SÃO PAULO (chatice, seu nome é mundo) – OK, tradição é legal, deve ser respeitada, se bobear até estimulada e alimentada, mas às vezes acontece um mal-entendido. E um convidado especial aparece num evento vestindo a roupa “errada”, assim mesmo, entre aspas. Ou não leu direito o convite, ou estava a fim de se vestir de outro jeito, ou sei lá o quê. Não importa. Só não vale mandar o sujeito de volta para casa por causa disso. Aí é indelicadeza.
Foi o que sucedeu a Lewis Hamilton, que foi à final de Wimbledon para ver o jogo no camarote da família real, e acabou barrado na porta porque não estava de terno e gravata, nem sapatos. Mas também não estava vestido de coelhinho da Páscoa, nem chegou de chinelo de dedos e calção de surfista. Molhado. Estava apenas com outra roupa — muito elegante, inclusive.
Óbvio que essa situação poderia ter sido contornada de outra forma, de um jeito bem mais simpático. Era só deixar o bicampeão do mundo entrar — seria uma atração, e tenho certeza que todos os convidados adorariam sua presença — e, semana que vem, mandar flores para ele com uma linda gravata, o cartão do alfaiate real e um vale-sapato, com um bilhete bem-humorado assinado pela própria rainha: “Lewis, não deixe de vir no próximo ano, mas NÃO ESQUEÇA DE OLHAR O CONVITE DIREITO, meu rapaz! Foi um prazer recebê-lo, espero que tenha gostado do jogo e que não leve a brincadeira a mal… Mas é que Charles reparou e já avisou que quer vir de bermuda no ano que vem”. Algo assim, bem britânico, ninguém ficaria sabendo, e toca o barco.
Situações excepcionais se resolvem com medidas excepcionais, é o que digo sempre. Barrar o convidado por causa de uma bobagem como essa só mostra como o mundo é idiota lá no topo da pirâmide.
