Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

RIO (alta pressão) – Alguém notou que Simon Pagenaud foi o cara da bandeira quadriculada em Budapeste? Tadinho! Discreto, pouco assediado, o francês que venceu as 500 Milhas de Indianápolis postou um vídeo curtinho em sua conta no Twitter, ou Instagram, sei lá, e ficou nisso. Merecia mais atenção. Mas achei gentil, o convite. Não […]

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Hamilton: 81 vitórias, 8 no ano, 7 na Hungria

RIO (alta pressão) – Alguém notou que Simon Pagenaud foi o cara da bandeira quadriculada em Budapeste? Tadinho! Discreto, pouco assediado, o francês que venceu as 500 Milhas de Indianápolis postou um vídeo curtinho em sua conta no Twitter, ou Instagram, sei lá, e ficou nisso. Merecia mais atenção. Mas achei gentil, o convite.

Não sei por que lembrei disso agora, muito menos por que abri o texto sobre uma corrida espetacular mencionando Pagenaud e usando como imagem do GP o vencedor, Hamilton. Mas agora é tarde, não vou mudar. Eu e a F-1 estamos de férias, então não exijam muito.

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E as férias vêm depois de quatro ótimos GPs. Desde a Áustria que a gente só fala “fantástico”, “espetacular”, “maravilhoso”, “brilhante”, “inesquecível”. Será que somos exagerados? Teve um que sugeriu que a classificação do campeonato só deveria considerar as corridas boas, com todos os pontos daquelas chatíssimas descartados. Pensando nisso, cheguei ao…

NÚMERO DA HUNGRIA

…pontos teria Verstappen neste hipotético campeonato de grandes corridas. Nas últimas quatro provas, o holandês ganhou duas, fez um segundo e um quinto lugar. E ainda levou dois pontos extras por melhores voltas. No mesmo período, Hamilton marcou 63, Bottas fez 37 e Vettel e Leclerc anotaram 45 cada. Max completou 21 provas seguidas no chamado top-5. Há séculos que não comete erros graves, como se vê. Neste período, foram 12 troféus para a estante.

Se é verdade que Lewis merece todos os aplausos pela fantástica, espetacular, maravilhosa, brilhante e inesquecível vitória, não é menos verdade (adoro essa construção estilística “se é verdade que… não é menos verdade”) que o holandês, mesmo tendo sido ultrapassado no fim, dividiu o estrelato no domingo aprazível de Budapeste — o calorão de 50 graus esperado, felizmente, ficou só na ameaça; o público sobre, lá.

Por pouco, muito pouco — três voltas, para ser preciso –, o jovem rubro-taurino não se tornou a estrela solitária do fim de semana. Fizera a pole no sábado, a primeira dele, e dominara a corrida toda, com Hamilton fungando em seu cangote. E ele nem aí. Para derrotá-lo, Lewis e sua gangue tiveram de cortar um dobrado. E nosso cartunista-artista-cronista Marcelo Masili captou o espírito da coisa, com a categoria de sempre:

Depois do vexame que passei ao não reconhecer a alusão do Masili àquele clássico episódio do Pica-Pau (vejam o “Sobre ontem…” da Áustria), ele passou a me mandar as ilustrações com as referências junto. No caso de “Mad Max”, talvez nem precisasse — de filme que tem carro eu gosto. Mas só me fizeram admirar ainda mais seu trabalho. Quem conhece o clássico apocalíptico vai identificar os personagens e o significado da charge.

Ficou fantástica, espetacular, maravilhosa, brilhante e inesquecível, em resumo.

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A FRASE DE BUDAPESTE

Lewis: nem ele achou que funcionaria

“Eu duvidei de que iria dar certo. Mas a equipe acreditou, assumiu o risco, e sou grato por isso.”

Hamilton, sobre a estratégia da Mercedes de chamá-lo para um segundo pit stop a 21 voltas do final, quando estava grudado em Verstappen

O nó tático que o time alemão aplicou na Red Bull deixou a equipe das latinhas sem reação. Não havia mesmo muito o que fazer. Max só venceria se parasse na mesma hora que Hamilton. Mas os prateados foram muito espertos. Chegaram a blefar uma ou duas vezes, tirando pneus da garagem para nada fazer. Quando chamaram Lewis para os boxes, Verstappen já estava no meio da curva.

Se parasse na volta seguinte, perderia a liderança porque Hamilton faria uma volta voadora com pneus novinhos. E eles cumpririam a fase final da corrida com pneus nas mesmas condições e o inglês na frente. Derrota na certa. Ficando na pista, havia uma chance. Hamilton poderia se atrasar no tráfego, cometer um erro, dar uma fritadinha nos pneus forçando o ritmo, algo assim — afinal, o cálculo da Mercedes incluía uma pilotagem perfeita de seu pupilo.

Só que Lewis foi perfeito. Max não tinha muito o que fazer. Por isso mesmo, apesar da derrota, saiu satisfeito da Hungria.

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Como satisfeitos saíram as 92 mil almas que encheram as arquibancadas de Hungaroring no domingo — 230 mil ao longo de todo o fim de semana, um sucesso turbinado pelos torcedores da Holanda, Polônia e Finlândia, que tradicionalmente acorrem a Budapeste para ver esse GP e se divertir numa cidade que, apesar do infame governo do país, resiste.

O troféu mais lindo

GOSTAMOS – Desculpem repetir a foto do domingo, mas preciso reforçar minha admiração pelos troféus >>> que o GP da Hungria entrega aos seus três primeiros colocados. Fico aflito sempre que Hamilton joga a taça de porcelana para o alto (o que já fez sete vezes), mas felizmente ele nunca deixa cair.

Giovinazzi: vai mal

NÃO GOSTAMOS – Mais uma vez de <<< Giovinazzi, que terminou em 18º, à frente apenas de Kubica (e atrás, portanto, de Russell). Enquanto Raikkonen extrai o que dá da Alfa Romeo, com pontos em oito das 12 etapas do Mundial, o italiano tem um décimo na Áustria e mais nada. Precisa abrir o olho.