Blog do Flavio Gomes
F-1

TEMPOS INCRÍVEIS (2)

SÃO PAULO (furiosa) – Ela já esteve aqui em 2007, num post modesto. Acabamos falando pouco de um dos projetos mais legais da história do automóvel: a Renault Espace F1. De um tempo em que as montadoras e as equipes de F-1 se davam o luxo de dar uma zoada com todo mundo se preocupar […]

SÃO PAULO (furiosa) – Ela já esteve aqui em 2007, num post modesto. Acabamos falando pouco de um dos projetos mais legais da história do automóvel: a Renault Espace F1. De um tempo em que as montadoras e as equipes de F-1 se davam o luxo de dar uma zoada com todo mundo se preocupar muito com a conta. Nenhum board discutia os custos. Nenhum nerd do setor de finanças fazia carinha de nojo. Nenhum CEO pedia planilhas, business plan e estudo de branding e impacto nas redes sociais.

[bannergoogle] A Espace era uma van careta da Renault, lançada em 1984 e reestilizada em 1991. A fábrica fornecia motores à Williams no início dos anos 90 e enfileirava vitórias e títulos. Aí alguém teve a ideia de “vestir” um F-1 com a carroceria do furgão urbano.

Assim nasceu a Renault Espace F1, exemplar único que de vez em quando aparece em grandes eventos de carros antigos e, no resto do tempo, repousa no museu da Matra na França. Matra, Williams e Renault. Ô turma boa…

E foi um grande barato. Debaixo daquele pão de forma, localizado entre-eixos, espetaram um monstruoso motor V10 com mais de 800 hp, o mesmo dos carros da Williams, com câmbio semiautomático de F-1. Passava dos 300 km/h. De 0 a 200, em 6s9. O vídeo abaixo, enviado pelo apaixonado Ricardo Divila, é de um de seus primeiros testes, conduzido por um velho piloto de rali da Renault, Jean Ragnotti.

Eu nunca tinha visto. Notem a simplicidade de tudo, pista, equipamentos, uniformes, gente. E a alegria da turma que colocou esse troço para andar. Depois, nos anos seguintes, quem mais se divertiu ao volante da Espace F1 foi Alain Prost, levando jornalistas para vomitar quando terminava o passeio. Hoje, seria processado.

É preciso que se diga que a ideia não era propriamente inédita. No início dos anos 70, uns doidos enfiaram um motor de carro de corrida numa Ford Transit, o furgão de maior sucesso da história do oval azul. Essa maluquice, e a que Renault e Williams fizeram em 1994, é impossível nos dias atuais. Alguém imagina a Mercedes colocando sua sofisticadíssima unidade de força debaixo da carcaça de alguma van? Nem van a Mercedes tem… Hoje é tudo SUV. E a Ferrari? Faria uma brincadeira dessas naquele treco horrível que era da Chrysler, virou Fiat e se chamava, ou chama, sei lá, Freemont?

Esqueçam. Como sempre digo, o mundo antes era mais divertido. E nem faz tanto tempo assim.