Blog do Flavio Gomes
#69

AMANHÃ TEM MAIS

LONDRINA (cansaço bateu) – Um estudo feito pelo MIT alguns anos atrás concluiu que eu, Usain Bolt e o cara que dispara os foguetes da NASA quando o outro diz “fire!” somos as três pessoas no mundo com reação mais rápida a qualquer comando visual ou auditivo. Foi por isso que, mais uma vez, fiz […]

LONDRINA (cansaço bateu) – Um estudo feito pelo MIT alguns anos atrás concluiu que eu, Usain Bolt e o cara que dispara os foguetes da NASA quando o outro diz “fire!” somos as três pessoas no mundo com reação mais rápida a qualquer comando visual ou auditivo.

Foi por isso que, mais uma vez, fiz uma largada extraordinária hoje em Londrina. Estava em 16° no grid e passei na primeira volta em primeiro ou segundo. Algo assim. Sei que passei o lentíssimo Marcelo Giordano, meu companheiro de equipe, que quase não largou. Isso porque pouco antes ficou empacado na saída dos boxes, por onde passei duas vezes para dar risada. Pena que arrumaram seu carro e ele acabou indo para o grid.

Quando passei pelo carcamano pizzaiolo nos primeiros metros da prova, posto que ele mais uma vez demorou séculos para perceber que as luzes vermelhas haviam se apagado, mandei-lhe o dedo do meio, conhecido como dedo-de-mandar-tomar-no-cu. Ele ficou atacado e duas ou 15 voltas depois, não sei bem, acabou me passando com seu Fiat com motor argentino, câmbio inglês e combustível iraquiano. Tal manobra só ocorreu porque nosso chefe de equipe entrou no rádio para dizer “Marcelo is faster than you”, ao que tive um ataque de riso e ele aproveitou.

O Meianov fez uma prova exemplar. Fiquei muitas voltas, umas cinco ou 15, não sei bem, na frente do Bove com seu Passatão 2.0 e do Reinaldão com seu Maverick 7.0 com motor V16. O herói soviético resistiu bem aos ataques germano-americanos, até que depois de uma assembleia por videoconferência decidimos recuar estrategicamente e permitir a ultrapassagem de ambos. Ainda briguei com um Chevette verde alface, do Hylton com Y, e conseguimos emplacar uma série de voltas com tempos muito bons. A melhor veio em 1min38s005. Tinha virado 1min39s961 na classificação. Com isso, ganhei o troféu de “Most Improved Lap Time For Soviet Cars in the North of Paraná State”.

Terminei a corrida em 15° na geral, primeiro na categoria “Carros Russos de Cor Cinza”, o que minha equipe considerou um bom resultado. Fez muito calor, mas saí do carro como se tivesse acabado de jogar uma partida de gamão. Ao contrário de meu colega Giordano, que quase desmaiou de cansaço e saiu queixando-se que seu avantajado nariz estava ardendo porque a fumaça dos outros automóveis lhe incomodava. Uma franga.

Meu adversário Rogério Tranjan, da equipe Rosinha-Gaydarji, por sua vez, fez uma prova excelente com o Trovão Anil #44. Chegou ao hotel em 14 minutos, enquanto corríamos. Seu deprimente veículo teve um problema de bolachão, ou biscoitão, depois de perder o selo pela manhã. Já combinamos que na corrida de domingo vamos levar seu carro ao grid de qualquer jeito. Afinal, a largada é parada, especialidade do piloto — ficar parado.

A vitória na etapa de hoje ficou com o Antonio Chambel, de Passat. Evaldo Luque, nosso Dr. Hollywood, liderava com folgas quando quebrou na última volta. Amanhã tem mais uma corrida, com largada às 11h20. Antes, o Brasileiro de Marcas faz nossa preliminar.

Agora vou procurar umas fotos. Daqui a pouco tem um vídeo gravado pelo meu manager Luiz Salomão que mostra a excepcional largada do Meianov. A câmera on-board, infelizmente, não será mostrada. Vendi as imagens com exclusividade para a TV moscovita.

No clique de Rodrigo Ruiz, o piloto Rogério Tranjan mostra quantas voltas pretende dar durante todo o fim de semana em Londrina. "Será uma vitória", disse, sob o olhar animado de sua senhora.