A vitória da Brawn, e mesmo a dobradinha, era até algo previsível, depois do que se viu nos treinos em Melbourne — um domínio absoluto dos carros marca-texto desde a sexta-feira. Mas essa página bonita não foi escrita só hoje. Vem sendo redigida com sangue, suor e lágrimas há alguns meses — precisamente desde 5 de dezembro do ano passado, quando a Honda anunciou que estava fora da F-1.
De lá até o fim de fevereiro, foram meses de incertezas de um grupo de pessoas que ficou trabalhando sem saber o que seria do dia de amanhã. No Brasil, distante fisicamente daquilo que se fazia na fábrica, Rubens Barrichello só esperava. Na Inglaterra, perto de tudo, Jenson Button fazia o mesmo.
Foi muito emocionante ver no pódio dois pilotos sorrindo com alegria genuína, vestindo macacões quase totalmente brancos numa modalidade em que o centímetro quadrado custa muito dinheiro e é negociado com arrogância e nariz empinado.
Dinheiro não é tudo. Sim, claro que o dinheiro da Honda, despejado nesse projeto desde maio do ano passado, viabilizou este carro esplêndido que fez história na Austrália. Mas o dinheiro acabou em dezembro, e ninguém sabia se ele voltaria a entrar. E, mesmo assim, trabalhou-se. Muito. E bem.
Button, Barrichello e Brawn, o trio BBB, trouxe de volta à vida o verdadeiro espírito das corridas.
É um dia feliz para o automobilismo.