BIRD

Bird (de óculos) e Marinho: maior carro de corrida de todos os tempos

SÃO PAULO – Quem conta é o Crispim.

A Vemag tinha uma grande equipe e pelo menos dois pilotos, Marinho e Bird, fora de série. Faziam muitas corridas longas. Eram 24 horas aqui, mil milhas ali, 500 quilômetros acolá.

Tinha aquelas largadas Le Mans, piloto de um lado, carro do outro. Geralmente largava de noite, Interlagos é frio pra burro. Aí nossos carros ficavam lá parados esperando para largar, o óleo decantava, e toca descer na pista para balançar os carros, misturar o óleo, o motor pegar. Quando a gente saía já tinha gente lá no fim da reta. Aí ia pegando, pegando, limpava um cilindro, limpava o outro e ia falhando até a curva dois, depois limpava tudo.

Carro nenhum faz corrida longa assim sem parar nos boxes um monte de vezes. E trocávamos tudo, é o Crispim que está contando, a gente parava e trocava pneu, vela, abastecia, e precisava trocar lona de freio, também, a gente tirava o freio inteiro, panela, sapata, tambor, e colocava outro.

Mas isso demorava, porque o freio chegava muito quente e a gente precisava usar luva de amianto, para não queimar a mão, e era difícil com aquelas luvas grossas mexer nas ferramentas, tirar os parafusos, os pinos, colocar o conjunto novo. Então o Bird reclamou um dia que isso demorava muito e a gente perdia muito tempo, e explicamos que era por causa das luvas, porque pra tirar tudo a gente ia queimar as mãos, era impossível, e com aquelas luvas a gente não conseguia segurar as ferramentas direito para tirar as coisas, precisava esfriar um pouco, era complicado.

Então o Bird disse, na próxima vez que tiver de parar me mandem uma placa umas duas voltas antes, e não precisa colocar luva pra trocar nada, vai chegar tudo frio. Como frio, Bird? E ele disse pra fazermos o que ele tinha dito, então demos a placa e na volta seguinte ele parou. Interlagos era grande, tinha oito quilômetros. Quando ele parou tiramos as rodas e fomos no freio com a luva pra arrancar tudo, e ele gritou de dentro do carro para tirarmos as luvas, que era pra trocar mais rápido, e a gente tirou com medo de queimar a mão, e quando fomos no freio eles estavam gelados. Era de noite, Interlagos é frio pra burro.

Como ele fez isso?, perguntei. O Bird deu quase duas voltas sem usar o freio pra esfriar. Como assim, não freou? Ele não freou. O problema é que o tempo de volta não mudou.

Quem conta agora sou eu.

Faz tanto tempo que nem sei se lembro quanto, mas tinha uma agência do Bamerindus na Onze de Junho e em frente dela uma loja de carros usados. Então troquei um cheque no banco e quando saía vi na loja um carro amarelo com uma faixa verde no capô, e era um Interlagos.

Então atravessei a rua e como nunca tinha comprado um carro na vida perguntei ao vendedor quanto é, como se estivesse na feira. Eu não teria dinheiro, de qualquer maneira, porque tinha 18 ou 19 anos e com 18 ou 19 anos a gente não tem dinheiro.

Então o vendedor me perguntou se eu sabia que carro era aquele e eu sabia, é um Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô, respondi, quanto é?, insisti, e ele me mandou esperar, foi a uma gaveta no fundo da loja, tirou uma carteira com um documento e me trouxe, olha aqui de quem era, e estava escrito no documento Bird Clemente.

Eu tinha 18 ou 19 anos e sabia quem era o Bird Clemente, claro que sabia, tinha visto correr em Interlagos, era mais garoto ainda, conhecia o Bird Clemente das capas das revistas e das histórias que meu pai contava, só não sabia que o Bird se chamava Bird, mesmo, porque achava que era um apelido. Um apelido bem apropriado para um piloto, inclusive.

Esse carro era do Bird Clemente, disse o vendedor, enfatizando o Clemente como se houvesse outros Birds por aí. E quanto é?, perguntei de novo ignorando a informação, agora para irritar o vendedor, porque ele queria aumentar o preço, claro, e ao mesmo tempo queria jogar na minha cara que aos 18 ou 19 anos eu não teria dinheiro para comprar carro algum, muito menos o Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô do Bird Clemente.

Então ele fechou o documento com força, não iria perder tempo com alguém que tinha 18 ou 19 anos, que não teria dinheiro para comprar um Interlagos amarelo com uma faixa verde no capô e que não sabia quem era o Bird Clemente.

Mas eu sabia quem era o Bird Clemente, e como ele não me disse quanto era aquele carro, virei as costas e disse, isso aí vivia apanhando de DKW, e fui embora.

Muitos anos depois conheci o Bird e soube que o nome dele era homenagem a um explorador do Polo Sul ou do Polo Norte ou de ambos, e era um Bird com Y, o que fazia dele outra coisa que não um pássaro. Bird, o pássaro, sempre dizia que o DKW de 1961 das Mil Milhas foi o maior carro de corrida que guiou na vida, e ele falava “nosso carro” com a mesma entonação que o Crispim diz até hoje, “nosso carro”, com um sentimento de posse inabalável e infinito, porque aquele era o carro deles, do Bird, do Marinho, do Crispim, do Jorge Lettry, da Vemag, e era branco com o número grandão na bolota preta, e de tanto eles dizerem “nosso carro” nas eternas tardes e noites em que contavam essas histórias eu, de vez em quando, vejo suas fotos e falo para mim mesmo que nosso carro era o mais lindo de todos, o melhor carro de corrida do mundo.

Vem aqui, pô, ele dizia no telefone nos últimos anos, e eu fui algumas, menos do que deveria. O Crispim, sim, vivia lá. Vou almoçar no Bird, ele avisava. Virou artista, faz retratos dos amigos com lápis, fez o meu. Vem aqui, pô, eu não ia sempre, mas sabia que ele estaria por ali, agora um pouco mais frágil, como um passarinho, e saber que estaria por ali era o bastante, o Crispim sempre voltava com notícias, estava tudo bem.

Pássaros, voam, porém, e o Bird voou de vez, com seus suspensórios, seu sorriso tímido, seu ouvido esquerdo que não escutava nada porque eu fiquei quase surdo, Flavinho, o escapamento do nosso carro era desse lado, você precisava ouvir.

BIRD CLEMENTE foi um mestre no que fez, o primeiro piloto profissional do Brasil, um dos 50 escolhidos pela “Autosport” inglesa para a lista dos melhores pilotos do mundo que não chegaram à Fórmula 1. A lista está aqui. Está entre Carlos Sainz, o pai, e Valentino Rossi. Sua história, hoje, foi contada em diversos textos fartos de informações e imagens. Algumas dessas fotos estão aqui, no seu site oficial. No “Bandeira Quadriculada” de Paulo Peralta é possível encontrar um perfil bem completo, com todas suas provas e resultados entre 1958, quando começou a correr, e 1974, quando parou. Bird faria 86 anos em dezembro. Morreu na noite de domingo em São Paulo.

Subscribe
Notify of
guest

26 Comentários
Newest
Oldest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
Evandro
Evandro
6 meses atrás

Nunca me canso de ler seus textos, Flávio.
Obrigado!

Thiago Azevedo
Thiago Azevedo
6 meses atrás

Fico imaginando o espetáculo de pilotagem (devia atravessar nas curvas) para fazer sem frear. Como espetacular foi sua carreira, história… Força a quem fica. Belo texto, Gomov…

marcos de souza alencar
marcos de souza alencar
6 meses atrás

eu li

Cristiano
Cristiano
6 meses atrás

Já li e assisti algumas entrevistas dele, algumas aulas para quem pensa que só existe Fórmula 1, um dos grandes do nosso automobilismo, reconhecido pelos pares e pelo visto até internacionalmente. Apenas um fato pitoresco, no ano seguinte dessa lista da Autosport, o André Lotterer chegou a disputar um GP da Bélgica com a falida Caterham.

Rafael
Rafael
6 meses atrás

Que texto! Que história! Que tristeza.

Paulo Dantas Fonseca
Paulo Dantas Fonseca
6 meses atrás

Recordações : Me recordo da oficina localizada na Rua Tapabuã, ao lado de uma concessionária Chevrolet, essa oficina era do Piloto Chico Landi, e ali meu pai levava seu carro para as revisões mecânicas e periódicas. Assim quando criança conheci o Piloto Bird Clemente conversando com um Piloto Eugênio Martins, naquela época fez uma parceria o Sr .Chico Landi e montaram um carro BMW 2002 SCHNTZER, com mais de 200hp, um carro vermelho com faixa lateral prateada, equipado com Santo Antônio, rodas tala- larga, acompanhava os treinos desse carro, e a pista de Interlagos estava sendo recapeada e reformada, mais tive a grande sorte do mundo , Sr. Chico, me colocou no carro e deu uma volta , câmbio de cinco marchas, dog -leg, a primeira era no encaixada para trás. Sempre passava na oficina do Sr. Chico e ali sempre estavam conversando Bird Clemente , Eugênio Martins , Jan Balder, alguns anos se passaram e consegui assistir provas de longa duração e vendo Bird Clemente pilotar um G.M. Opala 4(quatro) portas e vencer a prova, também vi ele correndo e vencendo de Ford Maverick. A Lembrança que eu tenho era a forma como o Piloto Bird Clemente, inclinava tanto o Opala como o Maverick , na famosa Curva 1, com pé embaixo. Também me recordo da parceria de Bird Clemente na Equipe Willy’s, com o Piloto Luís Fernando Terra Smitd, e Luiz Pereira Bueno.. As vezes tive a sorte de encontrar o Piloto Bird Clemente em um posto de gasolina que não mais existe , que ficava localizado na Avenida Cidade Jardim com Avenida Brigadeiro Faria Lima, dirigindo seu VW-Fusca -1300 Bege , com o motorzinho preparado sempre muito atencioso, com os seus fãs .

Ricardo
Ricardo
6 meses atrás

Sempre fui seu fã e do Bird, que infelizmente só teve história entre quem acompanhou a história. Parabéns pelo texto

LucPeq
LucPeq
6 meses atrás

Texto perfeito como todos os outros que você posta aqui, só senti falta de não ter nenhuma referência ao sedã branco.

Hilton Vaz Pezzoni
Hilton Vaz Pezzoni
6 meses atrás

Obrigado FG ! RIP grande BIRD !

Eduardo Ortiz
Eduardo Ortiz
6 meses atrás

Bela homenagem!
Como sempre, textos bonitos , bem escritos e gostosos de ler.
Bird foi gigante !
Abriu portas e sempre com sua caracteristica humildade.
Voa Bird !!!

Barreto
Barreto
6 meses atrás

Meus sentimentos aos familiares.

Wagner
Wagner
6 meses atrás
Wagner
Wagner
6 meses atrás

Legendário! Se o Mário Olivetti, daqui de Petrópolis, já tinha tanta história pra contar, imagina o Bird. Sorte de quem conviveu com esse grande piloto.

MDN
MDN
6 meses atrás

Que texto sensacional, vc é um mestre no que faz e sem você, eu não saberia quem foi o Bird, quem foi o Crispim ou até o foi a DKW.

Sergio Reis
Sergio Reis
6 meses atrás

Caramba Flavinho, esse texto está demais!!! Nem conhecia o Bird, agora deu vontade de ler alguma sobre ele e lembro que vc mencionou um livro no programa de ontem, vou rever e pegar o nome

Flávio M Peres
Flávio M Peres
6 meses atrás

Muito nos honrou, em Poços de Caldas, em vosso encontro anual dos Dekas, o senhor Bird Clemente, que, agora, voa para sua nova morada celestial. Como ele escreveu em seu histórico carro, tantas vezes aqui exposto, a nossa também homenagem: “Obrigado pelos momentos gloriosos”.

Bird.jpg
Antonio Seabra
Antonio Seabra
6 meses atrás

Foi-se embora meu primeiro ídolo no automobilismo.
Inicio dos anos 60, talvez aos 8 anos, achei estranho ler na Quatro Rodas que tinha um piloto chamado Bird. Aos 10 virei fã do cara, ao ler suas peripécias ao volante, nas deliciosas paginas da Autoesporte de então. Via as fotos da Berlineta atravessada, lia os textos que descreviam as corridas para quem não estava lá….E eu não estava, em Interlagos, Araraquara, Piracicaba, Barra, El Pinar !!!! Via as fotos preto e branco e imaginava as cenas que estavam nos textos: a Berlineta descrevendo trajetórias inimagináveis (pros outros, não pra mim), sob o controle absoluto daquele cara de óculos de armação pesada. E eu imaginava o Bird no “bacião” (falava-se, na época), vindo de lado, mãos esquerda e direita alternavam-se sempre em cima no volante, nas fotos e na imaginação do menino, porque o jogo tava ao contrario. Era o Bird, rei da neblina nas madrugadas de Interlagos, provas longas e faróis apagados, para ninguém seguir o mago, que “desaparecia” na frente e na escuridão. Virou idolo !!!
Sonhava em ver o Bird guiando, até que meu avo me levou pra ver uma corrida no circuito da Barra, em 64 ou 65, e Bird de Berlineta. Não ganhou, mas deu show, e eu me emocionei de ver a tocada do cara. Era diferenciado. E eu ainda não entendia muito de automobilismo ou de pilotagem, mas sentia que o Bird era o melhor, sabia disso cada vez que o Interlagos vinha com a traseira escorregando, linhas limpas, sutilmente perfeitas.
Aos 11 e 12 anos minha Berlineta do Autorama da Estrela, era pilotada pelo Bird.
Pra mim era o Bird no Brasil e o Jim Clark na Formula 1.
Depois vieram as Abarth, que engoliram as Berlinetas, e depois que as Abarth foram repatriadas, os Alpine A110, que eram berlinetas parrudas, passaram a ganhar. E o Bird tocava elas da mesma forma, e continuava encantando o menino que já estava entendendo um pouco mais de corridas e pilotos.
Vieram os KG Porsche da Dacon, o Bino Mark II, e surgiu pra mim outro ídolo, tão “sagrado” quanto, o Moco. Mas, estava no mesmo pedestal que o Bird, que pra mim continuava sendo um Deus. Clark já tinha ido, Moco ainda iria, anos depois, mas também cedo demais.
Vieram pilotos mais jovens, carros melhores, mas o Bird ganhou de Bino Mark I, de Opala e de Maverick. Depois parou de correr.
Fiquei alguns anos longe dos autódromos, acompanhando o automobiismo pelas revistas nacionais e estrangeiras, e pela TV..
A lista dos meus ídolos cresceu um pouco, juntaram-se ao Bird, ao Clark e ao Moco, o incrível Gilles Villeneuve, e mais tarde ainda, na terceira idade, o belga Paul Frere, o velhinho mais veloz do mundo. Todos pilotos de insuspeitável habilidade natural, que pilotavam com o coração, com raça.
Por volta de 2008/2009, internet discada, tive a chance de trocar algumas mensagens com o Regi, e sugeri a ele: “alguém tem de fazer um livro sobre o Bird, urgente, enquanto ele ainda está conosco”. Regi me perguntou se eu achava mesmo, e eu insisti que sim, o cara era uma lenda viva.
Graças a Deus o Regi fez o livro, alguns anos depois. Um excelente e lindo livro, que fez jus ao Bird. E o Bird ainda ficou muito tempo conosco.
Eu conheci muitos pilotos pessoalmente, tive a oportunidade de conversar e até de conviver com vários, de varias épocas e em varias épocas diferentes.
Infelizmente, não tive a chance de conhecer pessoalmente o Bird. .
Hoje, meu primeiro ídolo, e meu último ídolo vivo, foi embora.
O automobilismo tá perdendo a graça.
RIP GRANDE Bird, espero que onde você esteja agora, existam muitas Berlinetas e DKWs.

Wagner
Wagner
Reply to  Antonio Seabra
6 meses atrás

Saudoso Moco. Quando ele finalmente tinha um foguete nas mãos (a Brabham de 77) ele morre…

Formiga
Formiga
6 meses atrás

Uma perda para os autofans. Excelente texto como sempre. Homenegem singela para o Bird.

Leonardo Rubens Cardinale de Moura Cavalcanti Filh
Leonardo Rubens Cardinale de Moura Cavalcanti Filh
6 meses atrás

Como sou chato (mas respeitoso), segue minha sugestão pela enésima vez….

Flávio, biografrle o Sr. Crispim, ou edite um livro de memórias.

Devem ser histórias lindas que devem ser eternizadas..

Desculpe a empáfia mas depois que meu avô com muitas histórias de uma pequena cidade do interior (Tambaú/SP) se foi sem registros escritos ou gravados de suas memórias, sempre peço a quem tem acesso a pessoas com tal história que registrem sua vida

Não sou ninguém para pedir nada, mas apenas um admirador dos seus textos e livros que sugere um projeto que acredito ser relevante.

Um abraço!!

Tony Mietto
6 meses atrás

Não tenho a menor ideia da data…
Eu era técnico de informática e um belo dia fui escalado pra fazer manutenção nos computadores de uma empresa cliente, que ficava ali no Jaguaré e chamava Bircl’s. Esse nome eu já conhecia de longa data pelos anúncios da Quatro Rodas, e sabia muito bem de quem se tratava…
E eis que lá estava eu cumprindo mais uma missão do meu sagrado ofício, quando lá pelas tantas passa pela minha frente o dono os computadores, da oficina, dos troféus, dos carros, de alguns dos mais formidáveis capítulos da história do Automobilismo! Passa pela minha frente aquele que o pessoal da oficina chamava apenas de “Seu Clemente”! Meu trabalho e minha respiração pararam, em reverência. Segundos depois, a vida retomou seu rumo, e o “Seu Clemente” foi embora.
E hoje ele foi embora outra vez, só que agora foi pra sempre…

GODSPEED, BIRDÃO!!! Obrigado por tudo!!

Nilton Lopes
Nilton Lopes
6 meses atrás

É triste ver uma figura assim partir, sem ter o devido reconhecimento dos não aficionados do automobilismo nacional.
Gosto de jogar corridas on line em simuladores, se encontrar B. Clemente, N. Casari, F. Lameirão etc, sou eu, tendo a honra de usar estes nomes.

Felipe
Felipe
6 meses atrás

Lindo texto Flavinho
Para um dos grandes que se foi….

Paulo E T Vasconcellos
Paulo E T Vasconcellos
6 meses atrás

bye ,bye ,yellow bird…

Carlos Tavares
6 meses atrás

Voa, Bird!

Henry Rul
Henry Rul
6 meses atrás

Excelente texto!
Bela homenagem ao meu primeiro ídolo…
Obrigado!!!