Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

GRANDE MORENO (2)

GUARUJÁ (mormaço queima? ) – No ar a segunda parte da Grande Entrevista com o grande Roberto Moreno, no trabalho do Victor Martins. Senti falta de um pouco mais sobre Andrea Moda e Forti Corse, suas últimas passagens pela F-1. Será que sobrou material? Perguntarei a Martins. Mas o resto está sensacional, especialmente suas últimas […]

GUARUJÁ (mormaço queima? ) – No ar a segunda parte da Grande Entrevista com o grande Roberto Moreno, no trabalho do Victor Martins. Senti falta de um pouco mais sobre Andrea Moda e Forti Corse, suas últimas passagens pela F-1. Será que sobrou material? Perguntarei a Martins. Mas o resto está sensacional, especialmente suas últimas aventuras nos EUA.

Sobre esse período derradeiro na F-1, conto eu algumas historinhas.

A Andrea Moda era um mistério. A estreia seria em Interlagos e Moreno deu uma coletiva na quinta-feira, creio. Eu perguntei se ele não tinha medo de sentar num carro que nunca tinha andado, e que estava sendo montado ali embaixo, nas garagens do autódromo.

Roberto ficou puto. Ele ficava puto com frequência com esses questionamentos, porque no fundo eles vinham sempre cheios de maldade. Me lembro que não perguntei apenas se ele tinha medo de andar com aquela carroça. Perguntei: “Para um cara que até outro dia estava na Benetton subindo ao pódio, não dá medo de pegar isso aí etc”. É maldade pura, ele tinha motivos para ficar puto. Jornalista é muito chato e maldoso.

Mas enfim… Veio o primeiro treino, bem cedinho, e fui acompanhá-lo no box da Andrea Moda. Se bobear, era o 21, que a gente usa na Superclassic. Lá no fundão, com certeza. Roberto sai dos boxes e volta logo depois. Estaciona com a alavanca do câmbio na mão. Escapou. O carro era uma temeridade. Os mecas da Andrea entravam e saíam do autódromo numa Kombi, atrás de oficinas que pudessem tornear uma peça, ou que dispusessem de um cabo, uma válvula, uma mola.

Depois, em Mônaco, teve aquela classificação heróica para o grid. Uma façanha, quase como ganhar uma corrida. Em Montreal, pouco depois, cheguei na quarta ou quinta-feira e a Andrea não tinha motor, estava sem grana, não tinha pago o que devia à Judd. Pegou emprestado um da Osella, ou da Fondmetal, sei lá. Na regata dos mecânicos na raia olímpica — era uma tradição daquela corrida, as embarcações feitas com sucata dos times —, o barquinho da Andrea Moda afundou quando se encaminhava para o “grid”. Era um barato, aquela equipe.

Na Forti Corse, lembro da apresentação da equipe e, depois, de um evento da Credicard, num restaurante do Itaim-Bibi. Os patrocinadores eram todos clientes do Pão de Açúcar. Na verdade, o time foi montado para o Pedro Paulo Diniz correr. Todo mundo que anunciava no carro tinha um esquema qualquer com os supermercados do pai. Era uma operação comercial para viabilizar o nascimento da equipe, que vinha da F-3000. Moreno foi claramente contratado como professor de Pedro Paulo.

Um dos anunciantes, como disse, era a Credicard. Que também patrocinava um garotinho de dez anos que estava fazendo sucesso no kart, Augusto Jr. Houve uma coletiva, que achei meio ridícula: um cara da Credicard, o Moreno com quase 40 anos e huma história no automobilismo e um garotinho de dez, mal saído das fraldas. O constrangimento do Moreno era evidente. Ao menos achei que estava constrangido, talvez tenha sido só impressão.

Mas o menino não era nenhum manco, ao contrário. Virou Augusto Farfus, e hoje tem carreira muito sólida na Europa.

Em resumo, é tudo demais, o Moreno e a entrevista. E essas histórias.