Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

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SÃO PAULO (parabéns) – Sérgio Sette Câmara venceu hoje pela primeira vez na F-2, em Spa. Piloto de uma equipe pequena, a holandesa MP Motorsport, esse menino luta feito um maluco para conquistar seu espaço na Europa. De uma família que não tem nenhuma relação com o automobilismo, nascido em Belo Horizonte, Serginho mora na […]

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SÃO PAULO (parabéns)Sérgio Sette Câmara venceu hoje pela primeira vez na F-2, em Spa. Piloto de uma equipe pequena, a holandesa MP Motorsport, esse menino luta feito um maluco para conquistar seu espaço na Europa. De uma família que não tem nenhuma relação com o automobilismo, nascido em Belo Horizonte, Serginho mora na Espanha desde os 14 anos. Treina, estuda, se dedica como poucos e tem um sonho. Vai realizar? Como saber?

[bannergoogle]Uma vitória em categoria de base, apenas uma, não garante a ninguém um lugar futuro na F-1. Mas ajuda, ganhar em Spa. E é bom lembrar que o último brasileiro a vencer na GP2 (o nome da categoria mudou em 2017) foi Felipe Nasr, em 2014. Na mesma pista, inclusive. No ano seguinte, estava na Sauber.

OK, as circunstâncias mudam ano a ano, trajetórias não se repetem no esporte — no máximo, podem ser ligeiramente parecidas. Nasr conseguiu grana de patrocínio do Banco do Brasil, tinha uma carreira sólida e passagem como piloto de testes da Williams, teve sua chance e, de certa forma, a aproveitou bem no primeiro ano — foi quinto colocado na estreia, na Austrália.

Depois, sucumbiu ao mau momento da Sauber, à crise política e econômica brasileira, e à própria falta de resultados.

Sette Câmara está em sua primeira temporada na F-2 e o próximo passo é arranjar um lugar numa equipe grande para o ano que vem, onde possa ganhar corridas com frequência, ou ao menos lutar por elas. Neste ano, tem oscilado um pouco, algo normal pela juventude e pelo tamanho de seu time.

Mas ninguém quer saber dessas agruras quando olha para o currículo de um piloto. Por isso, não se pode dormir sobre uma vitória. Ela muda o status de um piloto, mas não basta. Vide Pastor Maldonado. É preciso seguir andando bem, em todos os treinos, classificações e corridas, para depois dar um salto de qualidade.

E mal vai dar tempo de comemorar muito, mesmo, porque no fim de semana já tem mais duas provas, em Monza. E os olhos de todos estarão sobre ele, também.

[bannergoogle]Hoje, Sette Câmara estava em terceiro no grid, depois de um sexto lugar na prova de ontem. Largou muito bem, pulou na frente e controlou uma corrida difícil, que terminou sob safety-car. Comemorou com a alegria contagiante de qualquer moleque, mas sem muito chororô, o que é sempre um bom sinal: piloto precisa fazer da vitória regra, não exceção. Por isso, ganhar tem de ser algo recebido com naturalidade, e não como uma bênção divina.

Sobre o futuro, não arrisco nada porque há dezenas de histórias parecidas com a de Serginho no automobilismo brasileiro. E, na maioria das vezes, se precipitar e tentar adivinhar um destino brilhante e luminoso para um piloto só porque ele nasceu no Brasil resulta em erro e decepção. Erro de quem faz os prognósticos, decepção de quem acredita neles.

O melhor a fazer é deixar o tempo responder. Mas, do pouco que conheço desse menino, posso garantir que se ele der o salto para outro time em 2018 vai sentir falta dos simpáticos velhinhos da MP e de sua sabedoria garagista. Fiquei uns dias com eles na Hungria e me afeiçoei à equipe por sua simplicidade e espírito apaixonado. Trabalham muito, se divertem, são sérios e engraçados ao mesmo tempo, e claramente competentes. Ninguém ganha uma corrida sozinho, se não tiver uma estrutura eficiente — ainda que modesta — por trás.

Parabéns aos alaranjados da MP ao Serginho e ao Albert, seu tutor na Espanha. Acordei de madrugada para ver a corrida e não me arrependi. Fiquei feliz por todos eles, e também pelo atleticano Sérgio, seu pai — que anda meio assim com o Galo.

Além do mais, a pintura do carro é igual à do Meianov. Isso deve ter algum significado.