RIO (abaixo de zero) - Eu coleciono carros. Às vezes me acho meio maluco, mas quando isso acontece assisto aos vídeos do amigo Osvaldo Strada, que coleciona FNMs (e outros caminhões, restaurados à perfeição, à irritação!). E às vezes aparecem outros malucos-beleza do mesmo naipe, como este Thiago Maciel & seus amigos — indicação do blogueiro Williams, nos comentários.

Essa turma comprou um CMA Flecha Azul V ex-Cometa que estava labutando sob outra bandeira e o restaurou nas cores da histórica companhia — que faz parte da memória afetiva de qualquer um que já tenha andado de ônibus neste país. A Cometa continua na ativa, com outra pintura em seus carros, menos marcante, mas ainda merece o respeito das gentes das estradas. Tem nome, porte, tradição.

Pena que aquela marca registrada do alumínio-azul-bege foi deixada de lado, mas ainda bem que alguns estão preservados. A própria Cometa tem algumas unidades, pelo que eu sei, e chegou a colocar um deles em ação alguns anos atrás para comemorar um aniversário da empresa.

Esse do Thiago é mais um que volta à vida na configuração original. Falta apenas restaurar o interior. Vejam que coisa mais linda que ficou. Dá gosto, alegria de ver. Parabéns! Eu adoraria andar num desses por algumas horas, em silêncio, olhando pela janela. Quem sabe quando estiver pronto o Thiago me convide (se ler isso aqui, claro).

Vejam que graça de vídeo mandou o Thiago Bosco. A miniatura é 1:14. Não conhecia a marchinha.

O Ronaldo Benvenuti viu o ex-Cometa no Jabaquara. Detalhe: tem placa preta. Outro detalhe: não deveria, por causa dessas faróis ridículos.

GUARUJÁ (quero ver!) – Grande ideia, essa. A Cometa pintou quatro ônibus modernos com o layout usado antigamente, dos anos 60 até o início deste século, aquele que faz parte do imaginário de todos os busólogos do Brasil. E ainda forrou as poltronas de vermelho. Certamente isso se deve ao sucesso do Flecha Azul restaurado que fez várias viagens comemorativas dos 65 anos da empresa, entre agosto e outubro.

Eu, se fosse o dono da Cometa, pintaria todos assim. Todos. Ficam infinitamente mais belos que os azuis adesivados que rodam por aí.

SÃO PAULO (não cabe na minha garagem, mas…) – O Alberto Pólo Classic Jr., de Campinas, manda a dica valiosa para nossos busólogos de plantão. A Cometa, que já não é mais aquela Cometa de antigamente, está liquidando o estoque. Espero que guarde pelo menos um ou outro na pintura original… Mas, enfim, colocou à venda, com erro de português na faixa, alguns ônibus usados, inclusive os clássicos Cometões que alegraram minha adolescência pelas estradas do Brasil.

Não tenho a menor idéia de quanto custam. Alguém telefona para saber e informa aqui? Seria legal esse da foto como motorhome, não?

SÃO PAULO (adeus, Flechas) – Thiago Marinho foi o blogueiro que mandou a triste notícia. Os novos (nem tão novos assim…) donos da Viação Cometa vão deixar de operar a linhagem dos Flechas Azuis. Neste excelente blog há um texto exemplar sobre o fim desses ícones das estradas brasileiras, fim que já se anunciava desde o momento em que a gloriosa Cometa mudou de mãos.

O autor do texto se chama Hamilton, e ele ainda indica o “show de setas” na rodovia dos Bandeirantes (há varios vídeos do mesmo autor no YouTube) que só mesmo os motoristas da Cometa entendiam e sabiam fazer. Vendo essas imagens, me lembrei de “Contatos Imediatos…”, o Cometão como uma nave misteriosa, pulsante, cumprindo seu destino.

Viajei muito nesses ônibus, durante os quatro anos em que morei em Campinas. Foram exatos 100 jogos da Portuguesa de 1978 a 1981 a que assisti em SP, chegando sempre na rodoviária antiga da Luz, caminhando até o metrô, descendo na Ponte Pequena, cruzando o terreno da Escola Técnica Federal até o portão do Canindé na Rua da Piscina, 33. E depois tudo de volta, comprando sempre na banca de jornais da rodoviária um álbum do Tintim ou do Asterix, e era a conta certa, precisa: o Cometa entrava na Anhanguera, depois de se livrar do trânsito da cidade, e eu começava a ler o álbum. Exatamente uma hora depois tinha terminado, com o Cometa estacionando na rodoviária de Campinas, onde meu pai me esperava. Isso nunca falhou. Eu olhava para os motoristas com admiração e respeito e sempre dizia “obrigado” ao descer do ônibus, que nem ofegava.

Nunca esquecerei o cheiro de tutti-frutti e as poltronas vermelhas.