SÃO PAULO – Man está particularmente cruel, neste ano. Hoje, mais dois pilotos morreram. Um deles, coisa horrível, levava sei filho como co-piloto no sidecar. Já são quatro mortes nesta edição.
COM CANA DÁ (1)
SÃO PAULO (só bebendo, mesmo) – Tudo muito normal na abertura dos trabalhos em Montreal. Hamilton dominou o dia. Foi o mais rápido de manhã e à tarde. Vai virar o jogo? É o que o GP do Canadá vai dizer. Pode virar psicologicamente, com uma nova vitória. E matematicamente, se vencer e Robserguinho for abduzido por alguma nave do sistema planetário de Alfa do Centauro. O momento parece ser dele.
Mas é claro que chegar a conclusões como essa depois de treinos livres é meio chutado. Apenas acho que o momento parece ser dele. São aqueles altos e baixos que qualquer piloto tem numa temporada. Nico-Nico no Fubá começou lá no alto e Lewis, lá embaixo. Em Mônaco, as coisas se inverteram. Vamos ver como o alemão platinado vai lidar com a situação. Ele falou que a prova do Principado já está morta e enterrada.
mas eu dizia que foi tudo muito normal porque foi mesmo, com a Ferrari e a Red Bull aparecendo na frente, Verstappen melhor que Ricciardo, a turma intermediária no pelotão intermediário e os brasileiros, mal. Massa bateu forte de manhã. De tarde, ficou lá atrás — Bottas foi o sexto. Felipe falou sobre o acidente e disse que, apesar de tudo, o dia foi positivo. Sobre as causas da pancada, apenas três letras: “d”, “r” e “s”. Ou: DRS. Ou: asa-móvel. Ou: asa-móvel que não fechou quando tinha de fechar.
Nas posições intermediárias, nada de muito relevante a destacar.
O bico novo da Mercedes foi a novidade técnica do dia. Não sei como chamar esse negócio. Minha primeira impressão foi que colocaram um apagador de giz na asinha. Mas alguém se lembra de apagador de giz? Bom, é mais ou menos como esse troço aí do lado. Na minha casa tinha também um negócio para limpar disco de vinil nesse formato. Não sei para quê serve. Acho que para melhorar os fluxos de ar sob, sobre e ao redor do carro.
No item “declarações estranhas”, duas. A primeira, de Alonso. “A McLaren pode ser campeã em 2017“. A segunda, de Ricardão. Só que este fala em ser campeão em 2016.
Esses caras andam bebendo.
MAHAR GUIOU MEU CARRO
SÃO PAULO – Foi em Caxambu, em 2012. Ele já não andava muito bem das pernas (sorry, Mestre, perdi o amigo, então que se foda, não perco a piada), mas fez questão de dirigir o DKW mais esquisito que já vira.
Claro que sabia que não era um DKW. Ele sabia tudo. Apenas pediu para afastar o banco um pouco. O câmbio no chão. Essa relação de marchas é melhor que qualquer uma que o Jorge Lettry imaginou, disse, logo de cara. O que restou de seu pé esquerdo na embreagem. Tá dando?, perguntei. Quando eu não puder dirigir, me mato, respondeu.
A direção segura e precisa, mesmo com todas as dificuldades. Mesmo com todas as dificuldades, ele guiou o DKW da Alemanha Oriental, dele se enamorou e aproveitou para ministrar a breve aula do dia. Isso aqui foi feito em Eisenach, contou, e nesse castelo de merda Lutero traduziu a Bíblia, que em alemão é incompreensível. Onde é a roda-livre?
E eu só conseguia escutar e rir. E mostrei onde era a roda-livre.
Contador de histórias e conhecedor da História, era o cara que mais entendia de automóveis no universo. E de motos e aviões. E do Rio. Puta que pariu, como ele gostava do Rio, como ele ERA o Rio! E não tinha caso que não terminasse com uma piada, uma sutileza, uma sacanagem. Para nos coalhar de encantamento e sabedoria.
O Mestre tinha lá suas preferências. O Mahalet e a Mahavan, seus dois filhotes queridos da marca da gravatinha. E os DKWs, paixão nada secreta — porque foi a mais de um dos nossos encontros embebedar-se da fumaça azul. E as Alfas. E como presidente vitalício da ACHUBERJ e da ACHUCURJ, todas as mulheres do mundo — inclusive Demi Moore.
Ele bebia, fumava, trepava, comia, amava, namorava, acelerava, tudo em quantidades industriais, e se a vida lhe cobraria um preço, às favas com a vida.
Às favas com a vida, meu mestre Mahar.