Blog do Flavio Gomes
F-1

RB19

SÃO PAULO (novidades sempre caem bem…) – Saiu a segunda pintura de 2023, oh! A Red Bull, com pompa e circunstância em Nova York, apresentou hoje o RB19. RB19 é o nome do carro deste ano. Mas na apresentação do RB19 faltou levarem o RB19, porque ele está sendo construído em Milton Keynes, na Inglaterra […]

SÃO PAULO (novidades sempre caem bem…) – Saiu a segunda pintura de 2023, oh! A Red Bull, com pompa e circunstância em Nova York, apresentou hoje o RB19. RB19 é o nome do carro deste ano. Mas na apresentação do RB19 faltou levarem o RB19, porque ele está sendo construído em Milton Keynes, na Inglaterra e é claro que a equipe não iria interromper o processo de fabricação para levar o que já está pronto para os EUA. Assim, o carro mostrado ao atônito público norte-americano no auditório onde aconteceu a festa foi o RB18 com a pintura do RB19, que é quase igual, tirando um patrocínio aqui e colocando outro ali.

Estiveram presentes os três pilotos da equipe, os titulares Max Verstappen e Sergio Pérez e o animador de plateia Daniel Ricciardo, agora reserva e mestre de cerimônias.

Assim, a apresentação em si não teve nada de relevante do ponto de vista técnico e esportivo, pelo simples e incontestável fato de que o carro novo não era o carro novo.

Mas…

Mas teve, sim, a notícia mais importante do ano na F-1. E uma das mais importantes dos últimos anos, pelo tamanho de quem está envolvido: a Ford.

A marca do oval azul está de volta à F-1. Como já era mais ou menos sabido desde dezembro — a história ganhou corpo quando foi anunciado o acordo Andretti-Cadillac, como escrevemos aqui no comecinho do ano –, a montadora dos EUA confirmou a parceria com a Red Bull a partir de 2026. Claro que esses negócios não são feitos de um dia para o outro e os vazamentos em Detroit foram fartos a partir do momento em que a Porsche e a Red Bull desistiram do casamento antes de subirem ao altar. Por isso que o burburinho vinha se intensificando nas últimas semanas. Quando a Red Bull marcou o lançamento de seu carro para Nova York, bingo! Alguma coisa iria acontecer ali.

E o que aconteceu tem enorme peso para a categoria, porque estamos falando da Ford, e não da CAOA Chery ou da Gurgel. É a Ford, porra! Ford e Red Bull revelaram que estarão juntas a partir de 2026, e que os motores da equipe serão feitos em colaboração com a montadora americana. Não é só uma parada de colocar a marca no cabeçote — como TAG-Heuer, Acer, Petronas, European, Playlife, Fondmetal, essas aberrações dos últimos tempos que, na prática, podem ser chamadas de “naming rights” de motores. Até porque nem cabeçote direito esses motores terão. Pelo que disseram todas as partes, é um lance de trabalhar junto, mesmo.

Até lá, 2026, a Red Bull usa o nome que quiser em seus motores. Neste ano, eles serão Honda. Na realidade, eles já são Honda, mesmo. Mas a Red Bull comprou os direitos intelectuais sobre esses motores quando os japoneses anunciaram, no final de 2020, que deixariam a F-1 ao término da temporada de 2021. Os energéticos foram aos nipônicos e adquiriram todo o equipamento, a tecnologia e até alguns funcionários. Construíram uma fábrica nova. Fundaram, então, a Red Bull Powertrains para fazer motores próprios a partir da base herdada da Honda.

No ano passado, o nome da fábrica japonesa desapareceu dos carros e dela restou apenas um pequeno adesivo com as letras HRC (Honda Racing Corporation) na carenagem, porque essa empresa da Honda ainda participava da gestão dos motores. No fim da temporada, a Honda resolveu voltar à F-1 (sem nunca ter saído) e sua marca voltou aos carros.

Claro que a Ford e a Red Bull vão aproveitar muito do que a Honda começou, mas é preciso que se diga que os motores para o quinquênio 2026-2030 serão bem diferentes, com a divisão equânime entre a potência produzida pelo turbo V6 a combustão (com combustível sintético, renovável) e aquela que será gerada pelos sistemas elétricos híbridos. O cálculo é de que as unidades de potência — nome pomposo para “motor” — vão gerar 940 HP (ou 750 kW), metade vinda dos cilindros, pistões e bielas movidos a gasolina (ou algo parecido) e metade oriunda dos componentes elétricos com suas baterias mirabolantes.

A Ford entra aí, para desenvolver esses novos motores junto com a Red Bull. As duas partes não são estranhas entre si. É de bom grado lembrar que a equipe do touro vermelho nasceu a partir da aquisição da Jaguar pela fabricante de energéticos, no final de 2004. Até então, a Red Bull apenas patrocinava pilotos e equipes na categoria. A Jaguar, por sua vez, nada mais era do que a sucessora da Stewart, equipe que existiu entre 1997 e 1999 até ser comprada, vejam só, pela Ford. Que rebatizou o time como Jaguar, uma de suas marcas automotivas na época, até tomar a decisão de se mandar da F-1 de vez.

Em 2005, seu primeiro ano, a Red Bull correu com motores Ford. Depois foi ser cliente de Ferrari, Renault e Honda. A última vitória do motor americano na F-1 foi há 20 anos, com Giancarlo Fisichella, da Jordan, no GP do Brasil de 2003. A marca é particularmente cara aos fãs de Ayrton Senna, também. Foi um motor Ford que deu ao brasileiro sua última vitória, na Austrália em 1993. O último grande momento da montadora na categoria foi a temporada de 1994, com o título de Michael Schumacher na Benetton.

Pouco depois da festança da Red Bull em Manhattan, a FIA informou as seis marcas de motores confirmadas para o período de 2026 a 2030 na F-1: Alpine, Audi, Ferrari, Honda, Mercedes e Red Bull Ford. Considerando que serão 11 equipes no Mundial, com a possível chegada da Andretti, podemos especular algumas coisas:

Mas é, como disse, apenas especulação. Tem muito biocombustível para passar debaixo dessa ponte, ainda.