Blog do Flavio Gomes
F-1

SEM ALONSO

SÃO PAULO (muito mistério — ou não) – OK, Alonso não corre em Melbourne, como já se sabe desde a manhã de hoje. As explicações oficiais são curiosas. A McLaren diz que Fernandinho está ótimo, em plena forma, prontinho para correr, com saúde de ferro, mas… Mas os médicos acham melhor não. Motivo: o espanhol […]

SÃO PAULO (muito mistério — ou não)OK, Alonso não corre em Melbourne, como já se sabe desde a manhã de hoje.

As explicações oficiais são curiosas. A McLaren diz que Fernandinho está ótimo, em plena forma, prontinho para correr, com saúde de ferro, mas… Mas os médicos acham melhor não. Motivo: o espanhol teve uma concussão cerebral no acidente de dois domingos atrás em Barcelona.

Concussão, a exemplo de traumatismo craniano, é nome mais feio e assustador do que a lesão em si. Qualquer cabeçada que você dê na porta, e de vez em quando acontece, é um traumatismo craniano. Não necessariamente seu coco vai rachar em dois, mas é um traumatismo no crânio — a não ser que você não tenha um. Já a concussão é consequência de um traumatismo. Leva à perda momentânea da consciência, o sujeito tem alguns lapsos de memória, dá uma certa confusão das ideias.

É o que Alonso teve, uma concussão, e parece não haver dúvidas de que bateu a cabeça em algum lugar, ou ainda teve uma grande desaceleração lateral. Ficou três dias no hospital, acordou falando italiano e cantando Lepo-Lepo, foi para casa e os médicos avisaram que uma nova concussão poderia ser muito grave. E quando se está num carro de corrida, a chance de acidente sempre existe.

Assim, a precaução parece pertinente. Mesmo faltando ainda dez dias para o início dos treinos na Austrália.

E por que tanto estranhamento com essa situação?

Bem, todas as dúvidas se justificam. A começar — e me parece o mais importante — pelo acidente em si. Foi muito besta e esquisito. A explicação do vento, embora aceitável, não convence muito. E a batida lateral foi forte assim para causar uma concussão? Não deu pinta, o carro não se espatifou. De novo, parece não haver dúvidas de que teve algo na cabeça, mas… E se não tete? E se foi outra coisa? Por que o carro foi parar no muro daquele jeito estranho? Por que não há nenhuma imagem da batida?

Alonso perdeu a consciência, isso também se sabe, porque os caras que chegaram no seu carro para o resgate ficaram meio de longe esperando um médico de verdade aparecer. No hospital, se embaralhou com a língua, estava meio atrapalhado. E o período de repouso será longo. Será que aconteceu algo mais?

A história do choque voltou a ser ventilada, agora pela imprensa italiana. É para ser, pelo menos, considerada.

A impressão que se tem, diante de tantas perguntas e questionamentos, é que tem alguém escondendo alguma coisa.

Ou, então, foi o que a McLaren disse, mesmo. O vento fez Alonso perder o controle, ele bateu de lado com força, perdeu a consciência, sofreu uma concussão e tem de repousar para voltar a correr. Hipótese tão verossímil quanto qualquer outra.