que o deixou meio zureta, deu uma declaração curiosa sobre a punição. “Aqui é assim. Qualquer coisa, punem a gente. Tiram mando de campo, suspendem. Se fosse em Itaquera, vocês acham que iam punir? Lá, se cai um balão é pênalti. Mas quando é a gente, a Arrows, a Life, a Copersucar, os caras vêm e nos prejudicam. Neguinho troca um monte de coisa nos carros e ninguém faz nada. Olha a Ferrari. Trocou os quatro pneus do Lauda hoje, eu vi. Trocar pneu pode. Motor não pode. Qual a lógica disso? Certa está a Lídia Brondi, que largou tudo.” O raciocínio pareceu um pouco confuso para os jornalistas, mas os espanhóis acharam que fazia todo sentido e já deram um Google para descobrir quem é Lídia Brondi.
Já Ricardão perde dez posições no grid, e pelo andar da carruagem rubrotaurina, deve partir da última fila.
Aqui, um parêntese longo. Didi Mateschitz, o dono da Red Bull,
soltou o verbo. Com seu time virando coadjuvante, o rei das latinhas atribuiu à Renault o fim da motivação, diversão e prazer de sua equipe. Ameaçou tirar o time de campo, literalmente. Para ele, andar com motor comprado, nesta
F-1 de unidades de força estapafúrdias, simplesmente elimina qualquer chance de quem não tem apoio oficial de fábrica. Não sei não… A ira tem sido tamanha nas declarações de gente graúda da Red Bull que a impressão que tenho é que em breve os caras vão se pirulitar. Têm suas razões, o regulamento atual é muito restritivo para permitir uma reação rápida de quem não anda bem das pernas. Por outro lado, muita gente avalia essa choradeira como papo de mau perdedor. Seja como for, a tensão é visível nas hostes energéticas.
O primeiro dia de treinos para o GP da Áustria teve algumas surpresas, não se pode negar. Aliás, como no ano passado — lembremos que foi a única prova do ano em que a Mercedes não conseguiu a pole, que ficou com Massa. Desta vez, Vettel foi o mais rápido, com Rosberguinho colado nele. As diferenças de tempo em Zeltweg são minúsculas, porque a pista é curtinha (só ganha de Mônaco e Interlagos em extensão) e rápida. Por isso, é preciso enxaixar uma volta realmente perfeita para se colocar bem no grid. Qualquer pentelhésimo pode significar três ou quatro posições para trás.
A Ferrari está bem, e o terceiro lugar de Raikkonen prova isso. Maldonado em quarto foi o responsável pelo “oooooh” do dia. A Williams, em compensação, ficou para trás e ainda não se encontrou. Bottas foi o 14° e Massa, o 15°. Felipe II, em nono, andou bem — no primeiro treino, também.
Por conta dessas características do circuito tirolês, desconfio que amanhã teremos o treino de classificação mais apertado do ano. Assim, acordem cedo e aproveitem para ver alguma disputa. Têm sido raras nesta temporada, e serão até o fim do campeonato.
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