el cordobés (7)

CÓRDOBA (mais light) – Na quinta, depois de dar PT ao meu tênis de lona (o seguro quer fazer vistoria), fui a um shopping aqui ao lado comprar algum pisante vagabundo para detonar na lama. Achei um tênis horroroso chamado Finder’s, orgulhosamente manufaturado na Argentina, por 81 pesos. Por ser feio demais, será abandonado nesta província ao final de tudo.

Com o tênis novo e de jaqueta impermeável porque a chuva voltara, embarquei no microônibus para o autódromo. Autódromo? Ô vício… Fomos para o Parque de Serviços em Villa Carlos Paz, onde teríamos um dia diferente da quinta-feira. Nada de acompanhar as especiais no meio do mato. O programa era ver como funciona um dia na base do rali.

Imagine um grande pátio. Digamos, a área de dispersão do Sambódromo. Em volta dele ficam os “boxes”. Que, no WRC, são tendas. O acesso a elas se dá por uma estreita faixa de asfalto. Separando essa pistinha do centro do grande pátio, grades de metal. Ali no meio, é tudo aberto ao público. Tudo. Há barracas que vendem produtos piratas. Incrível, em área “oficial”, tudo pirata. Comprei um boné fajuto por 35 pesos e um casaco não muito fajuto por 70. Ambos em azul e amarelo. Na F-1, se alguém tentar vender algo pirata dentro do perímetro do autódromo, Bernie Ecclestone chama Jack Bauer e manda tacar fogo em tudo.

Fogo que também tem no “paddock” do WRC. Ao menos na Argentina. E dá fome. Mesmo às 10 da manhã.

Àquela hora da manhã, estavam todos os carros ralando lá onde Judas perdeu as botas. Eram os quatro primeiros estágios e a turma saiu do Parque de Serviços bem cedo, pelas ruas e estradas das redondezas, com hora marcada para voltar. A partir das 12h30 eles começariam a chegar de volta. Como soldados que saem para uma batalha, matam e morrem, e voltam para cuidar dos feridos. Que num rali, em geral, são os carros.

Imagens de TV? Luxo. Não são todos os mais de 350 km do percurso total que são cobertos por câmeras de TV. Em boa parte do tempo os pilotos e seus navegadores estão sozinhos no mundo. Comunicam-se pelo rádio com suas bases. É pelas telas de cronometragem que os times sabem mais ou menos o que está acontecendo.

E aí entra o rádio. Rádio AM e FM, quero dizer. Com repórteres espalhados por todos os postos de controle, as emissoras da cidade não param de falar do rali um minuto sequer. É pelo rádio que o povo sabe o que está acontecendo lá onde não dá para chegar, lá onde só chega um carro do WRC.

E enquanto os carros não voltavam à base, saí pelo Parque de Serviços para reconhecer o ambiente.


Parei aí. Já deu para perceber que em rali tenho lá minhas preferências. Mas não sou um “outrista”, neste caso. A Subaru é a única equipe que tem torcida. Não importa muito quem está ao volante, o povo torce pelos carros azuis e amarelos. Mesmo se eles não ganharem nada.

Foi assim com a Ferrari por anos, não foi?

Subscribe
Notify of
guest

12 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Mp4
Mp4
16 anos atrás

Realmente, a Subaru desperta paixões.

Vítor Rodrigo Dias
Vítor Rodrigo Dias
16 anos atrás

Subaru, equipe da cor jalde-azul… será que não a associam com o Boca Juniors, e por isso tanto frenesi pela Subaru?

Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
16 anos atrás

Os Ralis lembram a origem do automobilismo…

Jamil
Jamil
16 anos atrás

Gomes
Uma sugestão: Na próxima vez que você for cobrir uma etapa do WRC compre um Timberland.

Carlos Trivellato
Carlos Trivellato
16 anos atrás

Eu que o diga!

Comecei a acompanhar a história da Ferrari em 1.982, é só fazer as contas com o primeiro título do Shumy para ver quanto sofri, acho que nem corintiano já passou por isso!

RAFAEL JORGENS
RAFAEL JORGENS
16 anos atrás

Amigo, lembro de uma cerveja vendida em lirto por ai. Não lembro nome.
Grato.

SÉRGIO HINGEL
SÉRGIO HINGEL
16 anos atrás

Gomes, que voce é Ladista a gente sabe, agora voce também é Subarista ?

MSM
MSM
16 anos atrás

Produtos piratas MAde in Paraguai ou China?
Essa bicicleta tem tração 2×2?
Bonita.

Jorge Roberto Alves
Jorge Roberto Alves
16 anos atrás

Sou fanático por todo tipo de competição que envolva veículos motorizados ( até mesmo de cortadores de grama, como fazia Sir Stirling Moss ). Mas como ex-ciclista, estas mountain-bikes estilizadas da Subaru World Rally Team conquistaram ainda mais este torcedor que vos escreve.
Agora Gomes, você entendeu porquê
os senhores Ecclestone & Mosley resolveram “acabar” com os Campeonatos Mundiais de Esporte-Protótipos ( que conse-
guiram ) e Rally ( que estão resistindo bravamente )???????
Por que não têm as frescuras do mundinho asséptico-lunático da F-1.
O povão gosta é disto!!!!!!!
Se você tivesse visto Sandro Munari, Tommy Makkinen, Richard Burns, Carlos Sainz, Markus Grunhollmn entre outros, você entenderia também o fanatismo não só dos argentinos, mas de todos os torcedores por onde passam as etapas do Mundial de Rally.

Milton
Milton
16 anos atrás

Eu, como ciclista, não posso deixar de dizer:
AS BIKES DA SUBARU SÂO LINDAS!!!! Q COR!!!!!

Leonel
Leonel
16 anos atrás

Gugu, ops, FG, parabéns pelo início da cobertura, continuamos aguardando as intrépidas aventuras em terras ermanas, numa das provas mais fascinantes do automobilismo.

Bruce
Bruce
16 anos atrás

(repeteco:)

Gomes,

O Zacca é um figura. Pede pra ele contar as aventuras mexicanas e como saboreou guzanos na pirâmide.

Ao Zamba-Zambelo, peça que compre um delicioso choripan. Vai muito bem com Quilmes gelada.