Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

NÃO, A SUBARU NÃO!

SÃO PAULO (deprimente) – É para terminar o ano deprimido, mesmo, encolhido num canto. O automobilismo mundial, como a economia virtual, está derretendo. Primeiro a Honda na F-1, depois a Audi na LMS/ALMS, aí a Suzuki no WRC e, agora, a Subaru, também no rali. Todos tirando seus times de campo. Já disse aqui e […]

SÃO PAULO (deprimente) – É para terminar o ano deprimido, mesmo, encolhido num canto. O automobilismo mundial, como a economia virtual, está derretendo. Primeiro a Honda na F-1, depois a Audi na LMS/ALMS, aí a Suzuki no WRC e, agora, a Subaru, também no rali. Todos tirando seus times de campo.

Já disse aqui e repito: considero essas deserções do esporte ridículas, me fazem perder o respeito pelas empresas (não pelas marcas), dirigidas por bobalhões que têm medo de perder seus empregos. As marcas, essas sobrevivem aos paspalhões, espero. Todas as quatro têm história nas pistas, e história não se apaga assim, tão fácil. Há de surgir, no caminho de cada uma delas, uma nova categoria de dirigentes que olhem para o esporte com alguma paixão e devoção, e não apenas com essa visão mercantilista absurda e patética.

Porque seria muito didático pegar um CEO qualquer da Subaru e colocá-lo na lama em Córdoba, jogá-lo no meio de centenas de argentinos enlouquecidos e deixá-lo ali, observando a reação deles a cada passagem dos carros azuis, urrando e abrindo passagem em meio a gritos alucinados de “Subaruuuuuuuuuu”.

O CEO babaca pode não saber, mas os produtos que saem de suas fábricas são reverenciados mundo afora, levam milhares de pessoas às estradas por onde passa o Mundial de Rali, pessoas que saem de casa no frio, na chuva, no sol a pino, na poeira, no barro, na neve, e elas acampam por vários dias com mulher e filhos, apenas para ver, por segundos fugidios, os carros azuis passando à sua frente atravessados, indomáveis, selvagens. Se a Subaru existe aos olhos do mundo, é por causa do rali. E não pelos ternos risca-de-giz de seu conselho de administração.

Seria interessante fazer o mesmo com um executivo babaca da Audi e colocá-lo nas arquibancadas de Le Mans ao lado de algum torcedor com quatro argolinhas no boné durante 24 horas, e a mesma coisa com algum engravatado tonto da Honda em Fuji, e idem para algum diretorzinho da Suzuki numa prova da MotoGP, apenas para eles sentirem como as marcas que representam têm uma importância, para muita gente, que vai além da otimização do fluxo produção e adequação dos parâmetros financeiros às necessidades da puta que o pariu.

Esporte não é caro. O que está levando essas empresas à bancarrota é a incompetência de seus gestores, que não entendem picas, nem de carros, nem de nada. Se entendessem, suas empresas enormes, que venderam como nunca nos últimos anos, não estariam como estão.