ÁLBUM (SOBRE RODAS) DE FAMÍLIA

SÃO PAULO (sim, tá lá) – Essa foto aí embaixo foi postada por um amigo no nosso grupo de DKW no WhatsApp. Na legenda, ele informa: 1969, no trecho da gigantesca orla conhecido como Aviação, em Praia Grande, em frente ao Hotel Waikiki.

É uma Vemaguet que, pela pintura — capota branca ou saia & blusa, como dizemos –, pode ser 1961, 1962 ou 1963. Mais nova do que isso não, porque as portas são suicidas — dá para ver as dobradiças no meio do carro. O para-choque está modificado e o dono colocou algum ornamento na grade. O capô parece — vejam bem: parece — dividido ao meio por um friso da cor do carro, o que indicaria que ela é no máximo primeira série de 1962.

Na placa, o prefeito informa que estão sendo feitas as obras de compactação da avenida Castelo Branco, a da orla. Tenho me divertido nos últimos anos com a possibilidade de visitar, via Google Fucker Mapers, lugares fotografados no passado para saber como estão hoje. Pois vejam:

O Hotel Waikiki segue firme e forte onde sempre esteve, desde a criação do Universo. Notem as colunas inclinadas que sustentam a laje superior nas duas fotos, do lado direito.

A orla, como se percebe, mudou muito. Praia Grande era estigmatizada pelos paulistanos metidos a bacanas que frequentavam o Guarujá — eu era um deles. Dizíamos que as praias eram feias, a areia era escura e a água, cinzenta. E que a cidade era frequentada por farofeiros que os ônibus despejavam aos milhares nos finais de semana.

Farofeiro adjetivo e substantivo masculinopej. que ou aquele que frequenta a praia levando farnel de alimentos, que ger. contém frango assado e farofa. (Houaiss)

Preconceito puro. Mas, de fato, a ocupação de suas praias, espalhadas por 22,5 km praticamente em linha reta, era caótica até o início dos anos 90, quando seguidas administrações municipais — não tenho ideia de quem foram esses prefeitos — decidiram urbanizar nossa “long beach” e dar um jeito naquela zona.

Praia Grande, me dizem os que frequentam a cidade, melhorou muito, está linda e valorizada. Que bom que é assim. Mas continuo achando frango e farofa ótimo em qualquer lugar. Inclusive na praia.

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Fil
Fil
4 meses atrás

Muito legal! Me diverti vendo o antes e depois.

Gabriel
Gabriel
4 meses atrás

so no Brasil o “ditador Castello Branco” poderia continuar sendo erroneamente chamado de “presidente” em logradouros publicos, na imprensa e nas escolas quase quarenta anos apos o fim da ditadura.

O crítico
O crítico
4 meses atrás

Só conheço a Praia Grande pela música “Fim de semana” da Premê, que certamente aproveitava pra tirar sarro dos estigmatizados. Mas está na lista.

Julio Diaz
Julio Diaz
4 meses atrás

Tenho AP na Praia Grande e hoje está maravilhosa !!!

Alex Tadeu
Alex Tadeu
4 meses atrás

Até meus 20 e poucos anos, a Praia Grande era a única praia que eu conhecia. Cresci na periferia de São Paulo e nossa única opção viável de praia era essa, graças a um apartamento que uma tia possuía. Fazia parte dos farofeiros classe C estigmatizados pela classe média paulistana que frequentava do Guarujá pra cima.

Estudei, saí da periferia e tive oportunidade de conhecer praias maravilhosas em vários cantos do país. E mesmo nunca mais voltando a Praia Grande – a última deve ter sido no reveillon de 2011, ainda guardo um certo carinho pelo local.

Gabriel
Gabriel
4 meses atrás

Frequento PG tem uns 8 anos, minha sogra mora lá, de fato a cidade evoluiu bastante e valorizou muito, porém os assaltos continuam rolando, quando saímos para caminhar tem que ser apenas com a roupa do corpo, se levar até mesmo aliança, corre o risco de voltar sem ela. Uma pena!