BAHREIN, DIA #3
SÃO PAULO (gado desgraçado) – Acabou a pré-temporada. Curta, bem mais que o normal, o que pode comprometer alguns prognósticos muito definitivos, que adoramos fazer para dar a impressão de que entendemos mais do que os outros. Mas algumas conclusões estes últimos três dias permitem tirar. A principal delas: a Mercedes tem problemas para começar o campeonato.
É uma surpresa, inclusive. Porque se tem uma coisa que a Mercedes fez bem nos últimos anos foi aproveitar os testes que antecedem a corrida de abertura do Mundial, mostrando sua força e assustando os adversários. Desta vez, não. Incrivelmente, a equipe foi a que completou menos voltas entre as dez que disputam o campeonato.
Comecemos por aí, então.
Hamilton disse, ao final do terceiro dia de treinos no Bahrein, que não é fã de testes, mas que se pudesse gostaria de mais alguns dias para entender seu novo carro. “Temos de melhorar. Não estamos onde queríamos. Vamos precisar trabalhar muito.”
Aparentemente, a maior dificuldade do W12 é na parte traseira, aquela onde mais se mexeu por conta do regulamento que alterou a aerodinâmica dos carros em relação ao ano passado. De quebra, no primeiro dia um problema de câmbio fez com que Bottas perdesse metade do dia parado nos boxes. Vejam a lista das voltas completadas por cada equipe em três dias:
Entre os pilotos, Gasly foi o que mais andou, 237 voltas. E, dos titulares, Vettel, estreando pela Aston Martin, o que percorreu menor quilometragem: 117 voltas, ficando à frente apenas de Roy Nissany, piloto de testes da Williams com 83. Hamilton completou 154, à frente apenas de Bottas (150), Latifi (132) e os dois já mencionados acima.
Já entre os estreantes, Mazepin foi quem aproveitou melhor os três dias de testes. Foram 213 voltas para o russo da Haas, contra 185 de Tsunoda e 181 de Mick Schumacher, que pediu aos organizadores do Mundial que suas iniciais nos gráficos da TV sejam MSC, igual ao pai — na época em que os irmãos Michael e Ralf corriam, o primeiro era MSC e o segundo, RSC.
A Aston Martin também fechou a pré-temporada em baixa. “É tudo diferente. Motor, carro, mecânicos, procedimentos, volante… O volante e o sistema de direção assistida são diferentes para cada equipe de F-1, e eu precisaria de mais tempo para aprender”, lamentou Vettel — que, de bom, apresentou apenas um novo capacete, agora na versão que parece definitiva, rosa e com as cores da bandeira alemã nas faixas.
Hoje, o problema de Sebastian foi de pressão no turbo. Acabou ficando lá atrás na tabela de classificação do dia.
São duas equipes, Mercedes e Aston Martin, a ex-Racing Point, que foram muito bem no ano passado. E, agora, têm de se preocupar seriamente com quem melhor se apresentou no Bahrein: a Red Bull.
Max Verstappen fechou o último dia com o melhor tempo da pré-temporada, 1min28s960, ficando apenas 0s093 à frente de Tsunoda. Verdade que hoje a pista esteve em seu melhor momento. O vento não atrapalhou tanto, fez menos calor e não houve nenhuma tempestade de areia. De qualquer forma, o 1-2 dos motores Honda deixam uma pulga atrás da orelha dos rivais. Resumindo, a Red Bull vem mais forte que em 2020. E a Mercedes, mais fraca. O que pode apontar para um certo equilíbrio ao menos nas primeiras corridas, até a Mercedes resolver seus problemas — e é uma equipe que, obviamente, tem plenas condições de fazê-lo.
Red Bull, McLaren e Alpine foram as equipes que mais impressionaram Hamilton. O inglês, inclusive, foi ultrapassado por Alonso hoje no meio da reta, em imagem emblemática. Os dois, todos se lembram, foram companheiros na McLaren em 2007. E a relação acabou precocemente, com o espanhol pedindo para sair da equipe.
Fernandinho completou 206 voltas nos testes e foi o quinto que mais andou. Era preciso, para desenferrujar. Ficou dois anos fora da F-1, e para piorar passou alguns dias de molho nas últimas semanas por conta de um acidente de bicicleta. Trabalhou muito e falou pouco.
A surpresa da pré-temporada — segundo lugar de Tsunoda à parte — foi a Alfa Romeo. Giovinazzi foi sexto e quinto nos dois primeiros dias e, hoje, Raikkonen terminou em quarto. A equipe não teve nenhum problema técnico e, ao lado da AlphaTauri, foi a que mais andou. “O carro é bem melhor que o do ano passado, mas treinos não querem dizer nada”, falou Kimi, com sua sinceridade habitual.
De toda forma, ficou claro que o time B da Ferrari não vai se arrastar lá atrás como em 2020. Deixará para Williams e Haas a inglória disputa para se saber qual a pior equipe do campeonato. E a Williams, sejamos justos, andou direitinho — Russell foi o sexto no último dia.
E a Ferrari? Todo mundo sempre quer saber da Ferrari. Se eu tivesse de escolher uma palavra para definir o que foi a pré-temporada da equipe italiana, seria: discreta.
Leclerc e Sainz não brilharam nas folhas de tempos, tampouco se arrastaram no fundão com problemas crônicos. Não. os carros vermelhos ficaram quase que o tempo todo no meio da tabela, sem chamar muito a atenção. Todos no time garantem que o carro é melhor que o do ano passado, o que não era muito difícil — sexto lugar entre as equipes, com ridículos três pódios em 17 etapas. E acho que é lá que ficarão ao longo de 2021: no meio do pelotão.
Resumindo, é uma temporada que começa um pouco diferente das últimas sete, em que tivemos um domínio fortíssimo da Mercedes e pouca gente brigando de verdade com os carros prateados — agora pretos — de forma a ameaçar as conquistas de seus pilotos (seis títulos de Hamilton, um de Rosberg).
A Red Bull surge como candidata mais forte a, eventualmente, colocar um fim nessa hegemonia. Mas não se pode desprezar a capacidade de reação dos alemães e de Hamilton. Apesar da pré-temporada ruim, não se viu nenhum sinal de pânico na equipe. Foi como se dissessem: devagar com o andor; aqui é Mercedes, rapá!
Se eu tivesse de fazer algum rascunho de adivinhação para o campeonato, dividiria as equipes em três blocos bem claros. No primeiro pelotão, Mercedes e Red Bull. No segundo, pela ordem, Aston Martin, Ferrari, McLaren, Alpine e AlphaTauri. No terceiro, Alfa Romeo, Williams e Haas. Coloquem números de 1 a 10 na frente de cada um dessa lista e no fim do ano me cobrem.
Daqui a pouco eu volto para falar sobre o tal “sprint qualifying” aprovado ontem à noite — a corrida curta dos sábados que será testada em três etapas deste ano. E aproveito para deixar o convite para o “Fórmula Gomes” de logo mais, 19h, analisando ao vivo no meu canal no YouTube tudo que aconteceu nestes três dias no deserto. É só entrar aqui na hora marcada!
Tem algo errado na foto do 55 aí acima (se não for paralaxe) a geometria não parece correta para a curva, onde a roda interna tem que virar fazendo um ângulo consideravelmente maior que o da roda externa. Na foto não está assim.
1:27.264 foi o tempo da pole em 2020, portanto, na minha opinião, tem muita gente escondendo o jogo e/ou as equipas estão mais concentradas em “afinar” os carros.
De qualquer forma, acho que é muito pouco provável que ao final da temporada, vejamos um campeão que não tenha corrido para uma certa marca que tem uma estrela como símbolo.
Eu ordenaria assim, com base nos achismos sem base técnica:
1- Red Bull
2- Mercedes
3- McLaren
4- Ferrari
5- Aston Martin
6- Toro Rosso
7- Alpine
8- Alfa Romeo
9- Williams
10- Haas
Foi bem interessante. Fica a esperança que o a Honda e o Newey tenham realmente acertado a mão para a temporada de 2021.
Se isso acontecer teremos um ano memorável. Com RedBull e Mercedes efetivamente brigando em todas as provas, além de uma briga das boas no rebolo entre Mclarem, Ferrari, Aston Martin, Alpha Tauri e Alpine. Vida duríssima para os 10 pilotos do rebolo.
Ou desligar o motor do BOT ou furar um pneu do RUS…
Sains andando na frente do lequinho?
na primeira corrida vai dar defeito hidraulico no carro dele
Acho que estão subestimando a McLaren. Pra mim, claramente, é a 3a força. A ver.