Blog do Flavio Gomes
F-1

SEM BRASIL

SÃO PAULO (desta semana não passa) – É a semana mais quente do ano na F-1 no que diz respeito ao mercado de pilotos. E ao futuro do Brasil na categoria, também. As últimas notícias na Europa dão conta de que Kimi Raikkonen vai anunciar o que fará em 2014 nas próximas 48 horas. Prazo […]

SÃO PAULO (desta semana não passa) – É a semana mais quente do ano na F-1 no que diz respeito ao mercado de pilotos. E ao futuro do Brasil na categoria, também. As últimas notícias na Europa dão conta de que Kimi Raikkonen vai anunciar o que fará em 2014 nas próximas 48 horas. Prazo que teria sido dado por ele mesmo à Lotus para provar que tem como pagá-lo direito. Há rumores indicando que o time lhe deve uma boa grana, bônus por pontos conquistados, e não ofereceu garantia nenhuma de que terá estrutura financeira para arcar com seus altos salários no ano que vem. E, por consequência, de lhe dar um carro com potencial de ganhar corridas.

Não há terceira opção para Raikkonen, como se sabe. Depois que a Red Bull confirmou Ricciardo para o lugar de Webber, é ou ficar na Lotus, ou correr na Ferrari. Portanto, a semana é decisiva também para Massa. Se sair, corre onde? Na Lotus? Foi hipótese que levantei ontem apenas porque me parece o único lugar decente para um piloto egresso de um time grande como a Ferrari. Mas não é muito provável que a Lotus o queira. A ver. Depende de muita negociação.

O Brasil, assim, pode ficar sem um piloto na F-1 pela primeira vez desde a estreia de Emerson Fittipaldi na categoria, em 1970. Felipe Nasr? A informação que eu tinha é que ele iria correr, sim, porque a TV Globo está fazendo gestões nesse sentido, inclusive junto a patrocinadores. A emissora considera importante haver um brasileiro no grid para continuar com suas transmissões, dando o espaço que a F-1 tem em sua grade. Mas Nasr não está garantido, não. O fim de semana foi muito ruim para ele e sua temporada na GP2 não é propriamente brilhante. Portanto, se arrumar onde correr, será em equipe pequena precisada de dinheiro. Nada que entusiasme muito o público no Brasil, alimentado a ufanismo desde sempre. Uma possibilidade de Toro Rosso já foi descartada por Helmut Marko em entrevista a Livio Oricchio, do “Estadão”. Ele diz que o substituto de Ricciardo virá necessariamente do programa de desenvolvimento de jovens talentos que a Red Bull conduz em várias categorias.

Brasil sem piloto na F-1 é algo que, realmente, choca. Afinal, são mais de quatro décadas com alguém representando o país. E, na maior parte desse tempo, sempre com pelo menos um em equipe de ponta. Choca, mas não surpreende. Há quanto tempo a gente diz aqui que isso, cedo ou tarde, iria acontecer? Que sem automobilismo interno forte a tendência era essa?

Portanto, a se confirmar uma eventual dispensa de Massa nesta semana e sua saída de cena, veremos como ficará a F-1 por aqui. Hoje, o Mundial tem representantes de 11 países no grid: Alemanha (4), Austrália (2), Espanha, Brasil, Inglaterra (3), México (2), Finlândia (2), França (4), Escócia, Venezuela e Holanda. É curioso notar que seis desses países, os seis últimos da lista, não têm etapas no calendário — o México deverá entrar no ano que vem. Também é curioso notar que dos 19 países visitados pela F-1 todos os anos, nada menos do que 14 não possuem pilotos disputando o campeonato. Os que têm são Alemanha, Austrália, Espanha, Inglaterra e Brasil. E mesmo assim a F-1 enche as arquibancadas em boa parte dos autódromos, exceções feitas a Bahrein, China e Malásia. Talvez Índia e Coreia possam ser incluídos aí também.

Mas há GPs que lotam até a tampa mesmo sem que o público, teoricamente, tenha para quem torcer. Os casos mais claros são os do Canadá, do Japão, da Bélgica, da Hungria e da Itália. Cada um com seus motivos particulares. Montreal é apaixonada pela F-1 desde os tempos de Villeneuve. Os japoneses são loucos por corridas. A Bélgica é pertinho da Alemanha, assim como a Hungria, ambos países centrais que atraem gente da Europa toda. Os italianos têm a Ferrari.

E o Brasil, neste futuro sombrio sem pilotos? Como ficará Interlagos? A F-1 se sustenta por aqui sem alguém com chances de ganhar uma corrida?

Bem, deveremos saber nesta semana se essas pergunta serão feitas. E, se forem, as respostas teremos a partir de 2014.