Blog do Flavio Gomes
F-1

A QUEDA

RIO (desliguem o maçarico de noite, pelo menos!) – Não se pode dizer que os quatro anos de Maurizio Arrivabene no comando da Ferrari tenham sido um fiasco total. Ele pegou a equipe depois de uma temporada, 2014, muito ruim: nenhuma vitória, nenhuma pole e apenas o quarto lugar no Mundial com 216 pontos — […]

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RIO (desliguem o maçarico de noite, pelo menos!) – Não se pode dizer que os quatro anos de Maurizio Arrivabene no comando da Ferrari tenham sido um fiasco total. Ele pegou a equipe depois de uma temporada, 2014, muito ruim: nenhuma vitória, nenhuma pole e apenas o quarto lugar no Mundial com 216 pontos — atrás da campeã Mercedes, que fez 701, da Red Bull e da Williams.

Em 2015, o time venceu três vezes, fez uma pole e terminou o ano com o vice-campeonato de Construtores (428 pontos, contra 703 da Mercedes). O ano de 2016 foi ruim de novo, sem vitórias ou poles e um decepcionante terceiro posto entre as equipes com 398 pontos. A Mercedes, campeã mais uma vez, fez 765 — a Red Bull foi a vice. Em 2017, reação respeitável: cinco vitórias, cinco poles, mais um vice com 522 pontos, contra 668 dos alemães prateados. E no ano passado, finalmente, um bom campeonato com seis vitórias, seis poles, 571 pontos e outro vice — a Mercedes fez 655.

No total, 14 vitórias, 12 poles e três vices. É pouco diante do que a Mercedes conquistou, mas pelo menos os ferraristas sonharam com o título até a metade das últimas duas temporadas, quando a equipe de Hamilton engrenou inapelavelmente. Já é alguma coisa.

Culpa dele que a maionese desandou duas vezes — como é quase sempre do técnico a responsabilidade pelos maus resultados no futebol?

Mais ou menos. Arrivabene não é um quadro técnico. Veio da Philip Morris, homem de marketing mais do que da graxa. Mas, do seu jeito, tentou endireitar as coisas. O problema é que domínio que a Mercedes impôs à F-1 a partir do início da era híbrida derruba qualquer um nas hostes rivais. Junte-se à dificuldade de bater um adversário fortíssimo a traumática e inesperada morte, em julho, do presidente Sergio Marchionne para tumultuar ainda mais o ambiente. Arrivabene era homem de confiança do “capo” de Maranello. Perdeu o chão.

Mattia Binotto, que assume o posto, é o responsável pelos projetos ferraristas desde 2016. Talvez as seguidas derrotas para a Mercedes devam ser creditadas mais a ele do que a Arrivabene. Afinal, é ele quem constrói os carros. Maurizio apenas tratava de fazer a organização funcionar. OK, não soube controlar o emocional de Vettel no ano passado? Pode ser. Mas não é um exagero jogar nas costas dele a instabilidade do alemão, que errou como nunca na carreira ao longo do campeonato?

Creio que sim. De qualquer forma, não chega a ser uma novidade na Ferrari a troca de comando quando as coisas não acontecem como o desejado. Novidade, mesmo, é a empresa ser presidida por alguém que se chama John Elkann, nascido em Nova York, de apenas 42 anos de idade. Tudo bem, ele é neto de Gianni Agnelli — Margherita, sua mãe, é uma das duas filhas do já falecido dono da Fiat –, a “famiglia” segue no comando, mas de boa… presidente da Ferrari não pode se chamar John, muito menos nascer em Nova York.