Blog do Flavio Gomes
F-1

FICOU DIFÍCIL

SÃO PAULO (mas ainda tem chance) – O Banco do Brasil oficializou sua saída da F-1 ao informar que o contrato de patrocínio com a Sauber não será renovado. A “Folha” havia antecipado a decisão alguns dias atrás. Assim, Felipe Nasr está à deriva do ponto de vista financeiro. Sua continuidade na categoria depende 1) […]

SÃO PAULO (mas ainda tem chance) – O Banco do Brasil oficializou sua saída da F-1 ao informar que o contrato de patrocínio com a Sauber não será renovado. A “Folha” havia antecipado a decisão alguns dias atrás.

Assim, Felipe Nasr está à deriva do ponto de vista financeiro. Sua continuidade na categoria depende 1) do interesse desinteressado da Sauber ou da Manor ou 2) de arrumar dinheiro para levar a uma dessas equipes.

É bastante complicado. O BB era parceiro de Nasr havia bastante tempo — as relações da família, que é de Brasília, com a cúpula do banco sempre ajudaram. O problema é conseguir grana no mercado nacional. Quem, hoje, se interessaria em colocar uns 10 milhões de euros num piloto que correr em equipe pequena?

Felipe conta com os dois pontos que fez em Interlagos para convencer a Sauber a ficar com ele. Eles representam uma boa verba para o ano que vem, algo em torno de US$ 13,5 milhões em premiação pela colocação no campeonato. Mas essa receita virá com ou sem ele. Achar que o time suíço vai renovar seu contrato por gratidão parece otimismo demais. Há pilotos na fila, e todos acenam com dinheiro graúdo para ficar com a vaga. A lista tem Gutiérrez, Wehrlein (apoiado pela Mercedes) e Haryanto.

[bannergoogle]Quanto à parceria com o banco, creio que ela nunca foi lá muito aproveitada pelo patrocinador. O vídeo abaixo mostra isso. Bem feitinho, realizado em outubro do ano passado, colocou Nasr disfarçado de bancário numa agência do BB em Brasília, sua cidade. Como se nota, ninguém o identificou de cara — ainda que ele já tivesse cumprido praticamente uma temporada inteira. É quase uma anti-propaganda. Um diretor de marketing que assistisse a esse filmete como se ele fosse um teste de popularidade não recomendaria o patrocínio. No canal do Banco do Brasil no YouTube, contei 11 vídeos com Felipe. No total, até as 17h30 de hoje, eles tinham, juntos, 21.698 visualizações. Esse número, para padrões de internet, é quase zero. Nasr tem menos seguidores no Twitter do que eu.

E por que ninguém sabia quem era Nasr na pegadinha da agência bancária? Porque a F-1 está em baixa, porque o brasileiro médio não segue a categoria, porque automobilismo não é popular, porque aqui só interessa quem consegue fazer tocar vinhetinha ufanista na Globo, ou quem participa de reality show, ou do “Domingão do Faustão”. É uma realidade. E um problema para atletas de várias modalidades. Digo sempre: larguem Nasr na avenida Paulista, ou Ricardo Maurício, ou Max Wilson, ou Átila Abreu, ou Lucas di Grassi, e ninguém vai reconhecê-los. Corrida virou, definitivamente, coisa de nicho.

É para se refletir sobre o assunto. Porque o grande drama do Brasil hoje nas pistas não se resume a produzir pilotos. Há que se buscar, também e principalmente, quem esteja disposto a investir neles.

E não há, num mundo em que a Kefera tem 9,8 milhões de inscritos no YouTube. Quem é a Kefera? Pesquisem. Aliás, vou colocar o nome dela nas “tags”. Quem sabe esta nota dá audiência e seus milhões de fãs vêm aqui para me xingar.