Blog do Flavio Gomes
F-1

FALA, RUBENS

SÃO PAULO (reveladora) – Excelente a entrevista feita por Patrícia Poeta com Rubens Barrichello ontem no “Fantástico”, à qual acabei de assistir no YouTube. Abaixo, algumas frases comentadas por este blogueiro que, ao contrário do que muita gente imagina, não tem nada contra o piloto — que, para mim, é o melhor que o Brasil […]

SÃO PAULO (reveladora) – Excelente a entrevista feita por Patrícia Poeta com Rubens Barrichello ontem no “Fantástico”, à qual acabei de assistir no YouTube. Abaixo, algumas frases comentadas por este blogueiro que, ao contrário do que muita gente imagina, não tem nada contra o piloto — que, para mim, é o melhor que o Brasil teve na F-1 depois do trio Emerson/Nelson/Ayrton:

“Nâo tenha dúvida que o Schumacher era mais rápido que eu. Mas nos momentos em que ia sobressair, eu acabava sendo freado.” – Verdade sobre a velocidade de Schumacher, e bacana que ele admita isso. Não é uma total inverdade a segunda sentença (e usou o verbo “sobressair” direitinho, coisa raríssima), embora em seis anos de dupla com o alemão isso não tenha acontecido tantas vezes assim.

“Eu entrei na última volta muito indeciso. (…) Entrei na penúltima curva decidido a não deixar passar.” – Sobre a famosa marmelada da Ferrari na Áustria em 2002, explicando por que deu passagem apenas nos metros finais da corrida. Ponto para ele: pelo menos ficou na dúvida até o final. Acabou fraquejando, mas ele explica as razões na próxima frase.

“[Falaram] Que eu deveria repensar meu contrato. Aquilo para mim foi uma ordem: melhor tirar o pé, senão você acaba sendo mandado embora.” – Essa é forte. Porque vai ao encontro daquela brincadeira da internet que fantasiava o episódio incluindo nele a mãe sequestrada e o cachorrinho. Não teve mãe no meio, nem cachorrinho. Mas foi uma cachorrada da equipe se isso de fato foi dito, e não tenho razão nenhuma para duvidar de Rubens. Era ele que estava lá, ouvindo tudo pelo rádio, não eu. Mas se me falam isso no rádio, eu mando todos à merda, ganho a corrida e perco o emprego.

“Me disseram que não cabia a ele decidir ou não. (…) Mas ele estava ciente de tudo que estava acontecendo.” – Barrichello contou que pediu à equipe para perguntar a Schumacher o que ele achava daquela papagaiada. A resposta foi essa. Claro que Michael sabia de tudo. Escrevi na época e repito agora: caberia ao alemão demover o time daquela idéia estapafúrdia assim que fosse informado pelo rádio que iriam pedir para Rubens abrir. Schumacher foi um fraco, nesse episódio. Rubens ter medo de perder o emprego eu até entendo. O alemão, não. Mandaria todos igualmente à merda.

“Não é o momento certo de entrar na F-1, numa Honda ou em qualquer outra equipe, porque na F-1 de hoje em dia, se não consegue explodir logo de cara, vão te explodir.” – Isso ele falou sobre Bruno Senna, elogiando muito o talento do primeiro-sobrinho, que em quatro anos de carreira já chega à categoria com chance de ser titular. Dizer o quê? Que está legislando em causa própria? Pode até ser. No fundo, não acho que Rubens acredite no que falou. Afinal, ele chegou à F-1 novinho, com 20 anos, menos do que Bruno. Do mesmo jeito que a F-1 explode quem não arrebenta de cara, o que não é 100% verdadeiro, ela também não dá muitas chances. Apareceu, tem de aproveitar.

“Vou chorar muito.” – É o que vai fazer no dia seguinte à decisão de parar. Compreensível. Foram 16 anos de F-1 e mais uns 12 correndo de kart e de outras categorias. Parar nunca é fácil. O jeito é continuar correndo, mesmo que seja de outra coisa, já que a paixão é tanta. E está cheio de lugar para continuar, em bom nível, se divertindo e sendo competitivo.