Blog do Flavio Gomes
F-1

O FIM DE KVYAT

RIO (sem volta) – O pobre Daniil Kvyat, provavelmente, nunca mais será visto no “mainstream” do automobilismo mundial depois do anúncio de hoje. A Toro Rosso resolveu trocá-lo por Pierre Gasly já a partir do GP da Malásia, neste final de semana. Kvyat tem 23 anos. Estreou aos 19, quase 20. Sua carreira acabou. O […]

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RIO (sem volta) – O pobre Daniil Kvyat, provavelmente, nunca mais será visto no “mainstream” do automobilismo mundial depois do anúncio de hoje. A Toro Rosso resolveu trocá-lo por Pierre Gasly já a partir do GP da Malásia, neste final de semana. Kvyat tem 23 anos. Estreou aos 19, quase 20. Sua carreira acabou.

O moedor de carne da Red Bull, dona da Toro Rosso, é implacável. Cruel, verdade, mas não se pode afirmar que totalmente injusto. É preciso ter nervos de aço para suportar a pressão interna, algo que pilotos como Vettel, Ricciardo, Verstappen e Sainz Jr. tiveram (e têm), e outros como Buemi, Alguersuari, Vergne, Bourdais e Liuzzi, dos que me lembro agora, não.

Helmut Marko, o manda-chuva da empresa no que diz respeito à escolha dos nomes que vão guiar os carros das duas equipes, não costuma ter muita paciência, nem piedade. Mas, com Kvyat, até que teve. E com razão. O russo assumiu seu papel como titular da Toro Rosso em 2014 e logo de cara tornou-se o mais jovem pontuador da história, com um nono lugar na Austrália.

[bannergoogle]Depois, foi escalado para substituir ninguém menos que Vettel na Red Bull em 2015. E fez um ótimo campeonato, chegando na frente de Ricciardo na pontuação e subindo ao pódio na Hungria. Tudo apontava para uma boa carreira, como não? Inclusive o início de campeonato em 2016, com mais um pódio, desta vez na China.

Mas, aí, começou seu trágico declínio. Depois de uma atuação ruim em Sóchi, a Red Bull decidiu colocar Max Verstappen no seu lugar em Barcelona. E como desgraça pouca é bobagem, Max estreou na nova equipe e ganhou a corrida. O que poderia resultar em suicídio para Kvyat deu numa lenta e excruciante depressão técnica, com o menino despencando em desempenho a ponto de, nesta temporada, ter marcado meros quatro pontos, contra 48 do exuberante Sainz Jr. — que já acertou sua saída para a Renault.

Além da falta de resultados, Daniil abusou dos erros, batidas bestas, bobagens múltiplas. Tornou-se indefensável. Talento, tem. Mas ele despirocou mui vertiginosamente depois de ter sido rebaixado para a Toro Rosso no ano passado. Por isso, a troca por Gasly agora se justifica. Imagino como a mídia Pachecov deve estar irada pelos lados do império de Putin, mas fazer o quê?

[bannergoogle]Gasly, francês de 21 anos, foi campeão da GP2 no ano passado e está na disputa do título da Super Fórmula no Japão — a antiga F-Nippon. É bom, tão bom quanto era Kvyat quando furou a fila dos jovens rubro-taurinos em 2014 e ganhou a vaga na Toro Rosso que parecia destinada a outro moço promissor, o português António Félix da Costa. O gajo, à época, ficou inconformado com a escolha do soviético. Ainda não se recuperou do baque e hoje vaga pela Fórmula E sem muito destaque.

Como se vê, a F-1 não é para iniciantes, ainda que os que nela têm chegado, nos últimos tempos, mal tenham iniciado suas vidas adultas. É uma perversidade colocar a tampa no caixão de um atleta de 23 anos como Kvyat? É. Mas é assim.

Dá até medo.