Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

BOA ESCOLHA

SÃO PAULO (acelerem) – Durante quatro anos, de 1999 a 2002, a Petrobras manteve um mui bem-sucedido projeto de “motorsport”, como os amigos gostavam de dizer, ao montar uma equipe na Fórmula 3000 — Petrobras Junior Team era o nome oficial da bagaça. A categoria era verdadeiramente uma formadora de pilotos para a F-1, com corridas […]

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SÃO PAULO (acelerem) – Durante quatro anos, de 1999 a 2002, a Petrobras manteve um mui bem-sucedido projeto de “motorsport”, como os amigos gostavam de dizer, ao montar uma equipe na Fórmula 3000 — Petrobras Junior Team era o nome oficial da bagaça. A categoria era verdadeiramente uma formadora de pilotos para a F-1, com corridas preliminares dos GPs — inclusive em Interlagos, em algumas temporadas –, e o time brasileiro despejou ao menos um de seus meninos na categoria máxima — Antonio Pizzonia, que depois tomaria outros rumos na vida.

A estreia se deu em 1999, com a dupla Max Wilson e Bruno Junqueira. Esteve longe de ser um ano ruim. Max fez poles em Imola e Hockenheim e Bruno largou em primeiro em Magny-Cours e venceu a corrida da Alemanha. Nick Heidfeld, que corria pela equipe júnior da McLaren, dominou aquela temporada e conquistou o título. Bruno foi o quinto colocado e Max, o oitavo.

[bannergoogle] Em 2000, antes até do imaginado, o time brasileiro já era um dos grandões numa turma que tinha pilotos como Fernando Alonso, Justin Wilson, Sébastien  Bourdais e Mark Webber. Com vitórias em Barcelona, Nürburgring, Mônaco e Budapeste (além de duas poles, em Imola e na Hungria), Junqueira conquistou o título numa corrida em Spa, ofuscando completamente seu novo companheiro de equipe, Jaime Melo Jr., que terminou o campeonato apenas em 12º. Era a senha para tentar a F-1, mas o brasileiro foi derrotado numa espécie de vestibular promovido pela Williams por Jenson Button — então um ilustre desconhecido que terminara a temporada inglesa da F-3 em terceiro lugar, mas fora considerado o destaque do campeonato pela revista “Autosport”.

A Petrobras seguiu em frente, alinhando Antonio Pizzonia e Ricardo Sperafico (na foto lá em cima) em 2001. O “jungle boy” fez uma pole em Monza e venceu em Hockenheim. Ricardo largou na frente na corrida alemã e, na Bélgica, fez a pole e venceu. Quinto lugar na classificação para Sperafico, sexto para Pizzonia — o título ficou com Justin Wilson. A dupla foi mantida em 2002, com Ricardo fechando o campeonato em quinto. O amazonense teve uma temporada apagada e foi o oitavo. A taça acabou com Bourdais.

E depois de quatro anos na F-3000, a Petrobras tirou o time de campo, com missão cumprida: oito poles, sete vitórias, um título. Àquela altura, o investimento da estatal já estava mais voltado para seu programa de fornecimento de combustível e lubrificantes para a Williams, que começara em 1998 e só terminaria 11 anos depois. Os pilotos que passaram pelo Junior Team estavam, bem ou mal, encaminhados em suas carreiras.

Conto tudo isso para saudar o anúncio feito hoje, de que a Petrobras vai patrocinar Pedro Piquet e Sérgio Sette Câmara na temporada europeia de Fórmula 3. Eles correm por equipes diferentes, mas terão o apoio da empresa. É uma ótima escolha, já que não há brasileiros com potencial nas categorias de acesso mais próximas, GP2 e GP3, e a F-3 voltou a ganhar importância depois que Max Verstappen pulou de lá para a F-1 sem escalas.

Pedrinho é o melhor dos Piquet — palavras do pai a um grande amigo — e Câmara foi adotado pela Red Bull, o que é sempre um bom sinal, porque a turma das latinhas não aposta em gente errada.

Que eles consigam o que pretendem. E que a Petrobras retome sua vocação de apoiar pilotos e o automobilismo. Conheço o pessoal que milita no esporte a motor há anos — tanto na área técnica, como nos tempos de fornecedora da Williams, quanto na de marketing. Gente da maior competência e qualidade, funcionários de carreira apaixonados pelo que fazem e pela empresa onde trabalham.

Boa notícia, essa de hoje.