SOBRE ONTEM DE MANHÃ

A IMAGEM DA CORRIDA

Mercedes em primeiro e segundo: alguém esperava isso em 2024?

SÃO PAULO (quanto mais, melhor) – Há que se lamentar, claro, um erro idiota, cretino, bobo, imbecil, estúpido e ridículo que tira uma vitória de um piloto. Falo do mal explicado 1,5 kg que desclassificou George Russell ontem em Spa-Francorchamps. A Mercedes chegou a mencionar em seu comunicado oficial pós-corrida que a estratégia de uma parada pode ter “contribuído” para a desgraça do carro #63. Gasta mais borracha que o previsto, o pneu fica mais leve. Mas… UM QUILO E MEIO?

Pode até ser, não tenho esses dados, mas seria legal se a equipe fosse transparente e explicasse ao seu público exatamente o que aconteceu. Claro que a essa altura todos lá dentro sabem, e Russell também. Mas nós, aqui, ficamos especulando.

Bom, não vão contar. Esqueçam.

Quanto à imagem acima, a escolhida para o GP da Bélgica, é o retrato da redenção de uma equipe que, até Mônaco, vinha claudicando no campeonato depois de dois anos tenebrosos. Até a corrida do Principado, a Mercedes tinha feito 96 pontos em oito corridas. Nas últimas seis, somou 170. E ganhou três dos últimos quatro GPs.

Se isso não é recuperação, não sei o que é.

Festa de Russell virou desgosto, mas equipe comemora: grande reação

Eu deveria ter deixado as notícias quentíssimas envolvendo Carlos Sainz e Sergio Pérez para este rescaldão, mas a temperatura jornalística impôs a publicação de notas específicas para cada um desses assuntos. Eles merecem, afinal, uma análise um pouco mais profunda. Estão nas postagens anteriores a esta aqui.

Mas, no fim das contas, pouco restou a dizer do GP da Bélgica depois do textão de ontem. Demorou tanto para sair o resultado, que fui colocando tudo no grande resumo.

A prova foi muito boa, sem dúvida. Quando os três primeiros terminam separados por 1s173, não dá para dizer que foi ruim. Faltou, talvez, um pouco mais de ação daqueles que estavam atrás em busca da vitória. É difícil entender por que Hamilton não partiu feito louco para cima de Russell, ou porque Piastri não tentou engolir os dois. O mesmo vale para o trenzinho seguinte, entre Leclerc, Verstappen e Norris.

A explicação está no que os pilotos chamaram de “ar sujo”. Ainda tem turbulência, com esses carros. E nem as asas móveis ajudaram. Mas o principal fator foi o baixo índice de degradação dos pneus. Não havia muita diferença entre um pneu de 30 voltas e outro de 10. Hamilton viu isso muito bem.

Me parece que os pilotos estão ficando mal acostumados, e só partem para uma ultrapassagem com a certeza de que têm alguma vantagem técnica sobre seus adversários — seja ela a asa móvel, sejam os pneus. Achei todos eles meio bundões, ontem.

O NÚMERO DA BÉLGICA

10.017

…pontos alcançou a Ferrari na história da F-1 com o resultado de Spa-Francorchamps. É a primeira equipe a romper a barreira dos dez mil pontos. A segunda colocada nesse ranking é a Red Bull, com 7.656. Depois vêm Mercedes (7.488,5), McLaren (6.657,5) e Williams (3.624).

Com a demora para a divulgação do resultado ajustado, faltou ontem publicar um quadrinho com as classificações consolidadas dos Mundiais de Pilotos e Construtores depois da 14ª etapa do campeonato. Com a pausa para as férias, vale a pena lembrar corrida por corrida. Estão aí embaixo. Para ver em tamanho grande, é só clicar nas imagens.

A FRASE DE SPA-FRANCORCHAMPS

“Perdi muitos pontos nas últimas três ou quatro corridas por erros estúpidos. Estou precisando mesmo de um descanso.”

Lando Norris, quinto colocado
Norris: sorriso amarelo depois de atuação apagada

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver Fernando Alonso se virando nos 30 para pontuar, mesmo com um carro que está longe, muito longe de ser o que foi no ano passado. O espanhol, como Russell, foi para apenas uma parada e conseguiu o oitavo lugar. Em nono no Mundial com 49 pontos, é o “primeiro dos outros” — atrás das duplas de Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari. Ah, em tempo: Alonso faz 43 anos hoje.

NÃO GOSTAMOS de testemunhar o melancólico fim de vida da Sauber, que segue sem fazer nenhum ponto depois de 14 corridas. O período de transição para Audi seria complicado, claro. Mas não precisava ser tão ruim assim. E ainda tem um ano pela frente antes de mudar de nome. Triste.

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Roberto Hackmann
Roberto Hackmann
1 mês atrás

Boa tarde Flávio, vc reclama nas suas liga que ninguém lê seu blog, pudera vc so publica algo de vez em quando , assim as pessoas perdem o hábito de passar aqui para ver suas publicações…
Passo aqui diariamente, mas encontro quase nada de novo publicado , mesmo com várias coisas acontecendo na F1 e no mundo dos antigos .
Paciência, mas não fique reclamando sempre .

Webler
Webler
1 mês atrás

O excesso de punições, sobre qualquer lance de corrida, traz como consequência ” pilotos bundões “… Assim como pilotos – e equipes – chorando pelo rádio cobrando punições aos colegas em qualquer disputa!! A F1, que tanto tenta trazer emoção (de forma artificial) para o público, deveria -antes de tudo- olhar para forma como interfere em qualquer incidente através dos seus comissários, sem qualquer critério!

Danilo
Danilo
1 mês atrás

Os números dizem muito e o que me chamou a atenção é o fato da Red Bull ter apenas 2.361 pontos a menos que a Ferrari que é a mais antiga – deve ter uns “1.000” anos a mais de idade – e tradicional equipe. Para mim é a maior demonstração de sucesso de uma equipe relativamente nova, criada do zero na categoria maxima do automobilismo, haja competência e deve ser motivo de estudos mais aprofundados, Didi de onde estiver deve ter orgulho do que fez…
A Mercedes evoluiu, porém a segunda metade mostrará se é fogo de palha ou se realmente se encontraram.

Danilo Cândido
Reply to  Danilo
1 mês atrás

Meu xará, não se esqueça que boa parte das vitórias da Ferrari são da época dos 9 – 10 pontos para o primeiro colocado, enquanto que a maioria dos triunfos rubro-taurinos são dos 25 pontos aplicados de alguns anos pra cá

O crítico
O crítico
Reply to  Danilo
1 mês atrás

Simples, amigo, essa pontuação total leva em consideração as de cada época, ou seja, caso fosse atualizada possivelmente a Mercedes teria mais pontos que a RBR, talvez até mesmo a McLaren também. Óbvio que o resultado da equipe das latinhas impressiona, mas é também fruto da época em que a equipe foi criada e passou a competir.

Eder Félix
Eder Félix
1 mês atrás

Boa tarde, Flávio!
Poços Classic Car neste final de semana?

Pablo
Pablo
1 mês atrás

Notícia para manter a galera falando durante o período de férias da F1. Vettel está se aventurando em competições de mountain bike agora.

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=pfbid02CMwJXckJmFYohbt6UfMDT2d3K8UjPDHsGATS9RkMjJTGhjgShjyiNCbaBKBB8rHWl&id=100044376911383

Ednaldo
Ednaldo
1 mês atrás

Claro que qualquer comparação de índices e marcas de épocas diferentes trás embutida a necessidade de ponderação, mas vc não acha esse valor de número total acumulado de pontos um pouco mais deturpado, já que nisso a Red Bull, que praticamente existe apenas nos tempos das atribuições mais altas dos pontos, e a Mercedes, devido ao longo tempo de afastamento, acabam ficando à frente de equipes bem mais antigas, assíduas e em alguns casos até mais tradicionais como McLaren e Williams?

Danilo
Danilo
Reply to  Ednaldo
1 mês atrás

Ednaldo eu acho a sua observação válida e forte principalmente quando falamos de pilotos de épocas diferentes… porém pensando em equipes eu creio q perde força, até pq as outras equipes mencionadas tbem competem no novo modelo de pontuação. O que chama a atenção é a mais tradicional equipe – Ferrari – ter apenas 2.361 pontos a frente, sem contar que está a frente da Mclaren mais antiga e que não se perdeu como a Willians. Enfim acho q é uma boa demonstração de projeto bem sucedido do Didi, não é para desmerecer e sim se estudar.

RS_
RS_
1 mês atrás

A desclassificação do Russel, pra mim, teve mais a ver com o alto consumo de combustível com a estratégia adotada. Ele não teve o trecho lento do pit lane na segunda troca de pneus e, no final, deve ter colocado a regulagem no modo *.* pra evitar a ultrapassagem do LH44.
Fácil fácil ele consumiu 1,5L no pedal.
Só isso explica ele ter sustentado a posição no final, com tudo aquilo de reta de Spa.

Edward Fernandes
Edward Fernandes
Reply to  RS_
1 mês atrás

Para a pesagem, o combustível é esgotado.

RS_
RS_
Reply to  Edward Fernandes
1 mês atrás

Só retiram uma pequena parte do combustível antes da pesagem final. Caso contrário o carro já teria saído dos boxes com peso inferior ao limite legal (projeto).

Confira o documento técnico que levou Russell para investigação:

“Após a corrida, o carro #63 foi pesado e atingiu 798 kg, que é o peso mínimo exigido pelo artigo 4.1 do regulamento técnico. Em seguida, 2,8 litros de combustível foram removidos. O carro não foi totalmente drenado de acordo com o procedimento de drenagem apresentado pela equipe em seus documentos de legalidade, cumprindo o artigo 6.5.2 do regulamento técnico. O carro foi pesado novamente nas escalas da FIA e bateu 796,5 kg. A calibração dentro e fora foi confirmada e testemunhada pelo competidor. Como está 1,5 kg abaixo do peso mínimo requerido no artigo 4.1 do regulamento técnico, que tem de ser respeitado por todas as equipes durante a competição, informo esta questão aos comissários para consideração”.

O Cítrico
O Cítrico
1 mês atrás

Os pilotos não arriscam mais porque os carros não quebram. Logo, o risco de um dnf não vale os parcos pontos de uma ultrapassagem. O cara erra, sai da prova e tem que remar várias corridas pra recuperar.
Quando os carros quebravam, vc sempre podia contar com o abandono do amiguinho se você fizesse caca.

O crítico
O crítico
Reply to  O Cítrico
1 mês atrás

Prezado FG, favor verificar se o engraçadinho usa e-mail fake, porque o apelido é imitação barata.

Luiz
Luiz
1 mês atrás

Flávio, interessante seu ponto sobre serem bundões. Realmente estão faltando Sennas e Mansels no grid. Pilotos que arriscavam tudo pela vitória. Só uma idéia… o número de acidentes fatais na F1 diminuiu barbaridade só por causa da melhoria da segurança passiva nos carros ou pelo cagaço dos pilotos atuais?

Tales Bonato
Tales Bonato
1 mês atrás

Concordo plenamente com o “bundões”. E o talvez mais bundão da turma, bom piloto e rápido mas bundão, foi o que ganhou. Mas não levou.

edson
edson
Reply to  Tales Bonato
1 mês atrás

Norris é muito mais bundão que o Russell

Paulo Leite
Paulo Leite
1 mês atrás

Humm, achei que os 1,5kg vieram do desgaste do pneu meia-vida, e do suor de George, mas agora não sei mais.
Encontrei uns números doidos sobre desgaste de borracha de pneu de carro de rua. Um cara escreveu, baseado em contas mirabolantes, que nos EUA, um carro gasta o peso dos 4 pneus na razão de 0,08 grama por km. Então, um carro de passeio precisa de quase 19 mil km pra perder 1,5kg de borracha, na rua, na chuva, na fazenda. .
Se essas contas também valem para pneus de carro de fórmula, o fominha do George engoliu quase 4 gramas de pneu por km., durante 400km, na Bélgica, país cuja estrada dizem é boa. Ou 50 vezes mais que um carro de rua. Não sei não mas parece muita discrepância
Hummm de novo, tá cheirando ruim, parece que mais uma vez colocaram pouca gasolina no tanque do coitado do George. De novo. Ou George suou demais, ou mijou nas calças.

Edward Fernandes
Edward Fernandes
Reply to  Paulo Leite
1 mês atrás

Vc está considerando a kilometragem total da prova, pode dividir esses número por 2.

Webler
Webler
Reply to  Paulo Leite
1 mês atrás

Interessante esses dados… mas no caso da F1, acho que até faz sentido essa diferença ter sido nos pneus, considerando que os pilotos, após o final da prova, passam por fora do trilho a fim de pegar a borracha para aumentar o peso… lembro de escutar nas transmissões que o ganho gira em torno de 2kg!! Então não me parece nenhum absurdo o desgaste em excesso ter feito a diferença de 1.5kg.

O crítico
O crítico
1 mês atrás

George também teve seu momento bundão na prova, quando ficou sei lá quantas voltas atrás do perezba, ainda que também segurando o boca de tilápia. Esse, inclusive, talvez tenha sido o bundão-mor da corrida, não me lembro de tê-lo visto ultrapassando nenhuma Ferrari, McLaren ou Mercedes na pista, só mesmo o seu companheiro de equipe.

Paulo F.
Paulo F.
1 mês atrás

375 g por pneu, É viável.
George deveria pegar mais detritos após a bandeirada,
Fosse a Ferrari todos achariam normal rs!

Ricardo Talarico
Ricardo Talarico
Reply to  Paulo F.
1 mês atrás

Tem razão. Só que em SPA não há volta inteira após a bandeirada.
Então, não conseguiu pegar os 375g por pneu necessários.

RS_
RS_
Reply to  Ricardo Talarico
1 mês atrás

Na minha opinião, 500m bem rodados sobre detritos seriam suficientes. Os pneus estavam derretendo de quentes e chegariam barbudos o suficiente no pit lane.

Edson
Edson
1 mês atrás

1,5 kg de pneu? Pelo visto os pneus do Russell terminaram a corrida com o arame exposto… o estranho é que para quem estava com os pneus tão gastos o desempenho dele no fim da corrida estava ótimo

Celio Ferreira
Celio Ferreira
1 mês atrás

Hamilton disse que não sabia da parada unica , de Russell ,
mas quem decidiu uma parada só foi Russell , que foi traído pela
incompetência da Mercedes .

Barreto
Barreto
1 mês atrás

Fim de semana esquisito na F1.
Sábado o mais rápido não foi pole, domingo o primeiro a receber a bandeira quadriculada não venceu e hoje um piloto numa má fase tremenda garante o lugar na equipe campeã e líder do campeonato e outro piloto de talento acaba numa equipe que só faz figuração.

Paulo F.
Paulo F.
Reply to  Barreto
1 mês atrás

Nem tudo que reluz é ouro!