DÚ CARDIM
SÃO PAULO – Quando foi que Dú Cardim apareceu pela primeira vez em Interlagos? Num dos farnéis do #96, saudosos encontros de blogueiros no autódromo para ver um DKW lerdo que carregava dentro dele sonhos e nostalgia de uma gente diferente?
Claro que não.
Dú sempre esteve em Interlagos, e o que aconteceu lá pelos idos de 2006 foi apenas que nos recebeu com a alegria e a generosidade que essas entidades aladas misteriosas entregam a novos visitantes em seus domínios.
Desde então, lá estava ele em cada corrida, em cada treino, a cada motor quebrado, a cada aflição nos boxes, em cada acidente que nos assustava, e como um anjo nos acudia o tempo todo, parecia se multiplicar, via e vivia tudo, de tudo sabia e a todos conhecia, e quando o sol se punha atrás daquela curva, fazia a última vistoria de seu solo sagrado e desaparecia, para amanhecer ali mesmo no dia seguinte, afinal era ali que vivia, era daquela terra que se alimentava, era aquele o único ar possível que respirava, os sons que daquele lugar emanavam eram os únicos dignos de se escutar. Dú chorava quando via a neblina baixar sobre Interlagos.
O mundo é um lugar estranho para anjos, e talvez por isso eles não sejam devidamente compreendidos. Há uma certa urgência no que fazem, porque as demandas daqueles que protegem, num ambiente apressado como o de uma pista de corridas, assim são.
Então que mesmo assim Dú Cardim dava conta de acudir a todos nós e é bem possível que encerrasse suas jornadas esgotado, ainda que seu sorriso tímido não demonstrasse cansaço ou estafa. Era ele que nos trazia notícias e peças e palavras e sabedoria e fita crepe e adesivos e histórias e cigarros e cervejas e capacete e balaclava e papeletas com resultados e que ficava conosco no hospital, fosse um caso de ossos quebrados numa porrada na Reta Oposta, fosse um caso de porre que precisava ser contornado imediatamente porque no dia seguinte haveria um grid e uma largada e uma corrida e a necessidade de se cumprir uma missão sacra, a de acelerar como faziam seus ídolos Luizinho e Pace, a quem nunca conseguimos nem remotamente imitar para, pelo menos, agradecer os cuidados que ele nos oferecia em troca de nada, absolutamente nada.
Não sei bem o que aconteceu com Dú Cardim anteontem, uma queda no jardim de casa, me contaram, um hospital, outro hospital, atividade elétrica que cessa, o fim.
Pane elétrica, deveria ser essa a causa mortis, era o que eu colocaria na certidão de óbito se pudesse, e o anjo magro colocaria os óculos para rir de mim, abriria uma latinha, acenderia um Marlboro, me daria um, e encerraria a questão dizendo é nóis, Efegê, para bater as asas e ir-se, porque tem corrida neste fim de semana e vão precisar dele lá.
Vai lá então, Dú Cardim, proteja a todos, nos proteja.
Seus textos são sempre bons. Mas os que você escreve sobre “a morte” estão entre os melhores. Como esse acima, tem o do Sedan Branco e muitos outros.
Puxa vida… Não o conheci pessoalmente, mas conversei com ele algumas vezes por email, comprando memorabilia de corridas. Sempre muito simpático e prestativo. Meus sentimentos à família e aos amigos.
Acabei de saber agorinha pelo Jan Balder.
Que pena, que tristeza. O Du era um cara que eu gostava muito de ver em Interlagos. Sempre muito simpático, me tratava bem, um grande gente boa. Lembro que um dia recebi um e-mail de uma fábrica de embalagens assinado Eduardo Cardim. Uma surpresa, era o filho dele.
A última vez que vi o Du acho que foi no lançamento do livro.
Rest in peace friend.
Que triste noticia…
Um tarado por automobilismo e motociclismo, manjava como poucos.
E como disseram acima, um malucão.
E sempre recebeu bem a mim e minha mãe, onde fosse o lugar.
Lembro do quão feliz ele ficou quando colocamos a câmera no DKW #96 e, mais ainda, quando viu que a filmagem tinha dado certo.
Putz, Flávio, o sedan branco está ficando muito cheio de gente boa… O rádio dele é bom? Porque tem que ter muito rock’n’roll…
Caralho, que sapatada.
Que camisa bacana essa que ele estava usando.
Lamento Flavio, lamento.
Mundo injusto da porra . Leva o Dr. Roberto e o Dú e deixa um bando de FDP .
RIP Dú.
FG,
O sedan branco nunca deveria vir para certas pessoas. O Dú, com certeza, era uma que nunca deveria ir……
Mais um matuza…. estamos aos poucos acabando….
Acabei de chegar da F1 em Interlagos com o meu caçula (30 anos…..), e sempre que vamos lá ele pede para eu contar os “causos” do templo e da boa e velha pista….
Ainda hoje comentei com ele sobre o Brandão, que fugiu da chuva na noite de 6a feira dentro da minha barraca no GP de 74, e que fomos nos reencontrar (e, efetivamente, se conhecer), por acaso, nos farnéis…..
O Dú, com certeza está agora com seu Malboro, e sua latinha, ao lado do Brandão e do Veloz lembrado causos pela eternidade.
Saudades meu amigo….
Marcelo Foresti
Querido Flavio, estou muito triste com a notícia que acabo de ler neste teu comentário escrito direto do teu coração…Dú, sempre Alta Voltagem, lhe faltavam palavras para traduzir a velocidade de seu entusiasmo nas nossas conversas…estivemos juntos no ultimo Rallie do Jan em Interlagos , junto com o querido Guerra, saímos de Interlagos depois que a barraquinha de churrasquinho tinha apagado o fogo …. falamos do nosso ídolo comum Luizinho Peroba, dos bons tempos da Superclassic, de tudo deste nosso mundinho….ele sempre com brilho nos olhos….sentiremos muito sua falta… descanse em paz, meu amigo.
Abraço, Gildo
Belas palavras e descanse em paz Du
Ontem foi um dia bem triste aqui em bsb.. Nasser se foi ..
Puxa vida, conversei com o Dú Cardim em Interlagos na etapa do Paulista em Setembro, nunca poderia imaginar que seria o último papo…
Chefe, voce escreve, nós lemos, e no final, temos a impressão de que conhecemos o homenageado há muito tempo. Eu acredito que sou amigão do VelozHP pelas suas palavras…e agora, tenho mais um amigo assim, a quem nunca vi, mas que já tá guardado em lugar especial.
Belíssima homenagem FG. Vamos ver se alguém da “detentora” dos direitos de transmissão lembrará dos que vivem, viveram e viverão para o automobilismo.
E lembrou!
Foi da boca do narrador Sergio que eu soube da morte do Dú.
Como muitos aqui, nunca estive com ele pessoalmente, mas foi um dos poucos com quem conversei neste site.
Era patente a sua grande paixão pela velocidade.
Também há de se lembrar a morte do jornalista Nasser, um erudito apaixonado e dono de uma escrita de estilo elegante.
Uma semana triste aqui no Brasil, para os que gostam do esporte a motor…
Não pode ser Flavio. Não estou acreditando. Ele é exatamente o que você definiu. Lembro quando ele me vendeu a camiseta de despedida do #96 no último farnel. Ele me levou lá no box 21 ou 22 da LF, tirou uma foto comigo e o Peroba que dali por diante, seria meu ídolo também. Dú também me apresentou Jan Balder em mais um capítulo da minha alfabetização automobilística. Fórmula vee, torneio de regularidade, etc, etc. Interlagos sem o Dú, perde a graça. O sedan branco levou um dos matusas.
Show Flávio,belas palavras para alguém muito especial dentro das vidas de todos nós amantes e filhos de anjos. Deus o tenha entre outras missões tão aceleradas e precisando sempre de a gesto de amor ao próximo. Paz e saudades.
Ainda sem acreditar!
No mesmo dia o Nasser e o filho da puta do Dú, esse boca suja que cativava a todos com seu jeito maluco e coração de ouro. Interlagos não será mais igual a antes.
O sedã branco realmente é implacável…
Que descansem em paz e continuem com suas histórias lá do outro lado, onde já tem muita gente boa.
Não sei se existe um lugar além da morte mas se existir estão precisando de jornalistas especializados, pois Dú Cardim e Roberto Nasser foram para lá.
O mundo do lado de cá vai ficando cada vez mais sem graça.
Que pena… a vésperas do GP no Brasil.
Aqui o vídeo da entrevista com o Flávio Gomes com o Dú Cardim ao Thunderbird nesse ano.
Vá em paz…
https://pt-br.facebook.com/centraltres/videos/flavio-gomes-ao-vivo-com-thunderbird/1068486323328094/
Mais um grande cara que conheci nos farnéis que se foi. Foi se juntar ao Veloz e Brandão, todos deixaram saudades.
O conheci quando fui buscar uma mesa de centro que vc mesmo indicou aqui no site. Uma mesa feito com o pneu de um carro de corrida
Fui com a minha Fargo. Ficamos conversando um bom tempo
Que triste
Essa semana foi pesada. O Dr. Roberto Nasser também passou…
Flávio, mais um maravilhoso btexto e bela homenagem a uma grande pessoa, que não conheci, mas só ouvi falar bem…
Parabéns!
Uma figura especial, vai fazer muita falta a muita gente.
Interlagos fica um pouco mais pobre.
RIP
Tive a sorte de conhecer o Du nos farnéis de Interlagos….
Obrigado Flávio pelo texto , perfeito,emocionante, .
Johnny’O,
Eu também conheci o Dú nos inesquecíveis farneis do #96. Saudades eternas dos amigos da maturidade, das conversas intermináveis sobre nossa paixão comum e da alegria sincera!
O VHP e outros amigos recebem o Dú no estágio superior. Um dia nos encontraremos novamente.
Grande perda, mesmo sem muito contato com o Dú, ele sempre foi um gentleman comigo, mesmo eu sendo um estranho no ninho, um piloto baiano apaixonado por carros antigos e corridas, o Dú sempre foi simpático, sorriso no rosto, de alguma forma eu gostava muito dele, amigo virtual do face, sempre atento às coisas do templo, uma espécie de guardião! Sem palavras, uma coisa louca essa vida. Descansa não brother, fica atento por aí e proteja-nos.
Meus sentimentos aos amigos e familiares.
2018 tá caprichando… Só falta o Avaí não subir!
Que bela homenagem! Algumas lágrimas escorreram de meus olhos…Não sei se é de tristeza, não sei se é de saudades ou de felicidades por constatar que o Dú era uma unanimidade. Vá com Deus, nobre senhor!