Blog do Flavio Gomes
F-1

SPRING ROLLS (10)

RIO DE JANEIRO (e ponto final) – Foi ótimo o que aconteceu na China no fim de semana. A Red Bull provou que a gritaria contra os difusores da Brawn, da Toyota e da Williams não passa de histeria de maus perdedores. No seco, Vettel fez a pole e Alonso ficou em segundo no grid. Na […]

RIO DE JANEIRO (e ponto final) – Foi ótimo o que aconteceu na China no fim de semana. A Red Bull provou que a gritaria contra os difusores da Brawn, da Toyota e da Williams não passa de histeria de maus perdedores. No seco, Vettel fez a pole e Alonso ficou em segundo no grid. Na chuva, os dois pilotos da Red Bull chegaram à frente da dupla da Brawn, que assustou todo mundo na Austrália e na Malásia.

Ou seja (como diria Luciano Burti): os carros da Brawn não são imbatíveis. E não são apenas os difusores mágicos que determinam seu bom desempenho. Há muito mais debaixo daquela carenagem branca do que orifícios no assoalho e um túnel de dois andares no rabo. A Red Bull não os utiliza e andou na frente de ambos. A Renault enfiou um difusor genérico no carro de Alonso e já foi o bastante para que ele deixasse a dupla BB para trás na classificação.

A história de que o campeonato já acabou “se não fizerem alguma coisa” contra os difusores, discurso adotado enfaticamente por Felipe Massa e pela Ferrari desde Melbourne, não passa de uma falácia. Em 2002 e 2004, anos de domínio absoluto do time de Maranello, ninguém ficava choramingando pelos cantos. Admitia-se, pura e simplesmente, a superioridade de um time muito bem azeitado, que tinha comando, pessoal técnico competente e um piloto excepcional. O massacre era encarado com naturalidade e resignação. Quem quisesse deter a turma de Schumacher & cia. limitada que trabalhasse.

Aliás, por que a Ferrari podia massacrar todo mundo, como a McLaren e a Williams também fizeram em passado recente, e uma Brawn GP não pode? Só porque é estreante, pequena, surpreendente? Conversa fiada. A Red Bull derrubou seu muro das lamentações e foi à luta. Interpretou o regulamento de outro modo, chegou a contestar os difusores brawnianos, mas parou de reclamar. A discussão sobre essa pequena peça — ou mais do que isso, desse princípio aerodinâmico aplicado por três das dez equipes — não pode encobrir o conceito de meritocracia que, felizmente, está se sobrepondo à questão econômica numa F-1 que quase sempre foi muito mais generosa com quem tinha mais dinheiro para gastar.

Os difusores da Brawn não têm culpa se o KERS de Raikkonen pega fogo, ou se o motor de Massa se autodesliga, ou se Nelsinho não guia nada, ou se Kubica e Heidfeld andam emburrados pelo paddock porque não sabem se usam o KERS ou um saco de arroz como lastro. São, bem mais do que uma revolução técnica — longe disso, sua concepção é até bastante simples e óbvia —, a maior desculpa esfarrapada que as ex-grandes já encontraram para explicar seus fracassos.

Estou morrendo de rir da choradeira.