Pequeno ensaio sobre carros e corridas

SÃO PAULO (conexões abaladas) – Quinta ensolarada, dia de ler coluninha Warm Up, com tema polêmico e raciocínio idem. Mas coluna serve para isso mesmo, chutar o pau da barraca.

Eu chuto daqui, vocês chutam daí.

Aliás, para dar menos trabalho ao dileto blogueiro, se quiser ler a íntegra sem dar uma pingada no Grande Prêmio, o texto está abaixo. O título original da coluna é “Por que o automobilismo acabou”. Divirtam-se.

Corridas de carros no Brasil não têm público. Tirando a Fórmula 1, caso à parte, e a Stock, anabolizada pela farra dos patrocinadores e seus convidados que comem empadinhas e tomam uísque de graça vestindo camisetas e bonés promocionais, o resto vive à míngua: sem gente para ver, portanto sem verba de publicidade, portanto brinquedo de ricos (alguns) e obstinados (a maioria).

O que ainda leva gente a autódromos neste país, ou a retões improvisados aqui e ali, é arrancada. Mas isso não é corrida. É apenas o sinal dos tempos. Não requer prática, sequer habilidade.

O período de ouro do automobilismo brasileiro se deu nos anos 60 do século passado, cujos frutos foram colhidos nas duas décadas posteriores com a geração de Emerson, Piquet, Senna e muitos outros que, se não foram campeões do mundo, escreveram uma história, inseriram o Brasil no universo das competições sobre rodas.

Sei que corro o risco de formular raciocínio simplista, que será questionado e esculhambado, mas vamos em frente.

Nos supracitados anos 60, a garotada tirava racha nas ruas. Antes que me crucifiquem: sou o maior anti-racha do mundo, a ponto de ligar para a polícia quando vejo movimentos suspeitos em largas avenidas nas madrugadas paulistanas. Acho que racha é sinônimo de assassinato, mas é preciso diferenciar o racha de quatro décadas atrás daquilo que acontece hoje — assim como é preciso, sei lá, entender a relação da juventude com as drogas nos tempos quase inocentes de Woodstock quando se compara aquilo à carnificina que elas promovem atualmente, seja na produção, seja no tráfico.

Não se trata de defender racha, pois. Trata-se apenas de compreender um fenômeno. O racha dos anos 60 era o resultado prático, depois levado a Interlagos, do real interesse da molecada pelos carros: buscar performance. Fazer um DKW voar, um Gordini andar rápido, um Fusca arrepiar. Adorar e reverenciar carburadores, pistões forjados e comandos de válvulas como se fossem peças sacras, dignas de um altar.

Isso acabou. A relação do jovem com o carro, 40 anos depois, é outra. A busca da afirmação máscula pela velocidade e pela potência deu lugar ao exibicionismo do tuning, aos preceitos fundamentados pela babaquice de “Velozes & Furiosos” e seus derivados, com seus carros rebaixados que andam de lado e servem a baderneiros e criminosos.

O tuning acabou com o interesse do jovem pelo carro em si, por seus segredos, sua alma. A molecada hoje quer saber de woofers, MP3, telas de LCD, aparelhos de GPS, nitro, rodas de 20 polegadas, insulfilm, engate para puxar vento, pintura com purpurina, pneus de perfil baixo, molas cortadas, discos de freio coloridos, tapetes de alumínio iguais a assoalho de ônibus, faróis de xenon, asas e spoilers que não servem para nada, tudo espetado num lamentável Corsa que vale muito menos do que aquilo que enfiam nele. O que menos importa é o carro em si. Pergunte a um garoto endinheirado se ele troca seu Pioneer DEH-P4850MP4 por um Weber 44, e ele não saberá do que você está falando.

Velocidade hoje é sinônimo de pontos na carteira, o que é ótimo. Lugar de correr não é na rua. Mas o fato é que pneus queimando e deixando cheiro de borracha já não são mais páreo para uma trapizonga verde-abacate que balança ao som de um rap medonho que recita as maravilhas de um fuzil automático, ou de techno, ou sei lá mais o quê.

Carro, hoje, é apenas instrumento para um hedonismo besta e medíocre, um amontoado de lata, plástico e som que o afastou de sua grande aventura original, o desafio de chegar mais rápido ao seu destino. Que é, afinal, a essência de uma corrida, partir de um ponto e chegar no outro antes do que todos, tendo como trilha sonora exclusivamente a sinfonia produzida pelo arfar da borboleta, pelo esguicho da gasolina, pela faísca que detona a mistura ar-combustível, que empurra o pistão, que move a biela, que gira o eixo e que expulsa os gases pelo escapamento, produzindo a única música que quem ama carros gosta de ouvir.

Subscribe
Notify of
guest

142 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Julio
Julio
17 anos atrás

Tuning é bem mais que isso….mais do que trios elétricos…que na minha opinião também são ridículos….já tive carro…um gol ap 1.8 93, com um som de ótima qualidade só pra quem tá dentro do carro…mas tuning não é só isso…achei seu texto superficial e preconceituoso…tuning envolve customização…personalização, performance, segurança….o que você citou…é conhecido entre os admiradores, como Xuning…o tuning lixo…que não serve pra nada…vá até os boxes do AIC, e veja o trampo que é preparar um carro pra uma bateria da arrancada…tem gente que faz milagre com um ap, um VHC…e não é tão simples assim controlar um Maverick, um Fusca preparado numa reta…parece simples??? Tente!!!!
Tente talvez se interar um pouco mais sobre o que realmente significa tuning e preparação pra arrancada ou rua, pra só depois escrever algo sobre…..
um abraço

Carol
Carol
17 anos atrás

Apavorou FG. Parabéns!
Odeio tuning…

Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
17 anos atrás

Luiz Franco, essa história que citou é real, mas trata-se de Sócrates numa feira. Não tinha Shopping na época.

Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
17 anos atrás

Ops, cometi um erro. Digitei 42, mas tenho 24 anos.
Sobre esse assunto, escrevi um post em tópico acima, sobre a corrida de tratores, que encaixa nesse assunto:

“Maripá é mesmo linda.
Acabei de me dar conta da paixão automobilística que se tem aqui no interior do meu estado.
Já tinha reparado que no interior do Paraná as pessoas dirigem melhor, pois elas aprendem na rua de casa desde pequenos, além que tem que enfrentar estradas bem mais comumente.
Em Curitiba, devido a alta fiscalização, as pessoas só aprendem a dirigir aos 18 anos em auto-escolas, e as vezes levam vários anos para enfrentar uma estrada.
Quando enfrentam são estradas de pista dupla, bem sinalizadas, que vão até a praia.

Puxa, apesar de curitibano, meu pai tinha sítio e eu dirigia desde os 11 anos nas estradas sossegadas de chão. Mais tarde, logo depois de tirar carteira, tive a sorte de enfrentar estradas de mão dupla, pista única, cheia de subidas e caminhões lentos, e tive que aprender a ultrapassar ou levar lama no para-brisa.
Mas sei que sou uma exeção.
Isso tudo tem relação com a última coluna do Gomes, acho eu, pois realmente é dificil um cara se apaixonar por carros dirigindo em auto-escola depois de ver vários vídeos de acidente na aula.
Portanto, concluo que o tunning não é a causa da falta de paixão pela velocidade, mas apenas um sintoma.”

Davi Kikuchi
Davi Kikuchi
17 anos atrás

Olha, isso que eu vou dizer é puro “achismo”, é só um palpite, afinal, sou praticamente leigo no assunto. Ou seja, talvez eu esteja falando besteira. Mas a questão é: essa tendência “automobilística” não é mundial? Então, não só as corridas no Brasil, mas as do mundo inteiro não têm mais público?

Guilherme Behmer
Guilherme Behmer
17 anos atrás

GRANDIOSO!!!
Definiu!!! Hoje em dia ninguém mais liga para o automóvel! Esses moleques gastam 3 vezes o valor do carro em bugigangas para atormentar os vizinhos e a jabiraca não pode andar a mais do 50Km/h porque se passar em cima de uma tampinha de tubaína capota!

O que mais em entristece é ver carros clássicos como opalas, fuscas, mavericks, dodges transformados em atrações de um show de horror por estes mesmos idiotas.

Enfim, devo ser um velho chato também, mas ainda prefiro um som de um V-Oitão carburado a um par de condenados falando das glórias do carandirú.

Luiz Franco
Luiz Franco
17 anos atrás

Concordo com você, as corridas acabaram.Acabaram quando saíram das ruas e estradas e foram para circuitos? acabaram quando se inventou o aerofólio?Acabaram quando a publicidade entrou no negócio?Sim acho que a publicidade acabou com as corridas, e vai acabar com todo o tipo de esporte! A publicidade vai acabar com o mundo todo, por uma razão: toda a poluição mundial é incentivada pela propaganda, e o consumo desenfreado é filho da mesma. Uma vêz um discípulo de um grande mestre encontrou-o em um shopping, espantado com a presença de seu mestre naquêle templo do consumo perguntou:- Mestre, o que faz aqui um homem superior a essas coisas? E respondeu o grande sábio:Estou aqui vendo tudo o que não preciso!

Luiz Eduardo
Luiz Eduardo
17 anos atrás

Sou do tempo do MotoRadio e nunca me liguei em som de automóvel. No melhor carro que já tive não instalei nada só para ouvir o som do motor. Lógico que minha mulher protestou, mas eu adorava ouvir o motorzinho subindo de giro. Não entendo como alguns caras gastam pequenas fortunas para ouvir música(?) em meio aos ônibus, motoboys e àquela praga das choppers com escape aberto.
Mas sacanagem mesmo é chamar o Wilsinho Fittipaldi de piloto internacionalmente fracassado. Acho que até o Emerson deve muito ao Wilson, que pelo que eu saiba o ajudou muito na sua ida para a Europa. Na minha opinião, acabou também colaborando com todos os que vieram depois, portanto quem realmente gosta de automobilismo deve ter repeito por ele, pois é uma das figuras mais importantes do meio, além de ter sido construtor de F1.

Mauro
Mauro
17 anos atrás

em tempo, lembro até hj do comandão 296 que trabalhei o mês inteiro pra comprar e meter no cabeçote do meu voyage…o único som que meu carro tinha era a lenta trepidando a 1500 rpms… tempo bom, não volta mais…. e as rodas Dragster 14… vixi… vou chorar hahahahahahahaha

Mauro
Mauro
17 anos atrás

gostei da coluna, apenas discordo em parte, de alguns comentários abaixo…tive carrinho com motorzão, carrão com motorzinho e boa… corri na rua mesmo, não temos pistas… agora, aerfólio? spoiler? pra que??? fico de cara com uns e outros com seu milzinho cheio de rodonas(pneus carecas), rebaixado, com mil duzentos e oitenta e dois relógios, aerofólio no teto, difusor na traseira, spoiler, espelho da m3, tapete de assoalho de ônibus(hahahahaha essa foi boa) sonzera…. e: puxando fila …putz… gosto é que nem c.ú… mas vai ter gosto estragado lá na pqp… andar de indoor não acho que seja demérito, com as ruas do jeito que estão, o negócio é brincar lá(esse é o termo: brincar) um abraço…

de minas
de minas
17 anos atrás

Comcordo com as opiniões dos asmigos de BH e do Sul. O panorama do autmobilismo nacional, mesmo capenga, se resune a Interlagos. Graças a Deus o Sul tem seus autódromos, para que, mesmo sem investimentos e apoio, possam correr em outra direção que não seja em linha reta. Minas acabou para o automibilismo quando acabaram as provas de rua. Ninguem nunca levou a sério a ideia de se fazer um autodromo por aqui. O automobilismo nas pistas de terra, comuns no Sul, encontraria um campo fertil nas Gerais, mas ninguem se interessa. É mais fácil correr de rali, da menos trabalho, a pista é a estrada. Mesmo assim, o universitário, que seria uma categoria acessivel para estrantes e novatos (e pobres) só acontece duas vezes por ano, e fica cheio de boyzinhos de Audi e vectra, sem falar nos tunados e nas Pajero, que correm de ar ligado e tomando um red bull. meu irmão arranjou uns patrocínios para colocar o Dodginho picape dele para corres, fez uma equipe com uns amigos mecanicos tambem, eram duas fiorinos 147 e o Dodginho, se divertiram pra caramba, mas se mchance nenhuma ferente aos carrões. Até eu, que ando no máximo a 60 no meu carro e detesto correr, prepararia um carrinho para entrar nesses ralis, se fossem feitos com regulariudade, digamos, de dois em dois meses, formando um campeonatozinho. Cadê o pessoal da FMA? Só em BH as coisas acontecem?

Hayashi
Hayashi
17 anos atrás

FG, discordo em parte principalmente quando fala de tuning e corridas na rua os “rachas”….

Na verdade, lendo o seu texto não é muito difícil concluir que o tuning malfeito é causado por uma série de fatores (que fique claro aqui que também não defendo isso):

– A mídia, claro, que hoje em dia enfatiza muito o visual, mais que o interior (diga-se motorização), vide pessoas como o clodovil sendo eleitas, simplesmente pelo fato de serem famosas…

– O absurdo de dinheiro que é cobrado para que esses “marginais” tentem se arriscar a correr num autódromo… Com o dinheiro para correr num autódromo, dá pra fazer boa parte do carro… e ainda pagar um racha…

– Creio que na década de 60 não era ilegal modificar o carro dessa forma ( escape aberto, carburação dupla) e muito menos, ainda que fosse proibido, isso era fiscalizado e/ou penalizado…

– Hoje em dia a sociedade/governo se preocupa muito com detalhes como segurança nas vias (estou sendo irônico, mas a propaganda que eles fazem disso…) ao invés de aprovar no congresso o que é realmente importante ,é uma ferramenta para mostrar que o governo faz algo, maquiando o que ele não faz.

Talvez haja mais coisas, mas como estou correndo, em horário de almoço, e, escrevendo isso do computador do trabalho, finalizo por aqui.

PS.: Não sei se você assistiu o primeiro filme, mas se assistiu, tente lembrar do final em que o Toretto (VIn Diesel) sai de sua garagem com aquele preto-sem-adesivos com um blower (se eu nao me engano) enorme no capô e quase dá um coro no toyotinha do outro…. Só não ganhou por causa do nitro (que na minha opinião, é como roubar no automobilismo, usar bomba “pra ficar fortão” essas coisas de broxa…)

Leonard
Leonard
17 anos atrás

Olá, é a primeira vez que posto aqui, leio sempre os comentários, e como não poderia deixar de ser li sua coluna sobre Tuning e Automobilismo.

Falou-se sobre a sinfonia dos carros e, eis que recebo este link para um video, é uma propaganda do New Civic, se não me engano Inglesa, MARAVILHOSA, pra mim, uma obra de arte da publicidade.

http://www.youtube.com/watch?v=yskUv-WahfE

Speed Arosi
Speed Arosi
17 anos atrás

Caro Brandão
Só agora reparei no que o Petrus falou sobre a cobrança de entrada do Templo, postado por vc abaixo (é tanto post que alguns passam), nós vamos lá, pretigiamos os caras, damos emoção ao autódromo, levamos dinheiro, patrocinio, sim patrocinio, pois novos carros vem por ai, com patrocinio simples mas com patrocinio e tudo, trazemos pilotos , engenheiros, mecanicos, que a muito tempo não queriam nem saber de entrar em Interlagos, e vão querer cobrar entrada???
Então vou chegar no portão e falar que vou jogar bola na quadra, ou soltar pipa na arquibancada, ou ficar pedindo esmola nas escadas, e ai eles me deixam entrar e posso ver as corridas, aaaahhhhhh vai se catar, dia 02/12 vou entrar e se preicsar pulo o muro, entro pelo kartodromo, sei lá , mas pagar por algo que estamos renovando, trabaljhando para eles, nem a pau.
Credenciais #96 já, mesmo se tiver “taxinha”
Falei e aliviei meu coração.

Toty
Toty
17 anos atrás

ERRATA:
Voce assinou com o meu nome….

Toty
Toty
17 anos atrás

Olá http://www.zinepinguim.blogspot.com/.
Voce assinou o comentário abaixo com quando acho que quis me responder.
Caro amigo, Raul Boesel, Crhistiam Fittipaldi, Wilsinho Fittipaldi e outros internacionalmente frassados estão longe de serem bons pilotos.
Continuo achando a Stock Cars um monopólio de patrocínios. Imagine o orçamento de uma equipe de ponta, daria para promover torneios regionais, patrocinar vário pilotos em corridas de acesso e ser mais útil ao automobilismo tupiniquim.

Ricardo Palmero
Ricardo Palmero
17 anos atrás

Flavio,
Excelente o seu comentário, assino em baixo.
Um abraço

Mateus
Mateus
17 anos atrás

Fugindo um pouco do assunto sobre os vampiros das federaçoes, esse lance todo de tuning, turbos, neons e afins remete à “era de futilidade” que vivemos hoje em dia. Estamos numa época muito pobre culturalmente: vide programação de tv, bandas e músicos que despontam na mídia, cinema e por aí afora.
As pessoas não estão nem um pouco preocupadas com os outros, só pensam em si mesmas, olham única e exclusivamente pro seu umbigo. É fácil perceber isso: prestem um pouco atenção no desrespeito que é o trânsito das grandes cidades (como curitiba, onde moro), as pessoas nos ônibus, as últimas eleições… e eu poderia citar uma centena de coisas que demonstram como as coisas estão indo no nosso país.
No que toca aos assuntos bloguísticos, recaímos em tuneiros, arrancadeiros, sonzeiros-automotivos e por consequência uma longa entre safra onde há poucos grandes talentos em automobilismo.

Francesco
Francesco
17 anos atrás

Vocês viram o Zonta andando de Stock na terra????? Isso aconteceu lá no sul. Acho que ainda tem lugar para andar como nos velhos tempos: Carros baratos, inscrição barata e patrocínio de quitandas e botecos……….Isso é o que falta para São Paulo…………Infelizmente, para a maioria só tem graça andar de Stock v8, mas aposto que muitos não teriam coragem de acelerar um fusca, um gordini, um DKW, um corcel, um 147 ou até mesmo uma carreteira que mais parecem cadeiras elétricas…….Hoje, a galera só quer saber de andar de kart indoor e falar que é piloto.É só dar corda na bunda e soltar esses mancos braços duros na pistinha de cimento queimado que eles se divertem.
Olhem onde chegamos…………Em um pais que tem vários campeões mundiais…………

Carlos Trivellato
Carlos Trivellato
17 anos atrás

Flávio Gomes, 42 anos, Pedro Jungbluth, 42 anos, Carlos Trivellato, 42 anos, enfim, esse blog parece concentrar propositalmente, ou coincidentemente, a opinião de um pessoal que viveu um pouco do “eco” dos anos sessenta e amadureceu ao longo dos setenta.
Passei um bom tempo da juventude “carregando pedra” com cacarecos velhos para satisfazer algumas paixões.
Gastei vinte e tantos anos restaurando uma camionete velha para concluir depois que, o que realmente valeu a pena ao final de tudo, foi ouvir o ronco do Dodge V8 funcionando.
Para conseguir ter uma moto “Four”, tive que montar uma, usando peças de outras quatro, tudo isso usando também da famosa mão-de-obra caseira, ou seja, eu mesmo.
Apesar de toda desigualdade que vemos atualmente, acho que falta um pouco disso não só no automobilismo, mas em nossa sociedade de um modo geral. A determinação para alcançar objetivos, a valorização do esforço próprio e principalmente do próximo, um meio um pouco menos consumista valorizado por coisas menos fúteis.
Que o tempo passa e que o passado é “uma roupa velha que não nos serve mais”, é uma realidade, porém, certos valores são atemporais.

Mauricio Martins
Mauricio Martins
17 anos atrás

Acabou por quê tudo acabou no Brasil.
Éramos a 8ª economia, hoje somos a 16ª, os talentos aparecem através da quantidade de pessoas que praticam determinado esporte.
Sou velejador e ocorreu o mesmo fenômeno do automobilismo, a verdade é a classe média acabou e poucos afortunados não fazem um esporte crescer, é preciso o filho do dono da loja de material de construção (Rubinho)ou do pequeno industrial, etc.
Bem vindos ao socialismo, provavelmente pioraremos muito.
Repito, o único problema é grana, as pessoas continuam adorando automobilismo, mas sem tutu não dá…

Cláudio Orestes.
Cláudio Orestes.
17 anos atrás

Que lucidez !!! “FLAVIO GOMES p’ra Presidente já”

Marcos "macarrão"
Marcos "macarrão"
17 anos atrás

Efeito Senna. O fenômeno de mídia Ayrton Senna exerceu uma enorme influência sobre toda uma geração que via a Fórmula 1 como sinônimo de automobilismo. Durante os anos Senna, as demais categorias foram simplesmente ignoradas por multidões de senistas embevecidos. Assim, não houve renovação de público nas demais categorias, já que o ídolo estava na F-1. Quando Senna morreu, levou consigo toda uma geração de fãs do automobilismo, ou melhor, do automobilismo que restava, a Fórmula 1. Incluo essa minha tese à análise pertinente de FG, mas espero não ferir suscetibilizades…

Petrus Portilho
Petrus Portilho
17 anos atrás

Brandão, acho interessante dar nomes aos burros desde já, quem é o presidente da FASP? De quem foi essa ideia absurda de cobrar entrada, que isso pessoal, que ridiculo, ridiculo!

Speed Arosi
Speed Arosi
17 anos atrás

Caros amigos blogueiros e de Farnel
O texto conta com minha aprovação, no entanto, não posso deixar de registraro já comentadoOverhaulim (deve estar escrito errado), ou Rides ou HotCar Americam, Vintage (europa) assim como várias revistas que mostram pessoas, equipes, oficinas que modificam carros, não só colocandoacessórios, mas tbm muito, mas muito motor.
Quanto as corridas, só mesmo tendo muita vontade para mudar o panorama, pois conheço, muita gente que gosta de corridas e não vai a lugar nenhum, porque nem fica sabendo que existe corridas, além das chamadas na TV.
POrtanto, se a internet tem a força, que acredito que tenha, podemos sim mudar algumas coisa, desde que não passe pelo crivo de políticos.
Teria muito mais para dizer, mas muitos já disseram.
Vamos agir, Farnel dia 02/12 já é uma realidade, tem publico para SuperClassic, vai ter público para mais outras.

adriano
adriano
17 anos atrás

realmente voce tão razão, sou da década de 60, e nada era mais bonito que preparar um motor vw, passando os seus 4.600, giros, para 7.000, de quarta engatada e ouvir o seu ronco na descarga livre, feita de inox.

Reinaldo Silveira
17 anos atrás

FG,
goste-se ou não do conteúdo, belo texto, parabéns.
Não sei se é responsável pela morte lenta do automobilismo nacional (a CBA me parece muito mais merecer o título), mas tunning é uma lástima. Eu prefiro meus V8s.

Fernando de Noronha
Fernando de Noronha
17 anos atrás

Flávio Gomes, penso da mesma maneira que você. Parabéns pela coluna!

Elgringo
Elgringo
17 anos atrás

Po Flavio…. como diz a musica… “…mas eh vc que ama o passado e que nao ve, que o novo sempre vem….”

Acho que os “maduros” de 40 anos atras provavelmente detestavam a molecada queimando borracha… sinal dos tempos….

PS: Em tempo: Tambel acho horrivel esses mostrengos com neon, caixas de som, etc, etc…

Renan Raul
Renan Raul
17 anos atrás

CERTISSIMO GOMES

Antonio Stricagnolo
Antonio Stricagnolo
17 anos atrás

É isso mesmo ! Incluindo o automobilismo brasileiro, do Brasil de hoje só tenho dó da Fauna e da Flora.

Marcondes Witt
Marcondes Witt
17 anos atrás

Gomes, acho que esta é uma de suas melhores colunas! Fica difícil discordar.

JCVP
JCVP
17 anos atrás

A Formula Truck não tem público?

André Buriti
André Buriti
17 anos atrás

Flávio, excelente coluna, vou colocar um link dela lá no meu blog e nos fóruns por onde costumo ir para que mais pessoas possam ler e refletir sobre o grau de indigência cerebral que assola o automobilismo.
Realmente, temos que fazer algo em relação à CBA/ FAERJ/FASP, essas pessaos não podem mais tratar o autmobilismo como um feudo inexpugnável onde só os riquinhos podem entrar e usufruir sem ter nenhuma ligação emocional com o esporte.
Eu gosto de automobilismo desde que me conheço por gente, depois que comecei o blog, vi de perto, perto demais até como ele funciona, o automobilismo que é praticado no Brasil é igual salsicha, vc adora consumir mas se ver de perto como ele é feito vc foge.
É isso, estamos diante de uma encruzilhada, as federações monopolizaram o esporte e estão asfixiando-o tem que haver uma maneira de mudar isso ou em breve seremos apenas saudosistas de algo que poderia ter sido e não foi.
A vantagem do passado é ajudar a entender o presente e melhorar o futuro, as lições aprendidas até aqui de como NÃO se deve fazer o automobilismo tem que ser usadas para melhorar o esporte que a gente tanto ama.

Gilbert
Gilbert
17 anos atrás

Gomes, vc não acha que os carros tunados/xunados ficam todos muito parecidos? Ô gente sem criatividade, sô!!

Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
17 anos atrás

Concordo com tudo. Falta ao brasileiro paixão pela velocidade, isso faz tempo!
Não sei como era antigamente, sou meio novo, tenho só 42 anos.
Mas sei que a geração de hoje, que gosta de carros, não faz idéia de qual seja a potência do seu motor.
Nunca foi tão fácil preparar, e mesmo assim vemos carrinhos com motor 1.0 e 40 mil reais de badulaques.
Não se interessam pelo desempenho, e a cultura de “não se mate nas ruas” faz parte disso.
Hoje, nas estradas, anda-se muito mais devagar do que andava-se nos anos 70, com máquinas bem mais perigosas.

Isso é bom, sem dúvida. Mas o que falta para o automobilismo não é o povo se matando nas ruas, mas sim apoio ao esporte em si, que pode ser muito barato.

João LK
João LK
17 anos atrás

Apesar de não concordar com alguns dos argumentos, concordo integralmente com a conclusão da coluna quando diz que o automobilismo está morrendo. A era de ouro do automobilismo já passou. Feliz de quem pôde curti-la.

Agente Smith
Agente Smith
17 anos atrás

Não percebem?
É tudo um mecanismo de controle, tipo Matrix…. Pessoas poderosas por tras da mídia, determinando os pensamentos das pessoas…. Ditando tendências, impondo modismos e conseguindo retirar a atenção dos mortais para o que realmente importa: o bem estar da humanidade, tudo em troca de poder….. Carros de garagem, carros tunados, eventos esportivo, rádio, televisão, tv a cabo, celulares, internet…. Nos ensinam a querer, querer, querer…. (Seu Jorge, 2005). Nos ensinam a gostar de futilidades, a invejar, a apreciar o inútil…. Apagam de nossas cabeças o altruísmo, a busca pela igualdade entre os povos, a paz universal….
Então, preparem seus motores, tunem seus carros, escrevam seus blogs, pintem seus cabelos, assistam tv, viajem para a praia, comam carne, percam tempo e não se preocupem com o que realmente importa…. Daqui a cem anos, nenhum de nós estará mais aqui…. Somente nossos filhos, netos e bisnetos, vivendo num inferno….. Mas, isso é problema deles….
VIVA A FUTILIDADE
VIVA A INDIFERENÇA
VIVA A INVERSÃO DE VALORES
VIVA O MEU DINHEIRO….

Durmam para sempre, otários…. Sejam controlados e guiados, sem perceberem…..

FALEI,
AGENTE SMITH

Não percebem? O dinheiro manda….

Alexandre Ozorio
Alexandre Ozorio
17 anos atrás

FG e blogueiros em geral
Não sei se é por ser novo (tenho apenas “33 anos” e não conheci o automobilismo da década de 60, mas posso dizer que, o que vejo no Rio Grande do Sul é que ainda há muita gente trabalhando nesta área (c/ amadorismo muitas vezes…), mas dispomos de 3 autódromos, dois campeonatos de turismo, uma prova clássica de endurance, algumas categorias ainda incipientes – fórmula 1.6 – e sempre um bom público nos autódromos (mais do que em muitos jogos do campeonato brasileiro). Claro, na década de 80 foi melhor, mas estamos c boas opções para público e pilotos. Mas se o piloto quiser seguir carreira, avançar de categorias vai precisar de estrutura mais forte, atuação nacional…e aí o dinheiro acaba!!! Mas olhem o exemplo gaúcho e façam o comparativo c o RJ que tem hj apenas “meio” autódromo, mesmo sedo um estado mais rico e com maior população que o RGS.

Cesar Costa
Cesar Costa
17 anos atrás

Já escrevinhei pra burro mais abaixo, mas me lembrei de outra coisa: Esta época do ano acabam todas as temporadas européias e americanas por um problema simples. Faz frio e neva. Aqui, acompanhamos o calendário Europeu. De dezembro a março nada de provas. Qdo o automobilismo brasileiro poderia ganhar mais espaço na imprensa ele entra de férias. E isso sempre foi assim. Burrice crônica.

Juncker
Juncker
17 anos atrás

Correr no Brasil é muito caro…
E é impossivel levar um carro de rua para dar umas voltas em interlagos…
(e em varios outros autodromos).

Galera vai ficando desmotivada…

NOssos politicos deveriam pensar um pouco nisso….

Marçal
Marçal
17 anos atrás

Acho que a questão do tuning é apenas uma questão de gosto. Realmente aqui pelo Brasil os caras erram na mão na hora do tuning. Mas alguem aqui duvida do bom gosto do Chip Foose? Partircularmente acho os carros dele sensacionais.

bebeto
bebeto
17 anos atrás

gostei. a molecada hoje quer sonzera, adesivos, aerofolios escrotos e inúteis.
é a era do mau gosto que reflete tambem na falta de gosto pelo automobilismo

Toty
Toty
17 anos atrás

Cara, fala sinceramente. Se não existisse a Stock, vc não sentiria falta de uma categoria onde bons pilotos sem idade para continuar nos monopostos pudessem acelerar. Não fosse pela Stock, nunca veríamos pilotos como Raul Boesel, Wilson Fittipaldi, Ingo Hoffman, e outros. Os americanos e europeus podem ver seus ídolos de perto, sem a Stock, nem isso nós teríamos.

Sandro Pires Cardoso
Sandro Pires Cardoso
17 anos atrás

1) Denunciar no minitério publico os desmandos da CBA, das Federações e dos Clubes.
Todos esses vampiros vivem disso, e vivem muito bem, baseados em corrupção, meia-nota, caixa 2 e outros crimes previstos em Lei.
2) Aplicar de fato a Lei Pelé, que prevê a possibilidade de existir outras ligas que não afiliadas a CBA.
3) Promover o uso dos autódromos de forma diferente, com provas de carros originais em várias categorias, e de Time Trail ou Track Days, sem nenhuma interferencia dessa corja de ladrões.

Pergunto:
1) Porque nos 500 Km foi permitida uma prova de regularidade com mais de 50 carros originais com inscrição a R$200 cada carro?
2) Porque no Porsche Day andaram mais de 80 Porsches em regularidade, e depois teve uma prova de Flying Lap?
E TODOS os pilotos só de capacete. Sem macacão anti-chama, carros sem santantanio, chave geral, extintor, todos originais?
Ouvi dizer que pagaram por fora para alguns vampiros, a aí sim pode correr. Estavam lá supervisionando, e é mentira. Estavam almoçando de graça e passando o dia, pois tudo foi pago e providenciado pela organização.
A verdade é que alguem tem de tomar a frente para aparecer estas coisas.
Porque o público comum não pode andar com seus carros? Se pagar para os caras por fora, aí pode.
Estão mantendo o automobilismo assim porque ganham dinheiro sujo, e exploram quem gosta. São mal intencionados e o que fazem é digno de quadrilhas organizadas.
Onde está o Ministério Público, que não investiga esses desmandos, esses interesses escusos, esse mal uso que a lei permite a tão poucos?
São os mesmos a muitos anos, é uma quadrilha organizada. Isso tudo tem que acabar.

Toty
Toty
17 anos atrás

Desculpem o texto mal redigido abaixo e o G de FG minúculo. É FG, com o devido respeito.

Toty
Toty
17 anos atrás

Nota 10!
O Fg mandou bem. Um lúcido nessa decadência automobilistica e praga gratuita do brega tunning. Arghhh!
Só mais uma. Deveriam pulverizar ao menos metade da a imensa verba da perfumada Stock Cars (cemitério de pilotos fracassados e bem relacionado, claro com exceções) em torneios de Kart, Formulas VW, Renault, Ford, protótipos, Turismo e outras mais acessíveis, categorias que um piloto tem a chace de meter a mão na gracha e descobrir os fundamentos da preparaçâo , dos
acertos, aerodinâmica & Cia. Com certeza iram aperecer dezenas de pilotos promissores, preparadores geniosos, autódromos e etc. Seria uma maravilha.

Francesco Carbone
Francesco Carbone
17 anos atrás

Caro Flavio.
Completando meu desabafo, estava até com vontade de colocar um Passat para andar na divisão 3 da Super Clasic. O meu amigo e mecânico Junior da Pozzi Motori está comendo meu juizo para eu andar, mas com essas merdas da federação, ando pensando se vale a pena.
Para os Matusas, O mecânico Junior que falo é filho do saudoso Erminio Pozzi, da ERPO, aquele que fazia os Passats da Sorana com motor MD 270 1,5l Virar 1,7l, dos equipamentos ERPO, Coletores de VW ar, dos duplos comandos para motor chevete, Preparador da Super-Vê, sobrinho so Silvano Pozzi, da SILPO que fazia motores de kart…….
Saudades de um tempo em que não vivi, mas presto muita atenção nas histórias dos Matusas como meu pai, que dividia com meu tio um DKW 59 com o escape aberto, câmbio alemão longo e motor arrombado até o talo para se classificar para andar nas 6 HORAS de Interlagos pelo anel externo. Detalhe: esse DKW foi comprado pelo meu pai e meu tio que deram em troca um Delphine ano 63 que era o único carro da família, sem meu nono saber.
Isso sim que é paixão por velocidade …………
Abraços

Tio Supimpa
Tio Supimpa
17 anos atrás

Gomes, o assunto tá rendendo. Acho que seria uma boa você criar mais tópicos sobre o assunto!! :P

welington
welington
17 anos atrás

Você vive de passado, tudo a 50 anos atras é melhor, viva o hoje…ridiculo !!!