el cordobés (8)

CÓRDOBA (preto e redondo) – Faltava ainda uma hora para os carros começarem a voltar. No Mundial, pelo menos, é assim. Ao fim de cada “missão” os carros devem voltar à base. Depois saem de novo e voltam para dormir.

Falarei dessa dinâmica mais tarde. Agora, pausa para os pneus.

Como já disse, viajo a convite da Pirelli. E engana-se quem pensa que nessas viagens “a convite”, como a gente diz, é preciso ficar bajulando o anfitrião. Ao contrário: aprende-se bastante. Era assim, por exemplo, nos tempos em que a assessoria do Pedro Paulo Diniz levava jornalistas para as apresentações de seus carros na Europa. Graças a essas viagens pude conhecer as fábricas da Arrows e da Sauber, mergulhando num universo normalmente muito fechado. Foi o mesmo com a Ferrari e com a Williams, anos atrás.

Normalmente aceito esses convites. São oportunidades que abrem horizontes. A gente vive de informação, afinal. Sabendo aproveitar, não há por que ter vergonha de aceitar. Parte do jogo.

Aula de pneus, pois, com o chefão da Pirelli, que até 2010 será fornecedora única do Mundial de Rali.

Mario é o nome do engenheiro que, com uma simpatia para mim desconhecida neste mundo do automobilismo de ponta no qual vivo há 20 anos, respondeu a todas as perguntas que fizemos.

E aprendi que:

– A Pirelli faz seis tipos de pneus para uma temporada: um só para o Rali da Suécia (estreito, para neve), dois para as pistas de terra como a da Argentina (um duro que nem pau, outro mais macio), dois para as provas em asfalto (duro e mole) e um para Mônaco (onde se corre no asfalto com gelo, normalmente).

– Cada pneu custa, montado e balanceado, 240 euros. As equipes pagam por eles.

– Cada equipe pode usar, em testes, um total de 600 pneus por ano. Estes custam 210 euros, porque o preço não inclui a montagem e o transporte.

– Neste ano os pneus são muito reforçados nas laterais, porque está proibido o uso da “mousse”, um composto esponjoso que ficava na parte interna e impedia a perda de pressão em caso de furo. Era tão eficiente, que às vezes o pneu furava e o piloto nem percebia.

– As medidas dos pneus não são anormais: 205/65/15.

– Cada carro pode usar oito jogos de pneus por fim de semana de rali.

Eram 11h30 quando o engenheiro Mario, falando em italiano, encerrou a entrevista. Não porque quisesse, ou porque tivéssemos 17 minutos e 36 segundos para falar com ele, como acontece na F-1. É que um mecânico avisou que os carros estavam começando a chegar. Hora de trabalhar.

Mas era um alarme quase falso. Na verdade, estava chegando só um SX4 da equipe oficial da Suzuki, que estreou neste ano. O carro teve problemas e voltou antes da batalha.

Fui lá ver o amarelinho. Teve problema de motor, tadinho. Acontece, é ano de estréia.

Subscribe
Notify of
guest

5 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Pedro Jungbluth
Pedro Jungbluth
16 anos atrás

Puxa, legal esse negóio dos pneus. Para aumentar o imponderável, retiram um fator de segurança.

Na F1, ainda insistem nos sulcados…

Marcelim
Marcelim
16 anos atrás

Será que vão botar o Travis Pastrana para correr o WRC pela Suzuki?

E pelo menos no motociclismo, a Suzuki é muito bem sucedida no offroad.

Já se o desempenho for igual ao dos carros, vai ser pequenininho, pequenininho…

MSM
MSM
16 anos atrás

Na Autoesporte de fevereiro, tiraram fotos desse SX4 fazendo teste aqui em SP, parece que será comercializado aqui em breve, bonito o carro.

Cassio Missiroli
Cassio Missiroli
16 anos atrás

Muito legal a cobertura, parabens, belo trabalho.
Nunca estive em uma etapa do WRC, mas estou me sentindo quase la.
A Argentina e um sucesso!
Ancioso por mais detalhes.
(Teclado Ingles, desculpe).
Abracos,

Benê Farias
Benê Farias
16 anos atrás

Esse pokémon de motor quebrado é o mais feinho do WRC.

…é uma pena que a Subaru vai deixar de competir com o Impreza para usar um hatch. Fazer o que, se os carros compactos estão dominando o mundo.