Blog do Flavio Gomes
F-1

CANSOU

RIO (mexe em tudo) – A notícia começou a pipocar na noite de ontem, e na madrugada de hoje saíram os comunicados oficiais. Vettel está fora da Ferrari em 2021. Talvez nunca mais guie um carro vermelho. Afinal, alguém aposta todas suas fichas na realização de um campeonato neste ano? Eu tenho sérias dúvidas. Sebastian […]

RIO (mexe em tudo) – A notícia começou a pipocar na noite de ontem, e na madrugada de hoje saíram os comunicados oficiais. Vettel está fora da Ferrari em 2021. Talvez nunca mais guie um carro vermelho. Afinal, alguém aposta todas suas fichas na realização de um campeonato neste ano? Eu tenho sérias dúvidas.

Sebastian não quis ser escada para Leclerc. A Ferrari estendeu o contrato do monegasco até 2024 e oferecia apenas mais um ano para o alemão, tetracampeão mundial. Ainda queria baixar seu salário. Na negociação, o time italiano topou dois anos, mas com salários mais baixos. Vettel captou os sinais. Aliás, eles eram óbvios a partir do momento em que Maranello resolveu apostar em Charlinho a longo prazo. Sebastian sabe como funcionam as coisas.

O que será de Vettel agora? Quem vai para seu lugar? Como as peças vão se mexer nesse tabuleiro? São perguntas que já têm algumas respostas.

Carlos Sainz Jr. deverá ser seu substituto. É possível que em um ou dois dias a Ferrari anuncie sua contratação. Isso abre uma vaga na McLaren e na imprensa europeia acredita-se que o nome para ocupar o carro laranja ao lado de Lando Norris é o de Daniel Ricciardo. Se isso acontecer, teremos a dupla mais engraçada da história da F-1, no mínimo. Todo mundo precisa agir rápido, agora. Com o australiano deixando a Renault, os franceses terão de correr atrás de algum nome forte, e não há tantos assim no mercado. Além do mais, a equipe amarela não chega a ser muito sedutora, pela dificuldade de conseguir bons resultados, mesmo com um orçamento invejável.

Vettel na Renault? Difícil

Na Mercedes?

Toto Wolff falou sobre o alemão poucas horas depois do anúncio de sua saída da Ferrari. “Somos leais aos nossos pilotos, mas não podemos ignorar o que aconteceu”, disse. Há uma hipótese que, embora um pouco mais remota, não deve ser desprezada: Hamilton na Ferrari. Daí o “não podemos ignorar” do dirigente da Mercedes. Vai que os caras em Maranello resolvem fazer barulho, seria preciso alguém de muito peso para substituir Lewis. Acho difícil, mas não impossível. E ainda tem um “player” correndo por fora chamado George Russell, vinculado à Mercedes e alocado na Williams, que de repente pode dar um salto inesperado na carreira.

Minha primeira reação ao saber da decisão de Vettel foi apostar numa aposentadoria do alemão. Sebastian é uma figura ímpar, que destoa um pouco dos tempos atuais. É o tipo de cara que se precisar parar, o faz sem nenhum drama. Nos últimos dois ou três anos já deu mostras de que a F-1 de hoje o aborrece um pouco. Quanta disposição ele teria para abraçar um projeto de médio ou longo prazo a essa altura da vida? Não muita. Mas um lugar na Mercedes, bom, isso pode mudar as coisas. Ou até na McLaren, a se confirmar a saída de Sainz Jr. para o time vermelho. É bom lembrar que a equipe de Woking, no ano que vem, vai usar os motores alemães. Pode ser, também, um movimento de impacto.

Na Ferrari, Vettel acabou não cumprindo o objetivo de ser um novo Schumacher. Chegou em 2015 e, depois de cinco anos, ganhou 14 corridas e subiu ao pódio 54 vezes em 102 GPs. Foi vice-campeão duas vezes e teve de amargar a quase impossibilidade de título diante do domínio da Mercedes. Não ficou satisfeito. A equipe não ficou satisfeita. O casamento foi se deteriorando e acabou de vez quando o time encontrou um novo amor, Leclerc.

Era um desfecho previsível, no fim das contas. Prolongar a infelicidade mútua não faria muito sentido.