Ladaland (terça)
SÃO PAULO (lindos dias) – Recebo telex fotográfico de famoso blogueiro, que se instalou em Riga e de lá não sai mais. Ficamos todos felizes por saber que os negócios vão bem.
Kamarada Gomes, não deixa de ser irônica nossa situação. Com tantos amigos no Ocidente, região do planeta que vive atolada na lama de todas as espécies, é de lama que estamos vivendo agora na tranquila Letônia. Cultivamos lama para tratamentos estético-medicinais, que estamos exportando para o Canadá. Mas como todo trabalho tem de ter um cunho social, fazemos também uma ação porta-a-porta, levando nossa lama aos desvalidos a foto mostra uma de nossas entregas gratuitas; paramos na praça da aldeia, as pessoas vêm, passam a mão no carro e, depois, no rosto ou nas costas. Os banhos de lama curam tudo, de lumbago e malária, de escarlatina a acne, de hérnia de disco a elefantíase. Estaríamos enriquecendo, não fosse a alta tributação para o lamabusiness determinada pelo governo letão. Mas o que importa? Pagamos todas nossas taxas com alegria, sabendo que elas serão investidas no bem-estar do nosso povo. A oficina mecânica, fechamos. Estamos, agora, pensando em comprar um segundo carro. Saudações, Leandrov Alfonsov.
Muito bom isso, sonegar não é legal. Será que vende pela internet?
Bem amigos da Rede Gomes, bom dia.
Leio esse texto e olho essa foto e o que me fazem lembrar ?
Aqueles escravos de Serra Pelada carregando sacos de lama nas kostas até a morte ? Não.
Aqueles aborígenes kaçando karanguejos no manguezal ? Não.
A favela no entronkamento dos rios Tietê & Tamanduateí ? Não.
Isso me lembra Veneza. Sim, ela mesma, no nordeste da Itália, vizinha a Eslovênia.
Veneza está morrendo. Da janela do hotel Piaza D`Oro eu ví os tristes sinais disso. Tem 80 mil habitantes fixos, aproximadamente, contando todas as ilhas em volta. Muitos moradores dessas ilhas nunca foram à Veneza, propriamente dita. Seu comércio, mais caro que o de Nova York, sobrevive dos milhões de turistas, de quem suspeito querem, nos seus inconscientes, destruir a cidade porque sua beleza não combina com a vulgaridade dos lugares em que vivem. Afronta-a essa vulgaridade. Se olha aquilo tudo “con amore”. Ao mesmo tempo, é sinistra. Parece que vai cair tudo em cima de nós. Os supostos restos de São Marcos, o menos inteligente dos apóstolos, foram furtados por venezianos que finalmente os enterraram sob sua catedral, que vai toda contra qualquer senso de harmonia estética, pois parece um bazar oriental. Uma ótima tumba cristã, portanto.
A lama está matando Veneza. Ela está cedendo paulatinamente por problemas de correntes submarinas, além das vigas das edificações estarem apodrecidas pelos séculos de água salgada. Tudo está afundando, inexoravelmente.
Essa lama sim, terá valia algum dia pois, séculos de história e cultura humana vicejaram e passaram sobre ela.
Ao kontrário dessa lama nojenta retratada na foto, de um esconderijo de ratos chamado Letônia, de onde até os karanguejos do brejo e moskas varejeiras se rekusam a viver nela.
Não chegam nem longe da lama medicinal de Brotas em São Paulo onde tenho um chalé exclusivo em suas colinas, e para lá irei passar o feriado próximo junto à minha namorada canadense, cujo sotaque peculiar tanto encanta aos locais.
E nós sequer utilizamos esses tais “banhos de lama”, pois não acreditamos em tais crendices. Tudo o que eles hipoteticamente nos dariam já o temos, levando uma vida saudavel e feliz.
Porém, para quem vive na URSS ou em seu entorno, não consegue entender isso, muito menos Veneza.
Tudo o que é bonito em arte e arquitetura por lá, é do tempo do tzarismo. O komunismo é um papel em branco e amarrotado em matéria de realizações artísticas. O regime não criou uma mística que permita a criação artística. Stalin matou todo mundo que tinha talento, até Gorki, a quem mandou envenenar. Só o passado é presente em arte na URSS.
A Itália, com Florença e Veneza, particularmente, são de uma fraternidade cultural que só existe em nossos sonhos, se formos abençoados com imaginação. O gênio é o mistério da espécie.
Como os pobres russos foram amaldiçoados com um bando de histérikos a prover-lhes suas desgraças, o que sobrou é um deserto lotado, um silêncio barulhento, uma escuridão ofuskante e um perfume de fedor.
Como sempre pensei desde criança : “É preferivel viver menos e ter algum prazer a esticar a vida em tédio.”
Então, acrescento mais uma sobra à terra dos bolcheviques : o tédio da ilusão mentida.
A luta kontinua, a luta kontinua…
Sinistro, muito sinistro…
Lamabusiness e cultivo de lama foram ótimos !!
Santa criatividade, Batman !!(risos)
Entendo as risadas do Tohmé, eu também vejo um Lada e fico rindo só de lembrar os posts do Ladaland e as respostas “iradas” do Veloz HP !!! (risos)
é impressão minha ou o cara parou na descida pra pegar no tranco ? o Agapov cada vez se revela mais conservador…..
Vi uma vendendo aqui perto. É vermelha.
Tohmé
não leve a mal, fico rindo porque lembro do ladaland
Pô Humberto, ficar rindo é sacanagem….
Se der, pega o tel. do cara. valeu.
Tohmé
aqui em Vitória eu ví outro dia uma passando na minha frente e lembrei do BLIG na mesma hora. Fiquei rindo sozinho dentro do carro.
Tô a procura de uma dessas. Alguém sabe de algo?
Telex… a quanto tempo não ouvia ou lia isso. Até que era divertido, para a época. Mas é melhor explicar senão a gurizada nem vai entender…