Flavio Gomes quarta-feira, 6 de novembro de 2013 16:18 15 comentários
Uma boa pergunta que sempre cabe quando a gente vê essas fotos é: quantas e quais dessas baratinhas dos anos 30/40/50 sobreviveram no Brasil? Nesses anos todos vivendo no mundo dos carros antigos, não conheço nada muito significativo.
A maioria dos monopostos e bipostos que vieram para cá nos anos 20/30/40/50 acabou-se, faleceu, morreu……….. A falta de dinheiro, a falta de de manutenção, a pratica do canibalismo para de dois carros se fazer um, acidentes (também acontecem, mas não foram tantos assim) envelhecimento dos carros com alta perda de competitividade, a categoria da Mecânica Continental/Nacional tudo isso somado fez com que se acabassem os carros daquelas épocas. Também ajudou essa perda a falta de tradição, cultura e educação dos brasileiros. Aqui esses carros ficaram velhos, essa foi a opinião brasileira, em outro lugares, inclusive Argentina, os carros não ficaram velhos, ficaram antigos. É certo que o pouco que restou foi levado embora por Colin Craabe nos anos 80, mas a maioria (para não dizer a totalidade) eram carros dos anos 50, as Ferrari Testa Rossa, as Maserati 300S e outros. Exemplo dos carros que se acabaram: eu tinha uns 14/15 anos, estava em Interlagos entre 1960/1961, e lá corria um monoposto (não lembro se chassis Alfa Romeo/Maserati/ou assemelhado) com motor Studebaker. Vou mencionar o caso de 3 chassis Alfa Romeo: num Joaquim Kuster (famoso projetista dos barcos Carbrasmar) fez um coupé ousadíssimo para sua época, noutro alguém no RJ fez um esportivo com motor Packard e no terceiro Henrique Casini do RJ (ex-piloto de Ferrari no Brasil) fez um esportivo com motor Cadillac. Esses carros teriam sobrevivido e aquele com motor Packard estaria aqui em São Paulo. Respondendo a alguns comentários: 1. o carro que está no Museu Lee, que chamam de Alfa Romeo P3 e teria pertencido a Hellenice, não é Alfa Romeo (nunca foi) e nunca pertenceu a Hellenice, foi feito na Argentina 2. corridas de automóvel foram feitas por abnegados e não por gente rica, a maioria dos pilotos brasileiros, até o profissionalismo dos anos 60 para frente, lutava bravamente para pagar suas contas no fim do mês 3. Chico Landi nunca foi rico, nem morreu rico (em compensação Fangio ficou rico, riquíssimo) 4. o patrocinio da Cervejaria Caracu decorre do fato que o carro pertencia ao Scarpa (pai do Chiquinho), ele fazia propaganda de seu produto usando Chico Landi 5. nos anos 50/60 patrocínio era um dinherico, nada do que se vê nos dias de hoje. Eu trabalho num levantamento de Alfa Romeo até os anos 80, no pré guerra Alfa Romeo legítimo só tenho o RL do Museu Lee. Alfas clássicas dos anos 50 (1946 a 1957) o levantamento só tem 10 carros anotados e, assim mesmo, o destino de um deles é duvidoso. A título de curiosidade. o carro da foto é uma Alfa Romeo 8C-308, dirigida por Chico Landi na corrida da Gávea de 1947. Essa 308 fazia parte do team chamado Alfa Corse dirigido então por Enzo Ferrari. Foram fabricadas 4 unidades para o campeonato mundial de 1938 e guiadas por gente como Nuvolari e Villoresi, sem grandes sucessos. Esse é o mesmo chassis que, nos anos 50, Henrique Casini colocou um motor Cadillac e uma carroceria de carros esporte dois lugares na linha do Corvette. Desculpem-me de ter sido tão prolixo!!!!!!!!
Tem uma MASERATI no museu do Paulo Trevisan em Passo Fundo, tenho fotos com ela!!!
Ricardo Sarmento
10 anos atrás
O que ouço falar é que quase todas foram levadas para a Europa. O resto se acabou em acidentes, mas deve ter algumas bem guardadas.
Ulisses
10 anos atrás
No museu do Roberto Lee, em Caçapava, tinha (ou tem) uma Alfa Romeo 1936, que diz a lenda, foi a mesma que a pilota francesa Helle Nice teria capotado no GP de São paulo na Av. Brasil, quando disputava o 3º lugar com o Barão de Teffé na última volta (há controvérsias).
Lucas Martin
10 anos atrás
Desde essa época que corrida era coisa de gente muito rica, apenas. Quem tinha dinheiro pra importar esses bólidos?
Richard Hermann
10 anos atrás
Poxa já corria com patrocinio!!!!! Interessante
Valdemar Furtado
10 anos atrás
Não sei quantos carros desses sobreviveram, mas a cerveja Caracu ainda existe…
Dilor
10 anos atrás
Li certa vez em algum lugar que Collin Chapmann foi responsável por introduzir propagandas em carros de corridas. Esta foto prova que não.
Chapman foi pioneiro na F1, não no automobilismo. Deve ter a ver com o fim da regra das cores nacionais.
Robertom
10 anos atrás
Como era difícil e caríssimo conseguir peças para motores Alfa-Romeo, Maserati e Ferrari quase todos receberam motores V8 Chevrolet ou Ford e foram bastante modificados.
Diz a lenda (exagero) que a categoria Mecânica Nacional/Continental acabou porque a maioria dos pilotos morreu e os carros foram quase todos destruídos em acidentes.
Guilherme
10 anos atrás
Balls of steel.
Ricardo Bifulco
10 anos atrás
Salve Flávio! Até onde sei, destes carros de GP, somente a Maserati CL que está no museu do Trevisan. O resto foi levado a preço de banana para o exterior , infelizmente..
Um abraço,
Rafael
10 anos atrás
Reza a lenda no Rio que em um casarão no alto da boa vista tem uma pendurada na garagem… Lendas urbanas…
Jornalista, dublê de piloto, escritor e professor de Jornalismo. Por atuar em jornais, revistas, rádio, TV e internet, se encaixa no perfil do que se convencionou chamar de multimídia. “Um multimídia de araque”, diz ele. “Porque no fundo eu faço a mesma coisa em todo lugar: falo e escrevo.”
A maioria dos monopostos e bipostos que vieram para cá nos anos 20/30/40/50 acabou-se, faleceu, morreu……….. A falta de dinheiro, a falta de de manutenção, a pratica do canibalismo para de dois carros se fazer um, acidentes (também acontecem, mas não foram tantos assim) envelhecimento dos carros com alta perda de competitividade, a categoria da Mecânica Continental/Nacional tudo isso somado fez com que se acabassem os carros daquelas épocas. Também ajudou essa perda a falta de tradição, cultura e educação dos brasileiros. Aqui esses carros ficaram velhos, essa foi a opinião brasileira, em outro lugares, inclusive Argentina, os carros não ficaram velhos, ficaram antigos. É certo que o pouco que restou foi levado embora por Colin Craabe nos anos 80, mas a maioria (para não dizer a totalidade) eram carros dos anos 50, as Ferrari Testa Rossa, as Maserati 300S e outros. Exemplo dos carros que se acabaram: eu tinha uns 14/15 anos, estava em Interlagos entre 1960/1961, e lá corria um monoposto (não lembro se chassis Alfa Romeo/Maserati/ou assemelhado) com motor Studebaker. Vou mencionar o caso de 3 chassis Alfa Romeo: num Joaquim Kuster (famoso projetista dos barcos Carbrasmar) fez um coupé ousadíssimo para sua época, noutro alguém no RJ fez um esportivo com motor Packard e no terceiro Henrique Casini do RJ (ex-piloto de Ferrari no Brasil) fez um esportivo com motor Cadillac. Esses carros teriam sobrevivido e aquele com motor Packard estaria aqui em São Paulo. Respondendo a alguns comentários: 1. o carro que está no Museu Lee, que chamam de Alfa Romeo P3 e teria pertencido a Hellenice, não é Alfa Romeo (nunca foi) e nunca pertenceu a Hellenice, foi feito na Argentina 2. corridas de automóvel foram feitas por abnegados e não por gente rica, a maioria dos pilotos brasileiros, até o profissionalismo dos anos 60 para frente, lutava bravamente para pagar suas contas no fim do mês 3. Chico Landi nunca foi rico, nem morreu rico (em compensação Fangio ficou rico, riquíssimo) 4. o patrocinio da Cervejaria Caracu decorre do fato que o carro pertencia ao Scarpa (pai do Chiquinho), ele fazia propaganda de seu produto usando Chico Landi 5. nos anos 50/60 patrocínio era um dinherico, nada do que se vê nos dias de hoje. Eu trabalho num levantamento de Alfa Romeo até os anos 80, no pré guerra Alfa Romeo legítimo só tenho o RL do Museu Lee. Alfas clássicas dos anos 50 (1946 a 1957) o levantamento só tem 10 carros anotados e, assim mesmo, o destino de um deles é duvidoso. A título de curiosidade. o carro da foto é uma Alfa Romeo 8C-308, dirigida por Chico Landi na corrida da Gávea de 1947. Essa 308 fazia parte do team chamado Alfa Corse dirigido então por Enzo Ferrari. Foram fabricadas 4 unidades para o campeonato mundial de 1938 e guiadas por gente como Nuvolari e Villoresi, sem grandes sucessos. Esse é o mesmo chassis que, nos anos 50, Henrique Casini colocou um motor Cadillac e uma carroceria de carros esporte dois lugares na linha do Corvette. Desculpem-me de ter sido tão prolixo!!!!!!!!
Parabéns, és um especialista e abnegado.
Tem uma MASERATI no museu do Paulo Trevisan em Passo Fundo, tenho fotos com ela!!!
O que ouço falar é que quase todas foram levadas para a Europa. O resto se acabou em acidentes, mas deve ter algumas bem guardadas.
No museu do Roberto Lee, em Caçapava, tinha (ou tem) uma Alfa Romeo 1936, que diz a lenda, foi a mesma que a pilota francesa Helle Nice teria capotado no GP de São paulo na Av. Brasil, quando disputava o 3º lugar com o Barão de Teffé na última volta (há controvérsias).
Desde essa época que corrida era coisa de gente muito rica, apenas. Quem tinha dinheiro pra importar esses bólidos?
Poxa já corria com patrocinio!!!!! Interessante
Não sei quantos carros desses sobreviveram, mas a cerveja Caracu ainda existe…
Li certa vez em algum lugar que Collin Chapmann foi responsável por introduzir propagandas em carros de corridas. Esta foto prova que não.
ops. “publicidade” soa melhor.
Chapman foi pioneiro na F1, não no automobilismo. Deve ter a ver com o fim da regra das cores nacionais.
Como era difícil e caríssimo conseguir peças para motores Alfa-Romeo, Maserati e Ferrari quase todos receberam motores V8 Chevrolet ou Ford e foram bastante modificados.
Diz a lenda (exagero) que a categoria Mecânica Nacional/Continental acabou porque a maioria dos pilotos morreu e os carros foram quase todos destruídos em acidentes.
Balls of steel.
Salve Flávio! Até onde sei, destes carros de GP, somente a Maserati CL que está no museu do Trevisan. O resto foi levado a preço de banana para o exterior , infelizmente..
Um abraço,
Reza a lenda no Rio que em um casarão no alto da boa vista tem uma pendurada na garagem… Lendas urbanas…