SÃO PAULO (eu quero) – Querem saber onde a Audi apresentou o Q2? Em Cuba! Aqui tem mais fotos sensacionais e um vídeo, também. O Jose Armando San Pedro Miralles mandou a dica. Ah, ele é cubano.
GRACIAS TOTALES
Por TALES TORRAGA*
Desculpa a demora. Não sabia o que escrever. Sigo sem saber. Foda-se.
Não vou escrever sobre o lugar. Lugares me importam um caralho, você sabe.
Vou escrever com palavrão. Homenagem a você. Não os falo mais.
Quase não falo mais.
Quer que eu escreva da salinha? Gesso, carpete e tinta. Só.
Nossa história é do caralho, Anão. Fodida mesmo. Sei lá se é boa ou ruim, só sei que merece mais que um texto único. Talvez um livro. Pouquíssimos, põe poucos nisso, começaram a trabalhar descobertos e lapidados pelo ídolo.
Merece um livro. Não por mim ou por você. Pela generosidade. Só ela explica você parar qualquer coisa e cuidar de um caipira de 15 anos cuja habilidade única era lembrar a marca da luva do Pace em 1973 ou o acerto de câmbio do Hill em Adelaide 1994.
Alienado da porra, um puta retardado.
Treina com os profissionais, faz pré-temporada, amistoso, joga contra o time pequeno.
Os 19 anos me jogaram na cara a camisa 5.
Você, Pelé para mim, com a 10, Everaldo, um Didi, com a 8. Um fenômeno, El Cabezón.
11 de junho de 1996, te visitei pela primeira vez, catei o trem, 27 estações até chegar, metrô Brigadeiro, 27, Senna e Villeneuve. Deu certo, pensei. A gente não pensa só bobagem.
1997, andei à noitinha 6 km da República até você, sem um puto, não tinha nem pra voltar pra Mogi, nem RG eu tinha, jogava xadrez apostando grana com os velhinhos, eles me zeravam e eu saía na mão e apanhava de bengala, você, mijando de rir, me dava o cinzeirão cheio de moeda, “Pega tudo, vê se come, estuda final em vez de brigar.”
1998, sem avisar un huevo, “Toma, é teu”, me entregou o livro do Boy George. “Estava em Londres, lembrei de você, comprei”. Li em dois dias. Nem fui pra escola.
Quando quiser entender por que mudo tanto, taí a razão. Karma Chameleon. Boy George e Bobby Fischer. Camaleão e doidão. Así fue. Jajaja.
1999, começamos o site, você soube que eu tava sem geladeira, me deu cheque em branco, “Compra lá, para de beber, sua mãe está preocupada”, ela te ligava sem eu saber, sigo sem saber o que falavam, e se não sei é melhor não saber.
2000, escrevi besteira qualquer, estava na Paulista, você na Alemanha, sábado da primeira vitória do Barrichello, caguei numa estatística, sabia que os italianos e suecos liam a gente e publicavam nossas efemerdas, te liguei com o cu piscando, os caras já tinham fechado, “Relaxa, valeu avisar, falo com eles, cheque nas próximas.”
Esporro é para os fracos.
2003, quis sair, tinha 22 anos, não sabia o que estava fazendo, sigo sem saber, você me acompanhou até o elevador para se despedir, quase chorando, não dei bola, idiota e insensível, falei qualquer besteira, é sempre melhor ficar quieto, e a gente depois se viu vez ou outra, dois caras livres sem se encher, segui juntando letrinha, você também, no fundo o que a gente faz é um punhado de papel com tinta.
Hoje, nem papel nem tinta. Irrelevância total. O mundo está explodindo e a gente está apertando o botão.
Aprendi no 807 que era outro tempo e as pessoas teclavam menos e se viam mais, aprendi que a gente era mais gente, eu não parava de abrir a porta, abraçar e pedir um café para o Fábio Seixas, cara que adoro, você sabe, para o Cândido Garcia, para o Reginaldo Leme, para o Edgard Mello Filho, para o Claudio Carsughi, para o Téo José e para o Francisco Santos (!), digo que aprendi que abrir a porta, abraçar e servir café é muito mais importante que o pneu do Trulli ou a asa do Schumacher.
Apegou, aprisionou, Enano.
Gracias TOTALES y siempre, loco. Te quiero.
MONZA 2017
SÃO PAULO (haja freio) – Bom, vamos ver se esse troço se confirma. Ao que tudo indica, o traçado de Monza será modificado no ano que vem. A primeira chicane será eliminada, e no lugar dela a reta será estendida, claro, chegando a 1,4 km. Aí, nada do Curvone: ela será substituída por uma curva de alta para a direita e uma chicane rápida para retomar o traçado em direção à Roggia e à Lesmo. Não sei se expliquei direito, mas está no desenho aí em cima.
Sou um tradicionalista para algumas coisas. As duas chicanes que conhecemos — Variante del Rettifilo e Ascari — foram inseridas no traçado original em 1972, porque a pista era rápida e perigosa demais. Assim, não vi Monza antes disso. Gosto do Curvone — ou Biassono, cada um que chame como quiser. Mas também não é nada de tão espetacular. Questão de hábito, mesmo. Mas não sei se mexeria, nem sei se vai mudar muito as coisas.
Só sei que as velocidades, que já são altas, serão ainda mais com a reta mais comprida.
JÁ DEU?
SÃO PAULO (já) – A pergunta se refere a Kimi Raikkonen. Quando ele voltou à F-1 em 2012, depois de dois anos correndo no Mundial de Rali, todos celebraram. Porque numa Lotus divertida e despretensiosa, o cara mostrou que não tinha perdido a mão.
Logo no primeiro ano no time preto e dourado, uma vitória, sete pódios, duas voltas mais rápidas, 207 pontos e nada menos do que um terceiro lugar no campeonato. Em 2013, mais uma vitória, mais oito pódios, mais duas melhores voltas, 183 pontos e um digníssimo quinto lugar na classificação.
Números e desempenho justificaram a volta à Ferrari, onde conquistou o título de 2007. Só que, aí, apagou a chama. Em 2014, o finlandês ficou em 12º, fez uma volta mais rápida em GP e mais nada. No ano passado, foi um pouquinho melhor: três pódios, duas melhores voltas, quarto colocado. Já igualou os pódios nesta temporada. Mas é pouco.
[bannergoogle]Pouco, porque a Ferrari exige mais. E talvez esse tenha sido seu erro. Retomar a trajetória interrompida em 2009 num ambiente já conhecido, quando talvez fosse melhor seguir em algum time “outsider”, fora do “mainstream”. Não saberia dizer qual. Hoje, certamente, seria algo como a Haas. Um lugar onde ninguém enche muito o saco e o deixa em paz. Na Ferrari, não se tem paz.Ah, a propósito… Kimi foi perdoado pela chefia pela performance patética em Mônaco. “Ele não gosta da pista”, contemporizou Arrivabene.
Bom, o contrato termina no fim do ano. Duvido que seja renovado. Será um erro da equipe. E dele. Acho que se quiser continuar correndo, Raikkonen deve procurar algo que tenha seu perfil. Para 2017, uma Renault, por exemplo, pode ser interessante. Ou até a própria Haas, porque estou achando que Grosjean é um nome muito interessante para Maranello neste momento.
NO AR, “PADDOCK” #31
SÃO PAULO (cadê o Martins?) – Desculpem a hora. Fui chamado a fazer um check up, só porque passei dos 50. Muito preconceito. Por isso, o dia todo na rua. E nem comecei direito. Aff.
Bom, o “Paddock GP” de ontem, comigo, Juliana Tesser, Vinicius Piva, Gabriel Curty e Vitor Fazio, sob direção de Rodrigo Berton, falou de tudo que deu tempo para falar — especialmente Mônaco e 500.
Se não deu para assistir ao vivo, aí está.
FOTO DO DIA
O CAOS
SÃO PAULO (amo de paixão) – Faltou dar um pitaquinho aqui sobre as 24 Horas de Nürburgring, no fim de semana — deu Mercedes, domínio impressionante, mas isso não vem ao caso.
O que se viu no Nordschleife foi uma das corridas mais caóticas de todos os tempos. Porque não teve chuva. Teve chuva, granizo, tempestade de raio, neve, furacão, tsunami, tufão, erupção vulcânica, ciclone e, para arrematar, o apocalipse.
O Ricardo Divila mandou três vídeos. Esse aí embaixo é o que mais me impressionou — pela violência do clima e por ver os pilotos simplesmente estacionando na pista, apavorados. Mas tem mais estes dois aqui e aqui, igualmente divertidos.
Ninguém se machucou, que eu saiba.