SÃO PAULO (sinais) – Não vou nem escrever nada, nem publicar as fotos. Leiam este post do blog do Victor Martins e tentem interpretar o episódio da chegada de Alonso ontem em Spa. Notem o entusiasmo da Ferrari no pitwall.
Sei não…
Comentários (108)SÃO PAULO (sinais) – Não vou nem escrever nada, nem publicar as fotos. Leiam este post do blog do Victor Martins e tentem interpretar o episódio da chegada de Alonso ontem em Spa. Notem o entusiasmo da Ferrari no pitwall.
Sei não…
Comentários (108)SÃO PAULO (zzz) – A corrida de hoje na Bélgica foi tão boa, mas tão boa, que num dado momento o diretor de TV optou por mostrar, na íntegra, sem cortes, o stop & go de Pastor Maldonado. Faltavam menos de 10 voltas para acabar a prova. Maldonado foi punido por causar um acidente com Paul di Resta numa batalha sangrenta pelo… 14° lugar, no máximo?
E vou te dizer… Por pouco não mostraram replay em câmera lenta da parada de Maldonado, já que, na pista, a corrida de Spa dava sono.
“É o clima, seu estúpido”, diria aquele comentarista. Isso. Exatamente. O clima. Repetindo o que escrevi ontem, sobre uma possibilidade de Hamilton, o pole, vencer. “Não creio, se estiver seco e firme. Aí dá Red Bull, provavelmente com dobradinha. Aliás, Spa quando está seco e firme não tem graça nenhuma, já houve uma ou outra corrida lá chata pacas. Porque é uma pista completa, tem de tudo, subida, descida, curva lenta, rápida, de raio longo, retas enormes, retinhas curtas, chicanes. Em circuitos assim, o melhor carro ganha sempre. Se as condições forem normais, claro. Se o tempo estiver seco e firme”.
O tempo esteve seco e firme, para nossa desolação. Nem um pingo. Nem uma cuspida no asfalto. Zero de água. Agora, quando estou escrevendo, é possível que esteja nevando em Spa. Mas já não importa. As 44 voltas da corrida de hoje aconteceram sem uma gota d’água. E, assim, ela foi chata, previsível e sonolenta. Houve ultrapassagens, claro. Sempre há. E um ou outro bom momento. Mas, tirando Alonso, que saiu de nono no grid para segundo ao final, o resto foi burocrático e irrelevante.
Hamilton desistiu da vitória na primeira volta, quando Vettel passou por cima dele antes da primeira chicane lá no alto, a Les Combes. Passou, abriu e sumiu. Fez as duas paradas de praxe e só foi se preocupar com o lugar onde deveria parar o carro no Parque Fechado. Chegou a cinco vitórias no ano e 31 na carreira, igualando Mansell. Agora, só perde para Schumacher, Prost, Senna e Alonso. Este, com 32. Será ultrapassado ainda neste ano. Certeza. “Concerteza”. E tem 26 aninhos. Além de um cabelo pintado de gema de ovo. Pode pintar da cor que quiser. Guiando o que guia, com o que já conseguiu, pode pintar de azul e amarelo com estrelinhas vermelhas que ficará lindo. Galvão já pode gritar “é tetraaaaaa”. Abriu 46 pontos de Alonso. Como é que Alonso vai descontar 46 pontos?
Alonso. Foi o nome da corrida. Nono no grid, passou em quinto na primeira volta depois de uma largada esperta e precisa. Na quarta volta, passou Button e foi a quarto. Na sexta, levou Rosberguinho. Na 15ª depois do primeiro pit stop, jantou Hamilton. Ainda precisou passar Button de novo, após a parada — o inglês da McLaren iria parar um pouco depois, na volta 18.
Mas acabou a prova com a cara de quem tinha tomado uma caipirinha sem açúcar. Só foi relaxar um pouco no pódio. Deve ser mesmo uma agonia saber que é bom o bastante para vencer qualquer um, mas não conseguir, simplesmente, porque o carro não vai. A última do Domenicali, após o GP: “Precisamos melhorar em ritmo de corrida com pneus duros”. Até outro dia, era “precisamos melhorar em ritmo de classificação com pneus macios”. Se precisa dos dois, é porque está fodido, amigão.
O que mais dizer deste domingo seco de Spa? Que Massa largou mal, caiu de 10° para 12°, assim como Webber, como sempre, de terceiro para sexto. Que foram rigorosos demais nas punições a Pérez (acharam que jogou Grosjean para fora) e Gutierrez (teria levado vantagem numa manobra por fora do leito da pista). Que acertaram ao punir o desastrado Maldonado, que bateu em Di Resta numa disputa quádrupla. Que Raikkonen até que durou muito com os freios em frangalhos, abandonando depois de 27 provas seguidas nos pontos (a última zerada tinha sido na China no ano passado) e 38 consecutivas sem quebras ou acidentes (o último abandono acontecera na Alemanha em 2009, ainda pela Ferrari, antes de seus dois anos sabáticos). Que Sutil fez a mais bela ultrapassagem da prova, sobre Gutierrez, na Eau Rouge. Que Grosjean foi o único a optar por uma parada, na 23ª volta, e não deu muito certo, porque terminou em oitavo, uma posição atrás daquela em que largou.
Vettel, Alonso a quase 17s e Hamilton a quase 28s do vencedor, este foi o pódio belga, com um doido pendurado na cobertura da arquibancada tentando aparecer na TV. Ou tentando protestar contra algo, o Greenpeace estendeu uma faixa contra as atividades da Shell no Ártico, antes da prova.
Fecharam a zona de pontos, com a maior discrição possível, Rosberguinho, Webber, Button, Massa, Grosjean, Sutil e Ricciardo. Este, por ter largado em 19°, merece uma menção honrosa. Boas corridas do australiano apenas reforçam a disposição da Red Bull em promovê-lo a titular no ano que vem.
No campeonato, Vettel foi a 197 pontos. Alonso voltou à vice-liderança, 151. Hamilton tem 139 e Raikkonen caiu para quarto, 134. Sim, podem dar a taça para ele.
Comentários (227)SÃO PAULO (eu falo…) – Podem construir quantos autódromos quiserem no mundo. Para corrida noturna, com refletores de led, boxes com ar-condicionado, torres de controle espelhadas, inventem o que quiserem. Mas nunca conseguirão fazer algo parecido com Spa.
Onde mais, com o cronômetro zerado, um cara que está na pole, de uma equipe pequena, vê ruir seu sonho em questão de segundos pelos que ainda estavam na pista? Pista que estava molhada, piorando, mas de repente melhorou? Onde mais três dos quatro carros das piores equipes do universo seriam capazes de passar para o Q2 numa classificação de F-1? Onde mais um piloto que vinha se arrastando nos treinos consegue, do nada, arrancar uma pole na qual nem ele, nem o time, nem ninguém acreditava?
Só em Spa-Francorchamps.
“É o clima, seu estúpido!”, diria famoso colunista de economia. Verdade, é o clima. Sempre foi assim em Spa. Viram ontem o vídeo da corrida de 1955? Já tinha chuva, já tinha sol, tudo junto e misturado. Só mesmo nessa santa pista belga.
Bem, como todos já sabem a esta altura do dia, deu Hamilton de novo. Aos números, para não escapar nada: quinta dele no ano, quarta seguida, oitava da Mercedes em 11 GPs nesta temporada, 31ª do piloto inglês na carreira. É o sétimo nas estatísticas, uma pole atrás de Mansell e duas atrás de Prost e Clark.
“Não acredito!”, está gritando Lewis até agora, e gargalhando do destino. Vai ganhar a corrida amanhã? Não creio, se estiver seco e firme. Aí dá Red Bull, provavelmente com dobradinha. Aliás, Spa quando está seco e firme não tem graça nenhuma, já houve uma ou outra corrida lá chata pacas. Porque é uma pista completa, tem de tudo, subida, descida, curva lenta, rápida, de raio longo, retas enormes, retinhas curtas, chicanes. Em circuitos assim, o melhor carro ganha sempre. Se as condições forem normais, claro. Se o tempo estiver seco e firme.
Só que não vai estar seco e firme, as condições em Spa quase nunca são normais, então que não se arrisque muita coisa nos palpites. Pode acontecer qualquer coisa, como aconteceu hoje na classificação. No Q1 o Van der Garde ficou em terceiro. Chilton e Bianchi passaram ao Q2. Só em Spa, lembrem-se. Barrichello fez uma pole lá de Jordan em 1994. Fisichella, de Force India em 2009. É a delícia do caos, é o clima, seu estúpido.
Vamos lá, ao que rolou nas Ardennes hoje. No Q1 a pista estava um sabão dos infernos, todos saíram de intermediários, garoava, e as primeiras voltas foram fechadas, pela turma da ponta, em 2min06s. No seco, para comparar, os mais rápidos estavam virando na casa de 1min48s. Mas em Spa o asfalto seca rápido. A 9 minutos do final, já tinha um trilho. E faltavam 5 quando Chilton, o marússico, colocou slicks. Bianchi e Van der Ley, da Caterham, fizeram o mesmo. O que é um peido para quem já está todo cagado?, como diz uma amiga minha, finíssima. As nanicas ficam sempre nas duas últimas filas. Vamos arriscar, ora bolas. Pic só não colocou slicks também porque seu carro foi parado para a pesagem. Senão, seriam os quatro a causar.
E causaram. Van der Ley ficou em terceiro, Bianchi em 11° e Chilton em 16°. Todos passaram ao Q2, para gáudio dos que torcem para os mais fracos. Alonso foi o mais rápido virando dois duro (2min00s, leigos), seguido por Hamilton e o já citado Van der Garde. Dançaram na primeira degola: Maldanado (que no fim do Q1 chegou a ficar em primeiro, quando a pista estava secando, e em segundos despencou para o inferno), Verme, Ricardão, Sapattos, Guti-Guti e Pica.
O Q2 não seria muito dramático porque, na prática, de 16 participantes apenas 13 disputariam os dez primeiros lugares para ir ao Q3. Afinal, os três nanicos já tinham cumprido a cota de milagres do dia. E a chuva tinha parado. Deu tempo até de experimentar os pneus médios e os duros. Os tempos caíram para 1min50s. Mesmo assim, quando o cronômetro zerou Massa, Rosberg e Di Resta eram os três eliminados junto dos pequeninos. Mas estavam na pista, ainda, fechando voltas. E todos conseguiram seu lugarzinho no Q3, deixando para trás, a partir do 11°: Incrível Hulk, Futil, Chapolim, Van der Ley, Branquinho e Chaton. Raikkonen fechou essa parte do treino na frente, com 1min48s296 — estava tudo seco mesmo, parecia que nunca tinha chovido na história belga. Quem bateu na trave foi Hamilton, o décimo. Estava apagado, o inglês.
E quando começou o Q3, o que veio junto? A chuva, claro. Óbvio. Estamos falando de Spa. Todos saíram de slicks médios, menos Di Resta. No meio da pista todos viram que com pneu de pista seca não ia dar, e voltaram todos para os boxes para colocar intermediários. Menos Di Resta, que já tinha esses pneus desde o início e, assim, conseguiu dar uma volta sozinho, sem mais ninguém na pista, e no melhor momento do asfalto: seco no começo da volta, não muito molhado no fim dela. Resultado: 2min02s332. E a chuva apertando. Pole, uai! Aposta certeira, monstro, mágico! Iria repetir o que fez Fisichella na mesma Force India em 2009, demais!
Como o tempo no Q3 é curto e na Bélgica as voltas são longas, a correria foi imensa. Enquanto Di Resta dava sua volta, os demais trocavam os pneus. Massa foi o primeiro da fila a sair dos boxes com intermediários e virou 1s727 mais lento que Paul. Alguma dúvida que o escocês tinha dado o tiro definitivo? Todos seriam mais lentos que ele, a chuva estava apertando, bingo!
Mas, ops… Rosberguinho fechou uma volta 0s541 mais lento, apenas. Será possível que em dois minutos a chuva vai parar, a pista vai melhorar e todo mundo vai me passar?, perguntou-se Resta Um, intrigado. Sim, Resta Um. É Spa. E foram assim os dois minutos finais da classificação. Cronômetro zerado, um monte de gente com volta aberta, Rosberg fecha mais uma 0s081 melhor que Di Resta, tirando o doce da boca do forceíndico. Aí vem a dupla da Red Bull e crava primeiro e segundo, antes Webber, depois Vettel. E então surge Hamilton, que apresenta o nabo da Mercedes ao resto do mundo com 2min01s012 para ficar com a pole. Uma volta incrível, de um piloto que tem algo a mais.
Hamilton, Vettel, Webber, Rosberg e Di Resta ficaram com os cinco primeiros lugares. Button, Grosjean, Raikkonen, Alonso e Massa fecharam o top 10. A Ferrari pode andar mais que nono e décimo, suas posições de grid. A Lotus também. Seus pilotos, porém, por questão de segundos, acabaram não pegando a pista do jeito ideal, algo que Rosberg, Hamilton, Vettel e Webber conseguiram. Faz parte. É Spa.
Que seja assim o GP amanhã. Uma zona federal. E se tiver de torcer para alguém, que seja para Hamilton, piloto muitas vezes comovente na disposição, no entusiasmo, no amor às corridas. E o único, nesta segunda metade da temporada, que pode incomodar Vettel. O alemãozinho deve conseguir o tetra, é favorito e merecedor. Mas que tenha algum trabalho para isso. Muito fácil não tem graça.
Comentários (66)SÃO PAULO (passado, sempre) – A Shell fez uma coisa bacana na véspera da abertura dos treinos em Spa. Levou Alonso e Massa a um cinema antigo em Malmedy para a exibição do filme “1955 Belgian Grand Prix”. Aí os dois se vestiram com figurinos dos anos 50 e posaram para fotos com meninas lindas, diante de uma antiga bomba de gasolina. Ainda teve banda tocando músicas de época, exposição de clássicos e tudo mais. Acho o maior barato esse tipo de evento.
O filme, que é lindo de morrer, está aqui.
Comentários (35)SÃO PAULO (ah, o fim de semana…) – Antes de falar dos treinos de hoje em Spa, vejam as declarações de Button no original:
It’s great to be back at Spa – the circuit is simply stunning! It’s one of the best circuits for a driver, so fast and flowing. You have true racing fans here too, which is fantastic to see. Okay, the circuit is a bit unforgiving, but in a way I don’t mind that. I think we’ve lost a bit of that element with some of the newer circuits we’ve seen arrive on the calendar over the past few years. The old classics are the ones that really remind me why I love this sport so much: here, Monza, Suzuka etc.
Precisa traduzir? OK, rapidinho, e só as frases que interessam: “Aqui a gente tem fãs de corrida de verdade. A pista não perdoa erros, mas não me importo. Nós perdemos esse elemento com esses novos circuitos que foram entrando no calendário nos últimos anos. Os velhos clássicos são os que realmente me fazem lembrar por que eu amo tanto este esporte: aqui, Monza, Suzuka…”
É isso. Spa é um clássico. Uma pista de verdade para pilotos de verdade. É o lugar que costumo indicar a quem me pergunta qual corrida é legal de ver ao vivo na Europa. Spa, sem dúvida. Mais que Mônaco? Mais que Mônaco. Pela ordem, Spa, Monza, Nürburgring e Silverstone, na Europa. Mônaco bem depois.
Vettel e Webber voaram hoje e enfiaram quase 1s em Grojã, o terceiro colocado. De manhã a pista estava úmida. Pode ser que chova amanhã e domingo. Oh, que novidade. E tomara que chova mesmo. Faz tempo que não tem uma corridinha com chuva.
A Force India será a pequena a incomodar lá na frente. A Mercedes ainda está adormecida. Pelo que fez nas provas antes das férias, eu esperava mais. Veremos na classificação e na corrida. É a única chance de este campeonato recuperar a graça em sua segunda metade: a Mercedes andar bem e desandar a ganhar corridas para deixar a Red Bull nervosa. Caso contrário, já era.
“Ah, mas e a Ferrari e o Alonso?”, perguntarão alguns. O que tem?, responderei eu. “Não vão ganhar corridas e brigar com o Vettel, o Alonso e nosso Felipe?”, insistirão alguns. Não, não vão.
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