
Quem é o moleque que desde tenra idade já tinha o infalível patrocínio da Lada no capacete? Dica: está em atividade e não é em qualquer lugar, não.
MOSCOU (jardim de infância) – Se eu tivesse de levar esta seção em ritmo normal nesses mais de 40 dias de Rússia, talvez o blog não tivesse espaço para tanta coisa que vi por aí. Depois da primeira semana, deparar-me com Ladas e seus parentes soviéticos passou a ser uma rotina, e a eles dediquei muito mais meu olhar apaixonado que a lente da câmera do celular.
Mas hoje decidi dar uma caminhada atrás de um carro específico, esse Ladinha branco com quatro faróis que via todas as noites quando voltava para casa. Fiz o caminho até o metrô a pé e conheci o dono, o velhinho que cuida do estacionamento onde ele passa seus dias, entrei no carro, tiramos fotos juntos, foi uma farra — num idioma desconhecido que parecia uma mistura de russo com inglês, mas todos se entendiam perfeitamente.
[bannergoogle]Então segui a pé até a estação que me levaria ao trabalho e no trajeto dei com esse hatch azul cujo modelo, Oda, eu não conhecia. E olha que gosto dessas coisas… Achei até que faltava um “F” ali, fiz as fotos, depois fiz outras, e mais outras, selecionei algumas e aí estão. Ah, em tempo: Oda é um modelo da Moskvich.
São só registros rápidos num trechinho de não mais do que 1 km numa via paralela a uma grande avenida, que serve de estacionamento para os moradores de um enorme bloco residencial perto de onde estamos hospedados. Os mais afoitos, que circularam apenas pelo centro rico de Moscou, hão de dizer que carros soviéticos não existem mais, e que a turma aqui só anda de Audi, Porsche, Mercedes e coreanos em geral.
Não é assim, porém. Felizmente.
Os Lada de volta a Cuba! São 320 Vesta e 24 Largus, que vão para a praça. Táxi Lada, que sonho!
RIO (um tapa na cara da sociedade) – Enquanto vocês ficam aí falando sei lá do quê, o mundo vai colecionando carros soviéticos. Dos EUA à Inglaterra, da Austrália à Hungria, Ladas desfilam alegremente seu garbo e elegância.
Na boa, seus coreanos não chegam nem perto.
SÃO PAULO (ser feliz…) – Acho, só acho, que alguns desses já pingaram aqui um dia. Mas ver corrida de Trabi, de Lada, Skoda, Wartburg, monopostos do Leste Europeu em geral é sempre uma alegria sem fim. O Dante Decker (será que anotei certo?) mandou a dica do canal no YouTube. Vejam o que tinha de gente nesses autódromos, e notem como é fácil ser feliz com motores de 1.000 e 1.300 cc numa pista.
SÃO PAULO (devastado) – Primeiro a Audi, picando a mula do WEC. Depois, a Volkswagen abandonando o WRC.
Agora, a Lada.
A Lada.
Hoje foi anunciada a saída da equipe soviética do WTCC, o Mundial de Turismo.
Restaram, no campeonato, Honda e Volvo. Nem é preciso dizer que o fim dessa categoria está bem próximo.
Mais um desastre para o automobilismo.
Eita que se não sair da frente o bicho atropela essa mina aí.
SÃO PAULO (já vi de perto) – Bruno Vicária, ex-Grande Prêmio e atual Red Bull, produziu este material sobre carros comunistas em competições, certamente para surfar na popularidade incontestável de Ladas, Trabis e outros menos votados. Pede para indicar o texto. OK, indico, porque ficou divertido e não encontrei nada que pudesse levá-lo à Sibéria — estamos tolerantes, nos últimos tempos.
Mas complemento as informações com o vídeo abaixo, feito em Zwickau há dois anos. Para não deixar dúvidas sobre quem manda no pedaço.
SÃO PAULO (ri um pouco) – Não vi “Velozes & Furioso 7”, nem os seis anteriores, e por isso não tenho elementos para julgar se a paródia dos poloneses é bem feita. Digam vocês. Mas achei legais os carrinhos, especialmente dois deles. Um monte de gente me mandou este vídeo. Grazie.
SÃO PAULO (pelo menos isso) – A única coisa boa do fim de semana foi a primeira vitória da Lada no WTCC. Foi na segunda prova da rodada dupla de Pequim, válida pela 18ª etapa do campeonato. Rob Huff teve a honra, a glória e o orgulho de entrar para a história do automobilismo universal ao levar o bravo Granta ao primeiro lugar.
Honda, Citroën e Lada disputam o Mundial. É pouco. Esse é um campeonato que precisava de mais atenção da FIA, com um trabalho mais forte junto às montadoras. Nunca vou entender por que tão poucas participam.
SÃO PAULO (vale cada minuto) – Meu dia foi complicado, atrapalhado e tudo mais. Por isso o blog ficou às moscas. Mas ainda dá tempo de salvar a sexta, graças a mais uma dica do Julio Cezar Kronenbier. É o primeiro episódio da série gravada por James May, do “Top Gear”, sobre os “carros do povo”. Tem uma hora, o vídeo, mas é tão bem feito, com imagens tão bonitas e tanta informação, que não dá para parar de ver. Resultado, atrasei ainda mais minhas tarefas do dia. Paciência.
Neste episódio (acho que o primeiro de três; vou procurar os outros depois), May fala do Fusca, do Trabant, do Wartburg, do Fiat 500 e do Fiat 124 que virou Lada na URSS. Cinco modelos. Tenho quatro deles. Considero uma vitória.
Isso à parte, é claro que May dá uma esculhambada básica nos Trabis, nos Warts e nos Ladas. Ao Fiat 124, só elogios. Mas tudo bem, é esperado. O Ocidente não nos entende direito. James, de qualquer forma, conhece carros, é apaixonado por eles e, por isso, não vou execrá-lo. Antes, chamo apenas a atenção para o que ele diz no final do vídeo. Que em meio a tantos carros fabricados no mundo inteiro, o Fiat 124, com mais de 20 milhões de unidades produzidas (contando, evidentemente, o que a Lada produziu em Togliatti e também montou em outras fábricas de outros países), é o segundo carro mais vendido da história da humanidade.
Vivam com isso.
SÃO PAULO (sempre é tempo) – A notícia é da semana passada, mas não poderia deixar passar. A Lada revelou a pintura dos Granta que vão disputar (e ganhar) o WTCC deste ano. Os detalhes sobre pilotos e patrocinadores estão no blog do Rodrigo Mattar.