Blog do Flavio Gomes
DKW & cia.

AMOR À PRIMEIRA…

SÃO PAULO (é duro, ser pobre…) – Bem, nem preciso dizer que já me apaixonei pelo carrinho… Hoje fui gravar matéria para a primeira edição inédita do “Limite” deste ano, que vai ar semana que vem. Soube de um DKW alemão pipocando por aí e, quando fui atrás, qual não foi minha surpresa… Era, é, […]

SÃO PAULO (é duro, ser pobre…) – Bem, nem preciso dizer que já me apaixonei pelo carrinho… Hoje fui gravar matéria para a primeira edição inédita do “Limite” deste ano, que vai ar semana que vem. Soube de um DKW alemão pipocando por aí e, quando fui atrás, qual não foi minha surpresa… Era, é, na verdade, de um amigo de velhos encontros fumacentos em dois tempos. A luz de placa fui que arrumei para ele anos atrás, veio num lote de peças com o meu 1958, quando o comprei.

Na época, estava em restauração. Já está pronto. É um carro bem raro por várias razões. Primeiro, porque é alemão, não brasileiro. A Vemag não fez DKWs de duas portas — como “DKW”, entendam o sedan; Vemaguet e Fissore tinham duas portas. E foram poucos os alemães da década de 60 que chegaram ao Brasil.

Essa coisa linda nem sedan é, no fundo. É um coupé com parabrisa panorâmico, fabricado em 1960. Aí está a segunda razão de sua raridade. Na prática, é um Mercedes-Benz. A Mercedes assumiu o controle acionário da Auto Union no final de 1959 e assim foi, fabricando DKWs sob seus auspícios, até 1964, quando vendeu tudo para a Volkswagen — que resgatou a marca Audi, uma das quatro argolas, descontinuou os motores dois tempos e o resto todo mundo sabe.

Esse carro nem foi feito em Ingolstadt, onde hoje fica a planta da Audi na Alemanha. Saiu de Dusseldorf, onde uma antiga fábrica de armas foi convertida pela Auto Union para montar automóveis. A combinação de cores é linda, cinza com bordô, com interior bege. Tem um ou outro detalhe que eu mudaria, coisa pouca (por exemplo: no capô, a Mercedes não usava o antigo emblema verde e branco da DKW com as quatro argolas, mas sim um “Auto Union” por extenso). Mecânica deliciosa, pó-pó-pó saudável e musical.

Notem que o carro não tem colunas entre as janelas, e apesar de parecer mais curto que um DKW “normal”, dos brasileiros, tem a mesma distância entre-eixos. Mas é bem mais leve. E o painel, de madeira, é a cara da Mercedes, com velocímetro em torre vertical. Um charme, em resumo.

Na próxima terça, estará na telinha. Mas bem que poderia estar na minha garagem…