SÃO PAULO (merecido, creio) – Só na terceira corrida do ano saiu o primeiro 10 da turma do Grande Prêmio para um piloto. Vettel, o vencedor, levou a nota máxima no GP da Malásia nas avaliações dos jornalistas da casa.
Deem uma olhada lá e, depois, voltem aqui para comentar, concordar, discordar e tudo mais que vocês fazem sempre.
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SÃO PAULO (da garoa) – A Renault e a Lada estão fulas da vida. Com razão. Alguém entendeu por que Hamilton recebeu apenas uma advertência por ter ziguezagueado (existe isso?) na frente de Petrov daquele jeito ostensivo quando nosso Laika amarelo se preparava para jantar a Mercedes cromada de novo-rico?
Foram três mudanças bruscas de trajetória, com Vitaly, o Grande, tentando pegar o vácuo da McLaren.
E ficou por isso mesmo.
Não dá para dizer que, historicamente, a FIA proteja a McLaren. Pelo contrário. Se tem um time que levou ferro nos últimos anos foi esse. Mas o rigor com os prateados era da época de Max Mosley, lembram? Quase questões pessoais. Agora as coisas são diferentes com Jean Todt no comando.
Seja como for, Lewis deveria ter recebido alguma punição. Nem que fosse em cestas básicas ou serviços comunitários. Na hora da corrida, bem entendido. Ficou barato.
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SÃO PAULO (língua, grande língua) – OK, foi de brincadeira, claro, todos notaram, mas esse mundo da F-1 é meio pentelho. Então, não creio que Barrichello tenha sido muito feliz ao dizer, em rede nacional, que “a porcaria do nosso carro não tá legal”. A equipe saberá, e não gostará. OK, a Williams não é um Lada, mas também não é um Corolla. Tanto que Hülkenberg pontuou, uai. E Rubens empacou na largada, o que comprometeu bastante sua corrida.
Aliás, empacar na largada é algo que Barrichello faz com frequência. No ano passado, pelas minhas contas, foram três vezes na Brawn. Em todas elas culpando o equipamento.
Falando no poderoso Hülken, ele e Alguersuari fizeram seus primeiros pontos na F-1. E Jaiminho passa a ser o segundo mais jovem a pontuar na história, perdendo só de Vettel. O espanhol tem 20 anos e 12 dias, segundo meu brother Rodrigo Mattar, que fez esse levantamento.
Senninha e Di Grassi terminaram seus primeiros GPs, viram a quadriculada, está bom demais para ambos. No fundo, é quase um milagre esses carros chegarem ao final de corridas. Ambos, no entanto, precisam mostrar mais em relação aos seus companheiros de equipe. Chandhok e Glock têm sido mais rápidos, no geral.
Para terminar, não se pode deixar de elogiar Kubica de novo, com a Lada-Renault. E Rosberguinho, que foi ao pódio pela terceira vez na carreira, primeira da Mercedes no ano. E Sutil, de uma Force India que deixou definitivamente de ser pequena.
Faltou falar de Schumacher. Quebrou, não tem muito o que dizer, então. Se não quebrasse, chegaria entre os seis primeiros — o que também não seria nada demais, considerando que quatro adversários, de Ferrari e McLaren, estavam se estropiando lá atrás. O alemão ainda está devendo ao menos um brilhareco. Mas é apenas a terceira corrida do ano. Paciência com os mais velhos, é o que se recomenda.
SÃO PAULO (pastel também seria bom) – Bueno, e vamos ao pelotão do fundo, garbosamente formado por Button, Hamilton, Alonso e Massa. De todos, Hamilton foi o que me pareceu mais combativo e decidido nessa prova malaia. Desde o início saiu passando gente, até terminar em sexto. Mas o que ele fez com Petrov foi demais. Depois de levar um X soviético dos bons, mandou um ziguezague na frente do Lada que vou te contar… Deveria ser punido. Não sei por que pegaram leve com o rapaz. Se eu fosse o Petrov, chutava a canela dele.
Massa largou muitíssimo bem, de novo, e ganhou a posição de Alonso, o que foi fundamental para sua corrida. Na primeira parte, com pneus duros, o ritmo não era grande coisa. Como já acontecera com Schumacher na Austrália, empacou atrás dos tourinhos vermelhos de Buemi e Alguersuari. Quando colocou pneus moles, passou a virar tempos muito bons, conseguiu uma bela ultrapassagem sobre Button e, graças ao abandono de Alonso, sai de Sepang na liderança do Mundial, mesmo sem ter vencido ainda. Regularidade pode ser uma das chaves deste campeonato. No fim, saiu no lucro o brasileiro, depois da barbaridade que ele, Alonso e a Ferrari fizeram no sábado.
Ferrari, aliás, que deve explicações sobre seus motores. Os dois da Sauber foram para o espaço. O de De la Rosa, na volta de apresentação. O de Kobayashi, na nona volta. E o de Alonso, na penúltima. Felipe já tem uma troca no ano. Eu, se tivesse uma Ferrari, ligaria na concessionária amanhã para saber se tem algum recall de biela previsto.
Button tentou dar o pulo do gato de novo trocando os pneus cedo e quase conseguiu. Estava atrás da dupla da Ferrari, passou ambos graças ao pit stop, mas no fim não resistiu a Felipe. Segurou Alonso, no entanto. Ficou de bom tamanho.
Por conta das migalhas obtidas pelas duplas das grandonas McLaren e Ferrari, a classificação ficou muito interessante. Massa com 39, Alonso e Vettel com 37, Button e Rosberguinho com 35, Hamilton com 31 e Kubica com 30. O sistema de pontuação novo permitirá muitas reviravoltas neste ano.
E calma que daqui a pouco falo do resto, para passar a régua em Sepang.
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SÃO PAULO (café, café e café) – Fazia 1.200 anos que Kuala Lumpur não tinha um domingo sem chuva a partir das 4 da tarde. Foi hoje. E, aí, o GP da Malásia, que poderia ser excepcional com um pouquinho de água, foi apenas bom. Digo “apenas” porque se é verdade que houve várias brigas interessantes, trocas de posições e ultrapassagens, todas aconteceram do quinto lugar para trás. A elite de Sepang ontem não foi incomodada pelos rampeiros que largaram lá no fundão. Vettel, Webber, Rosberg, Kubica e Sutil, os cinco primeiros, tiveram corridas sem maiores incidentes ou labuta. Exceção talvez feita a Sutil, que chegou a ter algum trabalho para segurar Hamilton.
Vettel finalmente venceu em 2010. Poderia, a esta altura, ter já três vitórias no ano. Quando esse carro da Red Bull não quebrar, vai chegar na frente. É bem mais rápido que a concorrência. Tanto que até um piloto normal como Webber o leva sem dificuldades a um segundo lugar. E a cara dele depois da corrida? Levou um passão de Vettel na largada que beirou a humilhação. Sorry, mas com um carrão desses, o cabra que larga na pole tem de vencer. Qualquer outra coisa é fracasso. Webber, o senhor é um fracassado!
Coitado, nem tanto assim.
Foi a sexta vitória de Tião Alemão, que subiu ao pódio, e quero ver alguém me convencer do contrário, caminhando como nosso ídolo Trololo Man. Alguém mais notou? Revejam as imagens e vão ao vídeo trololônico indicado, aos 45 segundos, mais ou menos. Ganhamos o mundo.
Daqui a pouco eu volto.
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SÃO PAULO (vou ou não vou?) – Giorgio Piola faz desenhos de carros de F-1 há 800 anos. É um italiano que se especializou em desenhos técnicos feitos a partir das fotos que tira de tudo nos boxes. Tem o olhar para os detalhes. Nota quando uma equipe muda uma asinha. Ou a posição do escapamento. Ou o formato de um espelho.
Seus desenhos são famosos, publicados em jornais e revistas do mundo inteiro. Piola escreve também. Edita livros baseados nos desenhos que faz. Muitos o consideram grosso e antipático. Eu, por exemplo, devo ter trocado cinco palavras com o cabra em quase 20 anos de coberturas. Senna, uma vez, lhe deu um murro na cara em Hockenheim. É um personagem, enfim, conhecidíssimo no paddock.
Mas, na Globo, virou “O Espião da F-1”. Como se se esgueirasse sorrateiramente por trás das portas dos boxes para descobrir segredos alheios a mando de seus chefes do Jardim Botânico. Um “Doutor Stock” do mal, já transformado em personagem infantiloide. Por que será que a Globo acha que tudo tem de ser assim, bobo e infantil? Piola não espiona nada, nem ninguém. Seu acesso é consentido. Tem livre trânsito por onde circula. Para fazer seus desenhos, fotografa os carros parados nos boxes ou no grid. Como qualquer jornalista pode fazer.
E quero ver é o que a emissora vai fazer com os patrocínios nos desenhos do Piola. Porque ele é muito fiel a tudo que fotografa e desenha. E os nomes dos patrocinadores estão incluídos nos seus traços…
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SÃO PAULO (acho que vou pegar uma estradinha…) – Cumpre registrar que o Lada-Renault de Kubica fez o melhor tempo do sábado no molhado com 1min46s283, no Q1. Que correu sem maiores surpresas, exceto a lamentável eliminação do outro piloto de Togliatti, Vitaly Petrov, com quem conversaremos. Button não pôde andar porque seu carro teve de ser resgatado da brita. Kovalainen e Glock viraram abóboras, com tempos cerca de 4s piores que os de Petrov, o primeiro degolado. E destaques especiais para a dupla da Force India, que levou os dois carros ao Q3, e para Kobayashi, cada vez mais parecido com National Kid, que deixou De la Rosa comendo poeira.
O Q3 foi divertido. A começar por Kubica, que quando viu os dois carros da antiga novela das oito esperando na fila para sair dos boxes, passou ambos pelo acostamento. Malandrinho. Isso porque, como pregavam os hominídeos da pedra lascada, a chuva só iria piorar. Ou melhorar, dependendo da lavoura. Sair na frente de todos era imperativo, para dizer o mínimo.
E veio o temporal que Noé tanto esperava, e a direção de prova achou por bem parar tudo antes que alguém se afogasse. Quando a água deu uma acalmada, os boxes foram abertos de novo e, mais uma vez, lá estavam Maia e Raj esperando para voltar à pista. Desta vez, com Sutil trancando o acostamento, como eu faço nos congestionamentos para o litoral em feriados. Kubica não teve moleza. Conflito diplomático à vista, URSS x Índia. Vanceremos, ainda temos urânio enriquecido.
Chuva vai, chuva vem, e quem arriscou mais do que todos foi Webber, que colocou pneus intermediários e conseguiu uma volta espetacular em condições muito adversas, enfiando 1s326 sobre o segundo colocado, o jovem Rosberg, que mais uma vez entubou o velho Schumacher, oitavo no grid. Foi a segunda pole da carreira do australiano e a terceira da Red Bull na temporada. Carro rápido os caras têm. Mas é preciso uma vitória para que se convençam de que podem, de fato, lutar pelo título.
Vettel ficou em terceiro, Sutil foi o quarto, Hülkenberg surpreendeu e ficou em quinto, Kubica terminou em sexto, com Barrichello em sétimo, o supracitado idoso Schumacher em oitavo, National Kid em nono e Liuzzi em décimo, e estamos conversados.
Com os filósofos de Ferrari e McLaren lá no pelotão da merda, o GP da Malásia tem tudo para ser muito bom. Até porque, como já sabiam os bípedes do Plioceno, na hora da corrida, 16h pelo fuso local, chove. E forte. Os céus carregados e trovejantes sempre foram aliados da F-1. Sepang é uma pista que tem lá seus atrativos, é larga, tem bons pontos de ultrapassagem, espera-se especialmente de Alonso e Hamilton, bons de chuva, aquilo que os narradores d’antanho costumavam chamar de “corrida de recuperação”.
O problema deles se chama Vettel, o Tião Alemão, igualmente hábil na água. E não se pode descartar uma boa atuação da dupla de velhinhos Barrichello-Schumacher, que também fizeram fama no molhado, embora ambos estejam atrás de seus companheiros no grid. Mas têm experiência, sabem onde pisar para não encharcar as meias em situações assim.
Ano passado, choveu tanto que a corrida mal passou da metade. Neste ano, a largada foi antecipada em uma hora, porque a questão dos faróis nos carros de F-1 ainda não está bem resolvida. Para nós, aqui, cinco da madruga. Eu, se fosse você, acordaria para ver. Ou nem dormiria, depende muito de sua rotina nas noites de sábado.
Meu palpite era Alonso, lembram? Com Schumacher no pódio. Pelo jeito, me dei mal.
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SÃO PAULO (aqui também) – E o troféu “Orelhudos do Ano” já começa com ótima disputa na terceira etapa do Mundial de F-1. Em Sepang, engenheiros e pilotos de Ferrari e McLaren, repletos de sabedoria e de conhecimentos empíricos sobre precipitações em regiões equatoriais, mostraram toda sua sensibilidade e conseguiram ficar, três deles, atrás de Lotus e Virgin na classificação para o GP da Malásia. E quase deu para ficar atrás da Hispania, foi por pouco, muito pouco, pouco mesmo.
(Aqui, parênteses. Galvão Bueno, ao comando da transmissão da Globo, parou de chamar a Virgin de VRT e a Hispania de “equipe do Bruno Senna”. Que bom. Continuamos apenas com RBR e STR, mas a elas já nos acostumamos. Não nos acostumamos, ainda, a ouvir “Luca” di Grassi. Mas para quem mandou VRT e HRT para o espaço, não deve ser muito difícil recuperar um S.)
Louvável a intenção de Ferrari e McLaren de se colocarem ao lado das pobres e oprimidas estreantes no Mundial. Fazer companhia, mostrar solidariedade. Mas um tanto quanto desastrada a decisão de fazer isso dividindo o fundão do grid num campeonato que se desenha difícil. Poderiam, sei lá, convidar todos para um cafezinho. Ou um almoço não muito fausto, primeiro e segundo pratos, uma sobremesa caseira, pudim de leite, ou ambrosia, que vai bem com queijo tipo Minas. Colocar todos os pilotos lá atrás? Achei um exagero de camaradagem.
A burrice misturada à soberba fez com que, debaixo de chuva, as duas grandonas segurassem seus pilotos nos boxes no Q1 à espera não se sabe bem do quê. E fato é que quando foram para a pista, Alonso, Hamilton e Massa, nessa ordem, se foderam porque a chuva apertou. É assim nessa região desde que os primeiros primatas antropoides descobriram o fogo e ficaram putos porque a água do fim de tarde sempre apagava o braseiro para o chá das cinco. Nunca melhora. Só piora.
Button se estrepou um pouco menos. Saiu antes, fez um tempinho que lhe colocaria no Q2, mas rodou e atolou quando voltava aos boxes. Porque a chuva apertara, os australopitecos nos ensinam isso desde o período Paleozoico, e aí era uma questão de ficar na pista para continuar na briga.
Com isso, Kovalainen, da Lotus, e Glock, da Virgin, conseguiram a proeza de passar com suas carroças para o Q2. Chandhok ficou à frente de Bruno Senna. Di Grassi, com problemas mecânicos, teve pouco tempo para fazer sua volta e larga em último. E o trio espertão Alonso-Hamilton-Massa ainda ficou atrás de Trulli.
Daqui a pouco eu volto para falar da pole de Webber na Malásia. Antes, urge um café.
Comentários (58)SÃO PAULO (vai ser bom) – É hoje à noite sim, às 23h, que começam os treinos em Sepang. E é o seguinte: Alonso vence e Schumacher vai ser o segundo colocado. Palpites embasados em muitos estudos que fiz nesta semana. E, claro, na minha incrível capacidade de chutar sem medo de errar.
Mas na semana passada chutei o Button, lembram?
Vão dando seus palpites aí que preciso sair para gravar para o “Limite” e só volto no fim da tarde. Vou atrás de uma linda Simca Tufão.
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