Blog do Flavio Gomes
F-1

BARENITAS (12)

SÃO PAULO (entendido) – Só agora recebi um telefonema a cobrar da Itália. Era Gola Profonda. “O presidente está lá e estou ligando do gabinete dele, por isso a cobrar”, explicou. Faz sentido, poderia aparecer na conta uma ligação para o Brasil e alguém teria de responder por isso. O que aconteceu?, perguntei, e a […]

SÃO PAULO (entendido) – Só agora recebi um telefonema a cobrar da Itália. Era Gola Profonda. “O presidente está lá e estou ligando do gabinete dele, por isso a cobrar”, explicou. Faz sentido, poderia aparecer na conta uma ligação para o Brasil e alguém teria de responder por isso.

O que aconteceu?, perguntei, e a resposta veio de bate-pronto. “Foi o seguro.” Gola, muito falante, e por isso vou resumir, contou que a apólice do carro de Massa é muito ruim, a Ferrari fez com uma seguradora daquelas baratas, que jogam a franquia lá em cima para compensar e, pior, não tem assistência 24 horas. O serviço de guincho é terceirizado e a firma que faz vistoria, idem.

Aí Felipe foi tocado pela roda traseira de Raikkonen na largada, e começaram os problemas. Até que o menino das vistoria chegou rápido, porque na hora telefonaram para ele, e é motoboy, sabe como é. Quando Massa parou nos boxes, já estava pronto com o formulário nas mãos. “Mas não queria fazer a vistoria se o outro carro não estivesse lá também, para configurar o sinistro”, relatou Gola. “E ficou perguntando quem bateu atrás, porque quem bateu atrás é sempre o culpado.” 

Nessa hora, parece que Domenicali teve um chilique e precisou ser tirado do local pelos seguranças. Luca, o presidente, assumiu o comando da operação e disse ao rapaz da vistoria que os dois carros eram dele, Luca, e que não se importaria em pagar duas franquias, desde que ele queimasse a vistoria do outro carro. O menino disse que precisava falar com seu chefe, mas o nextel não funcionava naquele fim de mundo e Luca, o presidente, emprestou seu celular para ele.

Isso tudo, certamente, atrasou o pit stop de Felipe, que aguardava dentro do carro tentando, do seu próprio celular, falar com o SAC da Acer, porque queria conectar-se à internet com seu lap top para saber como estava a corrida, mas recebia mensagem de erro.

Quando o rapaz da vistoria finalmente liberou o carro sinistrado (mas pediu para que a equipe guardasse a asa quebrada e tirasse uma foto do outro carro envolvido na batida), Felipe já estava um pouco atrás na prova. Na 36ª volta, levou um passão do líder Button, o que motivou um olhar 43 de Luca, o presidente, para Domenicali, já de volta ao pit-wall depois de medicado com calmantes. Domenicali não gostou do olhar 43 e parece que ergueu a voz com Luca, o presidente, “tá olhando o quê?, e daí?, ele vai parar no box ainda e o Felipe recupera essa volta”, e de fato Button parou logo depois, mas pelo que vi na classificação final da corrida, o brasileiro acabou mesmo uma volta atrás.

Raikkonen, no entanto, foi muito bem e terminou em sexto, marcando os três primeiros pontos da equipe no ano. Como foi a reação dele, ficou contente, aliviado?, perguntei a Gola. “Ele saiu do carro, olhou para o Fisichella e o Sutil, cerrou os punhos e falou: chupa, palhaços!”, e perguntei se foi assim mesmo, se ele não teria dito “chupem, palhaços”, mas não, ele é meio maloqueiro mesmo, porque depois ainda passou na Toro Rosso, cerrou os punhos de novo e disse “chupa, palhaços!” para o Bourdais e para o Buemi. E quando chegou aos boxes da Ferrari, olhou para o Massa e disse “chupa, palhaço!”, e depois para Luca, o presidente, e falou “chupa, palhaço!”, e saiu dizendo “chupa, palhaço!” para todo mundo que encontrou até pegar um carro e ir embora para o hotel, ainda de macacão.

O Kimi estava meio alterado, segundo Gola Profonda. Mas tudo há de melhorar em Barcelona.