SUPERTERÇA (3)
SÃO PAULO (errei feio) – E deixamos o mais importante por último. Adrian Newey deverá ser anunciado pela Aston Martin nos próximos dias. Antes do GP do Azerbaijão, certamente. Talvez até o fim desta semana. Uso o “deverá” e não “será” por cautela, embora um pouco atrasado. Há alguns meses, escrevi aqui que seu destino seria a Ferrari. Tinha minhas fontes. Ainda tenho. Aliás, recebi dela, a fonte, uma mensagem por WhatsApp hoje. “Sorry”, escreveu a figura. Respondi com um emoji mostrando a língua.
O fato é que a informação de meses atrás não se confirmou. O que não significa que era falsa. Ele ia, mesmo. Se reuniu em Londres com os dirigentes do time italiano antes do GP de Miami, no começo de maio. Estava animadinho para trabalhar com Lewis Hamilton. Acertou salários. Mas antes de colocar a assinatura no papel alguns detalhes tiveram de ser discutidos. E pede uma coisinha aqui, recebe um não dali, uma pequena restrição d’acolá, a conversa ficou congelada e o projetista foi passear de barco.
No mês seguinte, em junho, Newey recebeu um convite de Lawrence Stroll para conhecer a sede da Aston Martin. Fábrica prestes a ser inaugurada, tudo novinho, banheiro perfumado, piso brilhando, cheiro de lavanda no ar, música ambiente, passarinhos cantando, salas amplas e bem iluminadas, vaga coberta. E mais: liberdade total para trabalhar com 100% de autonomia, se quiser trazer cachorrinho ou porquinhos da índia para fazer companhia tudo bem, pode até continuar usando caderninho com capa vermelha para fazer anotações. Também serão disponibilizadas lapiseiras Pentel, compassos Staedtler, canetinhas Sylvapen e um conjunto completo de réguas, esquadros, transferidores e escalímetros, além de um estoque ilimitado de borrachas para fazer e refazer seus carros em pranchetas apoiadas sobre caveletes de jatobá.
E um caminhão de dinheiro: US$ 100 milhões por quatro anos, de 2025 até o final de 2028.
Pelo jeito, Stroll-pai convenceu o mago da F-1 a vestir o uniforme verde. Trouxe para suas fileiras o maior vencedor de corridas e campeonatos da história, último representante de uma era de projetos autorais na categoria. O currículo de Newey todos conhecem: desde a década de 90, campeão com Williams, McLaren e Red Bull. Estava havia duas décadas no time dos energéticos, mas o casamento azedou com a morte do fundador da empresa, Dietrich Mateschitz, em 2022. Ali começou na equipe uma disputa interna por poder que teve como protagonistas o antipático Christian Horner, o explosivo Jos Verstappen e o severo Helmut Marko. E o ambiente outrora saudável, jovial e divertido do time se tornou tóxico, carregado e incômodo. A gota d’água para a decisão de Newey de sair — anunciada em 1º de maio — foi o envolvimento de Horner num rumoroso e mal resolvido caso de assédio sexual cuja vítima era amiga do projetista.
A Aston Martin tem planos muito ambiciosos. Associou-se à Aramco, estatal petroleira da Arábia Saudita, fechou com a Honda para ser sua equipe de fábrica a partir de 2026, montou uma estrutura à altura — ou melhor — das principais equipes da F-1 e tem dinheiro para fazer o que bem entender. Já havia trazido no ano retrasado Dan Fallows, braço direito de Newey na Red Bull. Recentemente tirou da Ferrari Enrico Cardile, especialista em aerodinâmica. O número de funcionários na fábrica já passa de 850. Quando Stroll comprou a Force India, em 2018, eram 300. E Newey, 65 anos de idade, poderá continuar morando na Inglaterra, algo que tinha sugerido à Ferrari — recebendo muxoxos como resposta.
Quem deu primeiro a informação do acerto Newey-Aston Martin, hoje, foi o jornal inglês “Daily Mail”. E acho que não vai parar por aí. O próximo passo, podem apostar, é Max Verstappen.
Eu lamento esse desfecho um pouco em razão de torcer para o Hamilton e muito mais pq apesar de todo investimento que o Stroll pai está fazendo, eu só levarei a sério o projeto dele quando resolver cortar na carne, sim colocar um piloto melhor que o pimpolho dele, o q não é muito difícil. Tenho a impressão que tudo é feito em razão do sonho de ver o filho campeão e aí fica difícil, nem acho q o filhote seja um barbeiro, mas aspirante a campeão tem uma distância enorme, mesmo com as bruxarias do Newey.
Como diria Zagalo..” …aí sim, fomos surpreendidos……!
Adrian Newey queria poder usar suas réguas de cálculo na Ferrari, ai os caras falaram não; a Aston Martin falou: se quiser pode até fazer as contas na mão.
Obs.: o empresário do Newey é um tal de Edmund “Eddie” Jordan…
E eu se fosse o Max, iria! A Red Bull quando se perde, leva anos pra se achar novamente. E iria pro ano que vem….
Stroll-pai também fornecerá ao mago da aerodinâmica gabaritos e aranha da Trident, esquadros Desetec e canetas nanquim da Staedler. Irrecusável a proposta.
Acredito que Adrian Newey esteja olhando a Aston Martin como seu último desafio. Um nome de uma clássica montadora em uma equipe que sempre foi pequena na categoria.
Poderá vir a ser o Canto do Cisne do projetista, através de um inesperado título. Ou apenas a morte lenta de um sonho, que se perdeu pelas pistas.
Quando Lawrence Stroll resolveu comprar do indigitado Vijay Mallya a equipe Force India pensáramos todos: este aí comprou uma equipe de F1 para o filhinho correr. Quando perceber que esse brinquedo é caro pra chuchu vai simplesmente vender tudo e cair fora. Bilionários – Lawrence é um magnata do ramo da moda -, ao contrário do que toda a gente pensa, não gostam de torrar dinheiro à toa, e, no caso da F1, é muito dinheiro. Mesmo. Pois o filhote ainda está lá na equipe do pai, faz suas barbeiragens, mal pontua, às vezes consegue alguma coisinha, mas Lawrence gostou dessa coisa chamada F1 e anda investindo como poucas vezes se viu: fábrica nova e de última geração, Fernando Alonso no volante do outro carro verde, patrocínio-master saudita, Honda a partir de 2026 como fornecedora de fábrica e, agora, Adrian Newey. A ideia é dar um carro realmente vencedor para que o filhote tenha chances reais de ser campeão. É claro que não será, a não ser que essa Aston Martin by Honda e by Newey seja simplesmente um foguete inalcançalvel pelos demais. Mas – sempre há um mas… – Fernando Alonso em breve pendura as chuteiras e, como o blogueiro já disse, há um Max Verstappen soturno e infeliz lá pelos lados de Milton Keynes. Stroll pai tem o dom de convencer, parece, qualquer um a se bandear para o seu lado e o fato de colocar uma montanha de dinheiro na frente sempre ajuda.
Acho que enquanto a Aston Martin não perder a cara de playground de milionário entediado não vai ser uma equipe de ponta de forma consistente. Fico pensando o que Stroll faria diferente de Pérez com a Red Bull do ano passado?
Excelente texto Flavio ….
Putz … Lapiseira Pentel … canetinhas Sylvapen …..
Viajei ,,, Obrigado !!!!!
Pra mim o único porém foi a declaração do Alfonso de que Newey não seria a solução pra Aston Martin. O espanhol deve estar melhor informado que o Daily Mail e foi uma declaração no mínimo estranha.
Daily Mail é um tabloide. O citado jornalista tem fontes ou colocou A+B? Newey é inglês e gostaria de morar na Inglaterra, a sede da Aston Martin é na Inglaterra. Vasseur é um cara duro, Newey também é portanto não fecha a conta….
Excelente texto, Flávio. Isso mostra que, além de um bom jornalista e que escreve bem, tem ótimas fontes. Parabéns e obrigado por nos informar com os detalhes de como acontecem as coisas.
Imagino o Alonso, com 45-47 anos, disputando título. Poderia parecer ridículo, mas talvez não seja.
Seria legal, mas…há tempo? Essas coisas levam tempo. Uma coisa eu sei, vai andar mais que a malfadada Audi, disso não há dúvida.
Numa tacada só…você fez eu ir aos anos 70…com as canetinhas sylvapen e o compasso…e para os anos 80…quando fui estudar no Colégio Positivo em Curitiba…e o fino era mostrar a lapiseira pentel…0,5…0,8…sei lá…eita…bons tempos…quanto ao resto…tomara que todos eles se misturem…e Max acabe na Mercedee
E não é que o caminho de Hamilton para o título ano que vem pela Ferrari não vai se pavimentando?
O projeto da Aston Martin deve demorar a engrenar, por mais dinheiro e RH que tenham. E a Red Bull vem ladeira abaixo.
Vai acabar ficando entre Ferrari e McLaren a próxima temporada. A ver.
Seria legal demais um título ferrarista do Hamilton ano que vem, passando o histórico hepta do Schumacher com a mesma Ferrari. Vão ter que fazer força para buscar a McLaren, mas impossível não é. E torço também pro trio Aston-Newey-Verstappen em 2026 pra bagunçar a ordem de forças da F1. A ver o que acontece…
Olha, mesmo com um ótimo carro, com 40 anos acho que dificilmente o inglês baterá o Leclerc. O monegasco não é um Stroll…
Estamos todos curiosos, mesmo quem diga que não está. Mas tendo a concordar.