Blog do Flavio Gomes
F-1

CHUTOU O BALDE

SÃO PAULO (com razão) – Rubens Barrichello, em entrevista na Itália, deu um bico no balde da Williams. Com meros quatro pontos no Mundial, sem conseguir chegar ao Q3 nenhuma vez no ano, o veterano brasileiro, que ainda não renovou seu contrato, escancarou sua insatisfação com o time. Que é fraco, mesmo. Uma ex-grande, com […]

SÃO PAULO (com razão) – Rubens Barrichello, em entrevista na Itália, deu um bico no balde da Williams. Com meros quatro pontos no Mundial, sem conseguir chegar ao Q3 nenhuma vez no ano, o veterano brasileiro, que ainda não renovou seu contrato, escancarou sua insatisfação com o time. Que é fraco, mesmo. Uma ex-grande, com parcas perspectivas de melhora no ano que vem. Vai trocar o motor Cosworth pelo Renault, o que não quer dizer muito (é só ver a Lotus verde, que fez o mesmo neste ano e continua lá atrás, apenas um tiquinho melhor que Hispania e Virgin). E está renovando seu corpo técnico sem estrelas ou loucuras financeiras, até porque a grana é curta. Vai seguir igual.

Rubens, ainda segundo a imprensa europeia, diz não saber se quer continuar, desse jeito. Talvez não seja nem uma opção. Sendo honesto, Barrichello pode ter a bagagem que tiver, mas não está nas suas mãos a decisão de ficar. A Williams é que vai escolher quem corre no segundo carro em 2012, porque o primeiro é de Maldonado, ou de quem a PDVSA indicar. Ah, antes que comecem a esbravejar, os ordinais “primeiro” e “segundo” na frase anterior se referem ao carro, não ao status de cada piloto. E se quiser dispensar Barrichello, dispensa.

Vai perder muito? De novo, sendo muito honesto, não. Claro que Rubens, com sua experiência e motivação, ajuda. Mas não depende dele transformar a Williams numa equipe vencedora. E quando começa a expor seu desagrado publicamente, passa a atrapalhar. O clima não fica legal. Daí que nomes começam a surgir no horizonte, sendo o de Hülkenberg o mais forte. Até porque o alemão já correu lá e foi o responsável pelo solitário brilhareco da Williams nos últimos anos, a pole em Interlagos na temporada passada.

O poderoso Hulk custa menos que Barrichello, é novinho e pode até ajudar nas finanças se sair atrás de patrocinadores na Alemanha. Rubens há anos não leva dinheiro para lugar algum. É bem remunerado e não tem patrocinadores brasileiros. É um funcionário que pesa na folha de pagamento.

Mais uma vez sendo muito honesto, Barrichello não é exatamente um bom negócio para o atual momento da Williams. Suas qualidades, que não são poucas, representam pouco na conta final quando se trata de avaliar investimento e resultados. A história de custo/benefício. O custo está ganhando.

Vão dizer que estou aposentando o piloto, mas não se trata disso. Trata-se de olhar para a situação com o distanciamento necessário, algo que a imprensa brasileira geralmente não tem quando fala de “nossos” atletas. A carreira de Barrichello, bom piloto, de currículo sólido e respeitável, está chegando ao fim. A questão relativa ao seu futuro se resume a: quem quer/precisa de um piloto como Barrichello?

Hoje, acho que ninguém. Porque a fila anda, é assim e pronto.