Blog do Flavio Gomes
F-1

LEWIS & AYRTON

SÃO PAULO (e daí?) – Se vencer o GP de Cingapura domingo, Hamilton iguala, com o mesmo número de GPs, as mesmas 41 vitórias de seu grande ídolo, Ayrton Senna. Nem ele parece acreditar. Mas é melhor começar a se acostumar com a ideia, porque no final do ano, ao conquistar seu terceiro título mundial, […]

SÃO PAULO (e daí?) – Se vencer o GP de Cingapura domingo, Hamilton iguala, com o mesmo número de GPs, as mesmas 41 vitórias de seu grande ídolo, Ayrton Senna. Nem ele parece acreditar. Mas é melhor começar a se acostumar com a ideia, porque no final do ano, ao conquistar seu terceiro título mundial, terá concluído um período de sua carreira muito parecido com a trajetória do brasileiro. A diferença maior é que Lewis entrou na F-1 por uma porta muito interessante, a McLaren. Ayrton começou em time pequeno, a Toleman. E, na prática, ainda teve três anos numa equipe que já não tinha mais o tamanho que sempre tivera, a Lotus, enquanto o inglês, até agora, passou a vida em grandes organizações.

[bannergoogle] Senna e Hamilton enfrentaram hegemonias de rivais — Williams e Red Bull, respectivamente –, o que puxou para baixo suas médias em relação aos períodos em que tiveram carros dominantes nas mãos. Mas Lewis topou um desafio e tanto ao deixar as asas de quem sempre cuidou dele para se arriscar na Mercedes, em 2013, enquanto Ayrton sempre optou pela segurança de ter o melhor carro indiscutivelmente — e por isso se esforçou tanto para correr na Williams.

Podem ser comparados? Óbvio que sim. Guardadas todas as ressalvas pertinentes quando se olha para épocas muito diferentes, é tão justo dizer que Hamilton se equipara a Senna quanto afirmar que Senna era melhor do que, por exemplo, Button — para citar um campeão mundial em atividade. Ninguém nega a segunda afirmação, nega? Por que, então, usar o velho argumento “não se podem comparar épocas diferentes” quando se trata de trazer para junto de Senna algum outro piloto?

O mesmo vale para Vettel, claro, e não valerá para Alonso porque, provavelmente, o espanhol vai encerrar a carreira sem mais títulos e com raríssimas vitórias — eu arriscaria dizer que não vai voltar a ganhar, porque não vejo horizonte de curto prazo para a McLaren nessa parceria com a Honda.

Hamilton acumula números impressionantes porque é um piloto impressionante. Como aconteceu nos últimos anos, vimos correr alguns dos melhores da história e devemos ser gratos ao destino por isso. Depois que Senna morreu, surgiram nomes, em sequência, como Schumacher, Vettel e Hamilton. Eles vão inscrever seus nomes nos anais da categoria para sempre. Com alguma boa vontade, podemos incluir Alonso nessa turma. Na lista dos seis maiores vencedores de todos os tempos, três seguem em atividade — para constar, Schumacher (91), Prost (51), Senna e Vettel (41), Hamilton (40) e Alonso (32) forma essa relação. Não dá para reclamar. Os tempos já foram melhores? Sim — em tudo, creio. Mas os tempos de hoje também são bons, em algumas coisas.

E pergunto a vocês: Hamilton já pode ser colocado no mesmo patamar histórico e técnico que seu maior inspirador?