Blog do Flavio Gomes
F-1

KIMI E FERNANDINHO

SÃO PAULO (faíscas) – Que dupla, hein? Vai contra tudo que a Ferrari preconiza há décadas (salvo engano, a última parceria de peso foi Prost-Mansell, em 1990), a estabilidade de um primeiro piloto muito claro, capaz de fazer o que é preciso para ser campeão, e outro para trabalhar na sombra, sem muito alarde, somar […]

SÃO PAULO (faíscas) – Que dupla, hein? Vai contra tudo que a Ferrari preconiza há décadas (salvo engano, a última parceria de peso foi Prost-Mansell, em 1990), a estabilidade de um primeiro piloto muito claro, capaz de fazer o que é preciso para ser campeão, e outro para trabalhar na sombra, sem muito alarde, somar uns pontinhos e subir ao pódio de vez em quando.

Quando Schumacher saiu, Raikkonen chegou para cumprir esse papel, mas teve em Massa não só um aliado (ajudou em 2007), como um forte adversário (quase levou a taça em 2008). Era meio esquisito, para os padrões ferraristas. Em 2010, então, Maranello voltou à toadinha de sempre, um primeirão, Alonso, e um segundão, Felipe. Irvine e Barrichello haviam exercido a função entre 1996 e 2005 sem causar muitos problemas, exceto um ou outro chilique do brasileiro. E deu muito certo, com um domínio imposto por Schumacher que a F-1 nunca tinha visto.

É uma mudança clara de planos e de política, a chegada de Kimi, que deverá ser anunciada amanhã. Dois campeões do mundo, dois pilotos de ponta, mas com uma diferença para outras duplas explosivas formadas no passado: dois rapazes de comportamento diametralmente oposto. Que jamais vão brigar em público, porque Raikkonen tem preguiça de dizer mais do que cinco palavras. Por dia.

Alonso pode despirocar, como aconteceu com ele em 2007 na McLaren, tendo o estreante Hamilton como desafiante. Por outro lado, talvez até esteja gostando da ideia de poder provar a todo mundo que essa história de que não gosta de companheiro de equipe forte é cascata. Ele sabe que tem condições de bater qualquer um. Vai demandar maior esforço, agora. Kimi é fortíssimo, um assombro. Mas pode ser legal para ele, Alonso, que certamente vai ter uma equipe mais forte agora, porque dois excelentes pilotos quase sempre elevam o nível de um time — a McLaren, naquele ano com Lewis, foi fortíssima. Perdeu o título de bobeira. Massa não vinha conseguindo fazer isso, relegado que foi a um segundo plano muito claro quando Fernandinho chegou. Sucumbiu muito rápido à presença do espanhol.

Fez bem a Ferrari? Bom, vai ser fácil sem comentarista de melhores momentos daqui a um ano e meio, quando terminar a temporada de 2014. “Dois pilotos de ponta, no fim, sempre dão um resultado, foi assim com Senna e Prost na McLaren”, direi, se a Ferrari for campeã. “Dois pilotos de ponta nunca dão certo, é um desastre, como já ficou provado com Mansell e Piquet na Williams e com o próprio Alonso e Hamilton na McLaren”, escreverei, caso seja um fracasso.

Parta não ficar no muro, então, e nem recorrer a tal expediente no final de 2014, digo já o que acho. Que vai dar certo, e a Ferrari fez bem.