GIRA MONDO, GIRA
SÃO PAULO (como assim?) – Pediram a falência da Pan. Produtos Alimentícios Nacionais, era para ser apenas uma sigla, PAN, ou P.A.N., mas não. É Pan, com P maiúsculo, a e n minúsculos. Não se trata de uma corruptela — como usar Pan para se referir a Panamericano, por exemplo.
Foi fundada em 1935, informa o texto. Deve quase duzentos milhões em impostos, “devedora contumaz”, de acordo com o promotor que solicitou o fechamento da empresa.
Os chocolates Pan são transgressores. Ou foram, em algum momento. Fumei muito Pan. Quando eram cigarrinhos, um garotinho negro de um lado da embalagem vermelha, um branquelo do outro, ambos com o bastonete entre os dedos, o invólucro imitava o filtro. Eu vibrava muito, sozinho no meu canto, quanto conseguia despregar aquele papel sem quebrar o chocolate. As bolinhas com conhaque faziam papel semelhante: nos introduziam ao mundo adulto. Um conhaque e um cigarro no fim do dia encostado no balcão do bar. Era assim, eu supunha, a vida de um homem de verdade, de paletó, gravata e chapéu.
Já tem muito tempo que os cigarrinhos ganharam outro nome. Rolinhos de chocolate, informa o texto. Sobre as doses de conhaque, nenhuma palavra. Ainda bem. Deixem o conhaque da criançada em paz.
Nunca mais comprei cigarrinhos. As bolinhas de conhaque ainda encontro aqui e ali, como no mercadinho do bairro. A senhora do caixa não passa o leitor de código de barras na caixinha. Tem uma etiqueta com o preço. Fico torcendo, sempre, para que o conhaque não tenha secado e virado açúcar cristalizado. Pode ser que esteja lá há séculos. É sempre um mistério. Quando mordo e sinto o conhaque, é outra vitória. Como quando desembalava o cigarrinho com seu filtro de mentira.
Não me tornei fumante por causa dos cigarrinhos de chocolate. Nem bebo conhaque, exceto em ocasiões bem raras. Dia desses comprei uma garrafa de Dreher. É muito barato, o conhaque Dreher, que desce macio e reanima. Uso apenas para cozinhar.
Quase duzentos milhões em impostos, haja cigarrinho e conhaque.
Fiquei surpreso hoje ao saber que a Pan fica em São Caetano do Sul. Não sabia que Willy Wonka vivia aqui perto.
Que maravilha de texto, cara!
Nossa, viajei no tempo! Coisa boa!
Lembrei de outra produto deles! O pão de mel da PAN! Esse sim, sempre foi o melhor dos pães de mel industrializados. Macio e o ponto certo do chocolate e mel.
Este sim deixará saudades!
Realmente uma pena… Falências nunca são boas…
Este chocolate de cigarro também fez parte da minha infância. Gostava muito deles. Não muito pelo chocolate (que já na época não era lá essas coisas…) Mas mais pela parte lúdica dele.Também não virei fumante…
Gostei muito de relembrar a parte do desembalar sem quebrar o chocolate. Não me recordava dessa parte e, ao ler seu texto, vieram as lembranças do meu eu garotinho eu tentando também não quebrar… muito bom a lembrança!
Acho que tivemos infâncias parecidas! Aahhh os cigarrinhos Pan…
Fiquei feliz em saber que eu não era único a tentar desenrolar o cigarrinho sem quebrá-lo! Mas eu também tentava desenrolar sem rasgar o papel, para colocar em algum lápis depois. Como eram simples nossas travessuras kkk e eu peguei isso no início da década de 90, para ver como a infância não mudava muito naqueles tempos.
Adorava também os chocolates com conhaque.
Eu gosto muito da pipoca com chocolate, os palitinhos crocantes de chocolate e o pão de mel. Quando criança, obviamente, adorava os cigarrinhos. Me sentia o galã da novela das 8 (que começava às 8, acreditem se quiserem os mais jovens…) É um país estranho… Tem dono de canavial por aí que deve bilhões em impostos, e vivem recebendo outros bilhões para “se recuperarem”… E nunca se recuperam, nem vão à falência…. Mas a Pan vai. Fazer o que. Deve, não tem como pagar, vai pro saco. Menos os amigos dos Reis….
Na minha infância, antes das sessões no Cinema Petrópolis, eu comprava na bombonière o cigarrinho ou o chocolate com conhaque. A Pan faliu e o belíssimo cinema em estilo art déco virou Igreja “Deus é amor” (sic).
Cada coisa deve ser analisada à luz do seu tempo, nem antes, nem depois, então na sua época os cigarrinhos eram sim aceitáveis mas já naquela época não eram recomendáveis. Quanto á falência da companhia Pan é sempre lámentável pois muitos postos de trabalhos e linha de produção serão desfeitos… que sejam bem substituidos por outros nacionais, mas fico indignado, se a gente fica devendo R$ 100,00 de IR ( na verdade não é IR, é IT imposto sobre o Trabalho pois incide sobre nosso ganha pao) a tal receita federal ja nos intima como se fossemos bandidos mas empresas, corruptos, traficantes e cia ltda nao pagam um centavo de imposto…… mas enfim a vida segue, veja o Collor devendo milhoes de ipva do brinquedinho de luxo dele e a gente as vezes temos nosso uno mille de ir ao trabalho apreendido por falta de ipva…..Brazil zil zil zil….
Já comprei muita pipoca de chocolate lá, inclusive amigos meus europeus sempre pedem comprar quando eles vem pra cá ou quando vou pra lá!
Infelizmente desde a pandemia a loja de fábrica está fechada e só era possível achar em alguns mercados.
E o Pão de Mel? não acredito que não comeremos mais
O Willy Wonka do mal vive no eixo Rio-Brasilia…
Espero que a Diziolli resista com sua bala gordurenta e altamente viciante…IV Centenário (dadinho é pra geração Nutella…geração raiz ainda pede nos botecos: Me vê 5,00 de IV Centenário). Tinha a Prink também com seus bombons de licor. Não sei se ainda existe.
Só não gosxto do conhaque. Lembro do comercial com o gande Rui Chapéu. Uma vez fiz os adultos da familia pensarem que eu estava com um cigarro de verdade. kkk…Uma das milhares de travessuras que eu aprontava com esses produtos que a gente usava querendo ser adulto. Hoje eu vi que não deu certo. Sou a mesma criança dos meus 10 aos 12 anos. Só que eu sou quem pago minhas contas agora.
Dois Clássicos dos Clássicos: Cigarrinhos de Chocolate e Bombons de Conhaque Pan. Requisitos básicos em qualquer infância feliz!
Agora que teve falência decretada, vem um “honesto fundo de investimentos” gringo e compra as marcas. E tentam nos enganar com uns produtos meia boca e falam que o “sabor e a qualidade foram preservados e agora nossos produtos são uma releitura moderna e gourmet do original cult”. Como diz o Milton Leite: “Sigue la pelota”!
Ah … e também tinha as moedas de chocolate .. e o pão de mel Pan
E os guarda-chuvinhas de chocolate ?
Otimo texto Flavio! As sensações só mudam de endereço. Li em voz alta para minha esposa no cafe da manha e rimos muito! Pena que Pan vai embora!
Moro em frente a Pan, fabriquinha das antigas , quase um quarteirão inteiro em plena Santa Paula. Lá dentro, um estacionamento cheio de maquinas antigas e quadros que contam sua história.
Durante a Pandemia, fecharam a loja de Fábrica, que nunca mais abriu. Uma pena, pois era meu caminho diário para comprar as picopas de chocolate para as meninas. Uma pena mesmo.
Bom dia Flavio.
Sim, a fábrica fica em São Caetano do Sul, os antigos proprietários são parentes meus, várias vezes eu e meus primos íamos “visitar” a fábrica com meu tio. Ele trabalhou lá praticamente a vida toda e o fliho dele, meu primo, tambem só trabalhou lá por 30 anos.
Desde de que eu existo (1964) a Pan fez parte da minha vida, alem do cigarrinho e do conhaquinho, o pão de mel, a pipoca coberta de chocolate (último lançamento da marca) as balas Paulistinha e Chocotoffe, bombons Magestic e muitos outros.
A Pan já vinha agonizando a alguns anos e foi vendida, essa foi a pá de cal que faltava.
R.I.P.
Notícia triste. Sim, a fábrica fica em SCS com direito a uma Loja de Fábrica . Lá normalmente dá para fumar e se embebedar com chocolate.
Gostava das balas de chocolate com conhaque no cinema, clássicas! O pão de mel da marca é muito bom mesmo ! Melhoras Flavio Gomes ! Recebi o Gerd pelo correio, obrigado !
Tinha a lojinha da Fábrica na Rua Maranhão, com todos esses produtos que você falou a preços especiais. Uma pena, mais uma fábrica fechada aqui em São Caetano.
O bombom com whisky eu nunca provei. O cigarrinho era a mesma coisa: tentava não quebrar… Fiquei triste mesmo por conta do pão de mel: é o melhor do universo. Difícil imaginar o mundo sem.
E as moedas de chocolate?
Eram boas mesmo! Essa eu provei!